PF apontou que despesas de Bolsonaro nos EUA foram custeadas com dinheiro obtido no suposto esquema de venda de joias e presentes oficiais.| Foto: EFE/André Borges.
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A Polícia Federal afirmou, em relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), que as despesas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante sua estadia nos Estados Unidos foram custeadas com dinheiro obtido no suposto esquema de venda de joias e presentes oficiais.

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A PF estimou o valor dos itens desviados em R$ 6,8 milhões, contudo, isso não significa que todo esse montante tenha ido para Bolsonaro.

“Portanto, o valor parcial dos presentes entregues por autoridades estrangeiras ao então presidente da República Jair Bolsonaro, ou por agentes públicos a seu serviço, que foram objeto da atuação da associação criminosa, com a finalidade propiciar o enriquecimento ilícito do ex-presidente, mediante o desvio dos referidos bens ao seu patrimônio pessoal, somou o montante de US$ 1.227.725,12 ou R$ 6.826.151,66”, diz o documento assinado pelo delegado Fábio Alvarez Shor.

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O relatório final da investigação foi protocolado na última sexta-feira (5) no STF. A PF concluiu que Bolsonaro cometeu três crimes: peculato, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Além dele, outras 11 pessoas foram indiciadas. O ex-mandatário sempre negou qualquer irregularidade.

Valor estimado das peças foi corrigido pela PF

Nesta segunda (9), o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo, retirou o sigilo do parecer da PF. Moraes abriu prazo de 15 dias para a manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre o caso.

Um trecho do relatório final afirmava que a “atuação ilícita teve a finalidade de desviar bens, cujo valor mercadológico somam o montante de US$ 4.550.015,06 ou R$ 25.298.083,73”. No entanto, a Polícia Federal informou, nesta segunda (8), que o montante correto estimado é de US$ 1.227.725,12 ou R$ 6.826.151,66, como registrado em outros trechos do documento.

De acordo com a Polícia Federal, o valor estimado dos itens “não considera os bens ainda pendentes de perícia, além das esculturas douradas de um barco e uma árvore e o relógio Patek Philippe, que foram desviadas do acervo público brasileiro e ainda não foram recuperadas”.

PF diz que dinheiro foi usado para despesas da família Bolsonaro nos EUA

Os investigadores afirmam que os valores oriundos da venda ilegal das peças eram “convertidos em dinheiro em espécie e ingressavam no patrimônio pessoal do ex-presidente da República”. Após essa operação, segundo a PF, o dinheiro seria usado para pagar as despesas de Bolsonaro e de sua família nos Estados Unidos.

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Bolsonaro deixou o Brasil após perder a eleição para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O ex-presidente ficou nos Estados Unidos entre os dias 30 de dezembro de 2022 e 30 de março de 2023.

“Tal fato indica a possibilidade de que os proventos obtidos por meio da venda ilícita das joias desviadas do acervo público brasileiro, que, após os atos de lavagem especificados, retornaram, em espécie, para o patrimônio do ex-presidente, possam ter sido utilizados para custear as despesas em dólar de Jair Bolsonaro e sua família, enquanto permaneceram em solo norte-americano”, diz o relatório final.

“A utilização de dinheiro em espécie para pagamento de despesas cotidianas é uma das formas mais usuais para reintegrar o ‘dinheiro sujo’ à economia formal, com aparência lícita”, apontou a PF. Os investigadores analisaram as movimentações financeiras de Bolsonaro no Brasil e nos Estados Unidos. 

Os investigadores apontaram ainda que o grupo utilizou a estrutura do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH) para “legalizar” a incorporação dos bens de alto valor, presenteados por autoridades estrangeiras, ao acervo privado do ex-presidente.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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