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Após o nome do atual conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Brazão surgir como possível mandante da morte da ex-vereadora Marielle Franco em delação feita pelo ex-policial Ronnie Lessa, apontado como o autor dos disparos que mataram Marielle e o motorista Anderson Gomes, a Polícia Federal (PF) estaria trabalhando com a possibilidade de haver dois mandantes. A informação é do jornal O Globo.
O veículo aponta que a delação de Ronnie Lessa pode contribuir para elucidar um eventual segundo nome envolvido no crime e que agentes do Grupo Especial de Investigações Sensíveis (Gise), que integra a PF, estariam correndo contra o tempo na busca de provas contra os dois alvos. Isso porque representantes do governo Lula, como o ainda ministro da Justiça e Segurança Pública Flávio dino, têm estimado concluir as investigações até o dia 14 de março, quando completam seis anos da morte da ex-vereadora.
Ativistas e políticos de esquerda, que há anos tentam vincular Jair Bolsonaro (PL) e pessoas do seu entorno à morte de Marielle aguardavam que a delação de Lessa apontaria para alguém próximo ao ex-presidente. O próprio presidente Lula (PT) já insinuou que Bolsonaro estaria por trás do assassinato da ex-vereadora. Após a divulgação do nome de Brazão, Bolsonaro se manifestou dizendo que "cessa a narrativa descomunal e proposital criada por grande parte da imprensa e pela militância da esquerda".
Em entrevista ao UOL News nesta quarta-feira (24), Brazão disse que “não é próximo, nem politicamente aliado” de Bolsonaro. Nesse cenário, parlamentares de esquerda passaram a descredibilizar sua indicação como suposto mandante e a pedir mais investigação do caso e provas da participação do conselheiro do TCE-RJ.
A divulgação da suposta delação de Lessa ocorreu na terça-feira (23) de forma extraoficial – seu conteúdo ainda não foi homologada pelo Poder Judiciário e não é confirmada pela Polícia Federal.
Embate entre esquerda e direita após divulgação de delação
O apontamento de Domingos Brazão como mandante do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes reacendeu o debate sobre "quem mandou matar Marielle?" entre parlamentares da esquerda e da direita.
Brazão é um ex-político do MDB que apoiou a campanha de Dilma Rousseff (PT) à presidência da República e foi preso em 2017 no âmbito da Operação Lava Jato acusado de corrupção. Entre as hipóteses para o crime contra Marielle estaria uma possível vingança de Brazão contra Marcelo Freixo (PT), atual presidente da Embratur, quando Freixo era deputado estadual pelo Psol. Após o assassinato da vereadora, o nome do conselheiro surgiu como um dos suspeitos em meio à federalização do caso Marielle em 2020 (saiba mais aqui).
O vice-presidente nacional do PT, deputado Washington Quaquá, disse não acreditar que tenha sido Brazão quem ordenou a morte da ex-vereadora do Rio de Janeiro. “Conheço o Domingos Brazão de longa data, inclusive de campanhas eleitorais nacionais onde ele esteve do nosso lado. Sinceramente, não creio que ele tenha cometido tal brutalidade. Espero que as acusações que estão lhe fazendo não sejam validadas com base apenas na delação de um assassino ligado ao bolsonarismo”, disse o petista.
Outros políticos de esquerda, como as deputadas federais Gleisi Hoffmann (PT) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ), reproduziram o discurso. Gleisi chegou a pedir “investigação sem interferências” – sem apontar quais seriam as supostas interferências que estariam prejudicando a elucidação do caso.
Já entre a direita, parlamentares têm reforçado o vínculo de Brazão com petistas. O líder da oposição na Câmara, Carlos Jordy (PL-RJ), criticou o "silêncio da esquerda" após a revelação do suposto mandante do assassinato de Marielle. "Quando não tinham prova alguma sobre o mandante do crime contra Marielle, culpavam Bolsonaro de forma escandalosa, leviana e irresponsável. Agora vemos pouquíssimos esquerdistas se manifestando sobre a delação contra o apoiador de Dilma em 2010, Domingos Brazão. Todos desanimados", disse Jordy.
"O cara que tem foto com adesivo no peito da Dilma e o vice presidente do PT diz que ele esteve em várias campanhas eleitorais juntos, não pode ser chamado de petista. Mas o Bolsonaro podia ser chamado de mandante da morte da Marielle durante anos", questionou o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG).