A Polícia Federal confirmou na noite desta quarta-feira (15) que o indigenista Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips foram assassinados. Os dois estava desaparecidos na região do Vale do Javari, no Amazonas, desde o dia 5 de junho. Em coletiva de imprensa, o superintendente da PF no Amazonas, Eduardo Alexandre Fontes, informou que os restos mortais dos dois foram encontrados após Amarildo da Costa Pereira, conhecido como "Pelado", confessar a participação nos homicídios.
Segundo o superintendente, Amarildo narrou com detalhes o crime e apontou o local onde os corpos foram enterrados. Nesta manhã, a PF levou Amarildo para a área de buscas no rio Itaquaí. A equipe de agentes e o suspeito saíram da delegacia de Atalaia do Norte (AM) e foram até o porto da cidade, principal acesso às terras indígenas do Vale do Javari. Os policiais incluíram um cão farejador na equipe de buscas.
Ao chegarem no local, foi realizada uma reconstituição do crime. Amarildo também mostrou aos policiais onde afundou a embarcação usada pela dupla. Os remanescentes humanos encontrados durante as escavações serão encaminhados nesta quinta-feira (16) para a perícia. Segundo a PF, ainda estão sendo feitas diligências e as escavações no local, que fica a 3,1 km do rio, continuam a ser feitas. "Em sendo comprovados que os remanescentes são relacionados ao Dom Phillips e ao Bruno Pereira, serão entregues à família", disse Fontes.
A PF ainda investiga a possível participação de um terceiro envolvido no desaparecimento de Bruno e Dom. “Tem duas pessoas presas atualmente, apesar de um ter negado a prática delituosa, nós temos provas em seu desfavor. E nós temos indícios da prática [do crime] por outra pessoa, que nós estamos investigando”, disse o superintendente da PF.
“Nós não descartamos a hipótese de outras pessoas estarem envolvidas. Temos muito o que fazer no inquérito para coletar seguramente provas de autoria e materialidade”, disse o delegado da Polícia Civil, Guilherme Torres.
Bruno e Dom foram vistos pela última vez na manhã de domingo (5), há 10 dias, na região da reserva indígena do Vale do Javari. Eles partiram da Comunidade São Rafael e seguiam para Atalaia do Norte. O deslocamento deveria durar cerca de duas horas, mas eles não chegaram ao destino.
Amarildo da Costa Pereira, conhecido como "Pelado", foi preso no último dia 7. Já Oseney, conhecido como “Dos Santos”, de 41 anos, foi detido nesta quarta-feira (14). Os dois tiveram as prisões temporárias estendidas para 30 dias, prorrogáveis por mais 30 dias. O processo tramita sob segredo de Justiça.
Em depoimento, Amarildo afirmou que ajudou a enterrar os corpos do jornalista e do indigenista brasileiro, que teriam sido mortos a tiros. Ele disse que não efetuou os disparos e também não ouviu os tiros. O suspeito afirmou ainda que Bruno trabalhava para combater a pesca ilegal na região e este teria sido o motivo do crime. Amarildo teria dito aos policiais que os corpos de Dom e Bruno foram queimados, esquartejados e enterrados.
Desaparecimento
Dom Phillips, que é colaborador do jornal britânico The Guardian, e Bruno Pereira, servidor licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai), foram vistos pela última vez na manhã de domingo (5), na região da reserva indígena do Vale do Javari, a segunda maior do país, com mais de 8,5 milhões de hectares.
Eles se deslocavam da comunidade ribeirinha de São Rafael para a cidade de Atalaia do Norte (AM), quando sumiram sem deixar vestígios. O indigenista denunciou que estaria sofrendo ameaças na região, informação confirmada pela PF, que abriu procedimento investigativo sobre essa denúncia. Bruno Pereira estava atuando como colaborador da União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja), uma entidade mantida pelos próprios indígenas da região.
Após a coletiva das forças de segurança que trabalham na investigação, a esposa do jornalista inglês Dom Phillips, Alessandra Sampaio, divulgou uma nota sobre o caso na noite desta quarta. "Embora ainda estejamos aguardando as confirmações definitivas, este desfecho trágico põe um fim à angústia de não saber o paradeiro de Dom e Bruno. Agora podemos levá-los para casa e nos despedir com amor", afirmou Alessandra.
Ela disse ainda que hoje inicia a jornada das famílias por justiça e agradeceu "o empenho de todos que se envolveram diretamente nas buscas, especialmente os indígenas e a Univaja". "Só teremos paz quando as medidas necessárias forem tomadas para que tragédias como esta não se repitam jamais. Presto minha absoluta solidariedade com a Beatriz e toda a família do Bruno", completou.
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