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Assessores dos deputados federais Carlos Jordy (PL-RJ) e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) são alvos de buscas da Polícia Federal nesta quinta (19) por suspeita de desvio de recursos da cota parlamentar. As investigações que levaram à Operação Rent a Car apontam que eles teriam utilizado uma empresa de locação de veículos para simular contratos de prestação de serviços.
Estão sendo cumpridos seis mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos assessores nos estados do Rio de Janeiro e Tocantins e no Distrito Federal, autorizados pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A assessoria de Jordy informou à Gazeta do Povo que ainda está tomando conhecimento da operação. Já a de Sóstenes informou que ele fará uma entrevista coletiva na Câmara às 12h30. Ele, no entanto, adiantou à CNN Brasil que seu motorista é um dos alvos das buscas e negou qualquer irregularidade.
"As investigações apontam para a existência de um esquema criminoso caracterizado pela interação entre os setores público e privado, no qual agentes públicos e empresários teriam estabelecido um acordo ilícito para o desvio de recursos públicos oriundos de cotas parlamentares", disse a Polícia Federal em nota.
De acordo com as primeiras informações apuradas pelo G1 e pela GloboNews, a investigação aponta que os deputados podem ter transferido os recursos de maneira irregular através de pequenos depósitos sucessivos “sem justificativa aparente” para não serem identificados pelos órgãos de fiscalização, através de uma prática conhecida como "smurfing".
Ainda segundo a PF, são investigados crimes como peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Sóstenes afirmou, ainda, que a empresa citada pela autoridade aluga carros a ele há muitos anos, e que passou a prestar serviços também a Jordy. O parlamentar negou irregularidades e que a operação é "mais um capítulo de perseguição contra parlamentares da direita", segundo disse ao jornal O Globo.
"Podem revirar tudo, não irão achar nada", disse o deputado afirmando que ficou sabendo da operação pela imprensa.
Esta é a segunda operação da PF que mira Carlos Jordy apenas neste ano. Em meados de janeiro, ele foi alvo de uma das fases da Lesa Pátria por suspeita de ligação com os atos de 8/1 de 2023. A Procuradoria-Geral da República (PGR) apontou que ele teria orientado um manifestante sobre bloqueios em rodovias após o segundo turno da eleição de 2022 na cidade de Campos dos Goytacazes (RJ).
A PGR apontou a existência de elementos que o apontam como integrante de "ao menos o núcleo de financiadores e instigadores dos delitos antidemocráticos".
À época, Jordy afirmou não ter qualquer envolvimento com a preparação dos atos, e classificou a operação como "perseguição" por conta da disputa eleitoral. Ele disputou a prefeitura de Niterói (RJ), mas perdeu a eleição em segundo turno para Rodrigo Neves (PDT).
"Nunca incentivei, nunca financiei, não tenho relação alguma com o 8 de janeiro e com ninguém dessas pessoas que foram para os quartéis. Aí eles [policiais federais] dizem que há mensagens minhas com pessoas, que eu seria um mentor ou articulador do 8 de janeiro e de bloqueios de estrada. Mentira, eu nunca tive acesso a nenhum desses autos", afirmou.
Carlos Jordy também já foi líder da oposição na Câmara dos Deputados. Por outro lado, Sóstenes Cavalcante presidiu a Frente Parlamentar Evangélica e será o líder da bancada do PL na casa em 2025.
De acordo com o site da Câmara dos Deputados, Jordy já gastou R$ 227,9 mil da cota parlamentar neste ano, mas mantém R$ 107,1 mil não utilizados. Já Sóstentes teve um gasto maior, de R$ 467,5 mil, enquanto outros R$ 31,1 mil não foram utilizados.
"O valor mensal do benefício deve ser utilizado pelo deputado para custear despesas típicas do exercício do mandato parlamentar, como aluguel de escritório de apoio ao mandato no estado, passagens aéreas, alimentação, aluguel de carro, combustível, entre outras", explica a Câmara sobre as informações do uso da cota parlamentar.
O portal da casa legislativa aponta que cada deputado federal do Rio de Janeiro tem direito a R$ 41,5 mil ao mês da cota. "O saldo mensal não utilizado em um mês acumula-se ao longo do exercício financeiro, vedada a acumulação de um exercício financeiro para o seguinte", completa.