Juscelino Filho é suspeito de desviar R$ 10 milhões para região em que tem propriedades no MA.| Foto: André Borges/EFE
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A Polícia Federal indiciou nesta quarta (12) o ministro Juscelino Filho (União-MA), das Comunicações, por suposta participação em um esquema de desvios de emendas parlamentares para beneficiar áreas onde possui propriedades no Maranhão.

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Os desvios, segundo as investigações, teriam sido feitos através da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). Juscelino é suspeito de crimes como corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

De acordo com a apuração, Juscelino Filho destinou R$ 10 milhões em emendas para beneficiar a própria fazenda no estado, envolvendo a recuperação e pavimentação de estradas na cidade de Vitorino Freire (MA). O município é sua base eleitoral e tem a irmã, Luanna Rezende (União-MA), como prefeita.

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As conclusões foram enviadas ao Supremo Tribunal Federal (STF) na terça (11) e tem o ministro Flávio Dino, ex-titular da pasta da Justiça e Segurança Pública no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como relator. O documento será encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR), que decidirá se apresenta denúncia, arquiva o caso ou solicita novas diligências à PF.

Ministro diz que indiciamento é “ação política”

Em nota à Gazeta do Povo, o ministro afirmou que a investigação “concentrou-se em criar uma narrativa de culpabilidade perante a opinião pública, com vazamentos seletivos, sem considerar os fatos objetivos”. Ele considerou o indiciamento uma “ação política e previsível”, alegando que a apuração distorceu premissas e ignorou fatos, sem ouvir sua defesa adequadamente.

Juscelino prestou depoimento à PF em maio e defendeu a regularidade da destinação de emendas, criticando a condução do depoimento por um delegado da corporação. Ele comparou o método de investigação ao da Operação Lava Jato, que, segundo ele, resultou em “danos irreparáveis a pessoas inocentes”.

“Durante o meu depoimento, o delegado responsável não fez questionamentos relevantes sobre o objeto da investigação. Além disso, o encerrou abruptamente após apenas 15 minutos, sem dar espaço para esclarecimentos ou aprofundamento”, disse.

O ministro afirmou que o indiciamento não implica em culpa e que a Justiça “é a única instância competente para julgar, e confio plenamente na imparcialidade do Poder Judiciário”. “Minha inocência será comprovada ao final desse processo, e espero que o amplo direito de defesa e a presunção de inocência sejam respeitados”, completou.

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Em setembro de 2023, o então relator da investigação, ministro Luís Roberto Barroso, bloqueou R$ 835 mil de Juscelino e afastou Luanna do cargo. Dias depois, Barroso autorizou a volta dela ao cargo.

Já em abril deste ano, um relatório parcial da Controladoria-Geral da União (CGU) apontou o benefício do ministro com a obra em Vitorino Freire. O parecer reforçou a suspeita da Polícia Federal.

Veja abaixo a nota enviada pela assessoria do ministro à reportagem:

A investigação, que deveria ser um instrumento para descobrir a verdade, parece ter se desviado de seu propósito original. Em vez disso, concentrou-se em criar uma narrativa de culpabilidade perante a opinião pública, com vazamentos seletivos, sem considerar os fatos objetivos.

O indiciamento é uma ação política e previsível, que parte de uma apuração que distorceu premissas, ignorou fatos e sequer ouviu a defesa sobre o escopo do inquérito.

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É importante deixar claro que não há nada, absolutamente nada, que envolve minha atuação no Ministério das Comunicações, pautada sempre pela transparência, pela ética e defesa do interesse público.

Trata-se de um inquérito que devassou a minha vida e dos meus familiares, sem encontrar nada. A investigação revira fatos antigos e que sequer são de minha responsabilidade enquanto parlamentar.

No exercício do cargo como deputado federal, apenas indiquei emendas parlamentares para custear obras. A licitação, realização e fiscalização dessas obras são de responsabilidade do Poder Executivo e dos demais órgãos competentes.

Durante o meu depoimento, o delegado responsável não fez questionamentos relevantes sobre o objeto da investigação. Além disso, o encerrou abruptamente após apenas 15 minutos, sem dar espaço para esclarecimentos ou aprofundamento.

Isso suscita dúvidas sobre sua isenção, repetindo um modus operandi que já vimos na Operação Lava-Jato e que causou danos irreparáveis a pessoas inocentes.

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É importante lembrar que o indiciamento não implica em culpa. A Justiça é a única instância competente para julgar, e confio plenamente na imparcialidade do Poder Judiciário. Minha inocência será comprovada ao final desse processo, e espero que o amplo direito de defesa e a presunção de inocência sejam respeitados.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]