Pesquisa Quaest divulgada neste domingo mostra diferenças significativas de preferência política de acordo com a renda. Enquanto 39% dos entrevistados de baixa renda se dizem de esquerda – lulista ou não –, a proporção se inverte entre os mais ricos, dos quais 43% se dizem de direita, seja ou não bolsonarista.
O questionário pediu aos entrevistados que se identificassem como “lulista/petista”, “não é lulista/petista, mas mais à esquerda”, “não tem posicionamento”, “não é bolsonarista, mas mais à direita” ou “bolsonarista”. A adesão ao presidente Lula é significativamente maior entre os mais pobres, com 28%, caindo para 16% entre a classe média e 12% na classe alta – nesta faixa de renda, a proporção dos que se definem como “esquerda não lulista” é maior, com 16%. Do outro lado do espectro político, o número dos que se dizem de “direita não bolsonarista” é maior que o de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro em todas as classes sociais: 14% a 9% entre os mais pobres, 22% a 12% na classe média e 29% a 14% entre os mais ricos, respectivamente.
Já a parcela dos que não têm posicionamento político definido é parecida nos três grupos: 31% entre os mais pobres, 32% na classe média e 27% entre os mais ricos. Estes últimos se disseram mais interessados em política: 36% se dizem “mais ou menos interessados” e 20%, “muito interessados”; entre os mais pobres, 38% afirmaram não ser “nada interessados” e 26%, “pouco interessados” em política.
Defesa de estatais é comum a todas as faixas de renda
Todas as classes sociais, no entanto, compartilham algumas percepções e opiniões de forma quase idêntica: 79% dos mais pobres, e também dos mais ricos, além de 80% da classe média, disseram que o preço dos alimentos subiu no último mês. Além disso, 64% dos mais pobres afirmaram que as contas de água e luz subiram (mesma resposta dada por 66% da classe média e 64% dos mais ricos).
Além disso, a pesquisa revelou que há uma mentalidade estatizante entre os brasileiros que também independe de renda. Em todas as faixas, prevaleceu a ideia de que empresas estatais como Petrobras, Correios e Caixa Econômica Federal deveriam continuar nas mãos do governo em vez de serem privatizadas: 58% a 31% entre os mais pobres, 54% a 37% na classe média e 53% a 41% na classe alta. Quase todos os entrevistados afirmaram que “é dever do governo oferecer educação e saúde gratuitas para todos” – 98% dos entrevistados mais pobres e de classe média, e 97% dos mais ricos. A afirmação “o governo deveria ter mais empresas estatais do que tem hoje” também teve apoio substancial: entre os mais pobres, 84% concordam e 10% discordam, números que mudam apenas ligeiramente, para 77% a 17% na classe média e 69% a 26% entre os mais ricos.
As entrevistas foram feitas em 2024, com 2 mil pessoas, e a margem de erro é de dois pontos porcentuais. A classificação nas três classes de renda foi feita de acordo com o Critério Brasil 2024, usando a renda informada pelos entrevistados.