A Polícia Federal (PF) identificou uma movimentação financeira suspeita nas contas de um casal suspeito de hackear o celular do ministro da Justiça, Sergio Moro, e outras cinco autoridades. Segundo um relatório da PF, o suspeito Gustavo Henrique Elias Santos, um dos presos na operação Spoofing, nesta terça-feira (23), movimentou R$ 424 mil entre abril e junho do ano passado.
O valor chamou a atenção das autoridades, já que o suspeito declara uma renda de R$ 2,8 mil mensais. Já a companheira de Gustavo, Suellen Priscila de Oliveira, teria movimentado R$ 203,5 mil entre março e maio deste ano. A renda declarada dela é de R$ 2,1 mil mensais.
Com base nestas informações, o juiz Valisney Oliveira, da Justiça Federal de Brasília, autorizou no dia 19 de julho a quebra do sigilo bancário de Suellen, Gustavo e outros dois suspeitos de participação na invasão de celulares de autoridades. O juiz também autorizou o bloqueio de ativos financeiros superiores a R$ 1 mil que estejam disponíveis nas contas dos investigados.
Quem são os alvos da operação
A Polícia Federal cumpriu nesta terça-feira (24) quatro mandados de prisão e sete de busca e apreensão nas cidades de São Paulo, Araraquara e Ribeirão Preto na operação batizada de “Spoofing”. Três homens e uma mulher foram conduzidos à superintendência da PF, em Brasília, para interrogatório. Eles chegaram ao local por volta das 19 horas e saíram dentro de uma viatura da PF três horas depois.
Dois deles foram identificados como Gustavo Henrique Elias Santos, de 28 anos, preso em São Paulo, e Walter Delgatti Neto, detido em Araraquara – a polícia não confirma esses nomes. Já as identidades dos outros detidos ainda não foram reveladas.
Segundo a Folha de S. Paulo, Gustavo Santos já foi condenado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo por porte ilegal de arma. O advogado Ariovaldo Moreira, que defende Santos, disse desconhecer o envolvimento de seu cliente com atividades de hackers. Segundo o defensor, Santos trabalha como DJ. Os familiares de Elias Santos esperam que a prisão seja um erro de investigação.
Já Delgatti Neto tem um currículo criminal mais extenso, segundo apurou o site O Antagonista: ele foi preso e condenado por receptação, falsificação de documentos e porte ilegal de arma. Também é investigado por vários crimes de estelionato e foi detido em 2015 com uma carteira falsa de delegado de polícia. Além disso, é filiado ao DEM, um dos partidos que dão sustentação ao governo do presidente Jair Bolsonaro.
Quem mandou prender?
Os mandados de prisão foram autorizados pelo juiz federal Vallisney de Souza Oliveira, titular da 10ª Vara Federal de Brasília. As prisões têm caráter temporário, ou seja, são válidos cinco dias, para que os suspeitos sejam interrogados e eventuais provas, preservadas. Os mandados foram cumpridos pelo delegado da PF Luiz Flávio Zampronha, que investigou o escândalo do mensalão do PT.