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O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) foi intimado pela Polícia Federal para prestar depoimento sobre a investigação do suposto esquema de espionagem ilegal de autoridades na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) quando ele era diretor-geral, em parte do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Ramagem disse nesta quarta (31) que recebeu a intimação para falar no final do mês, mas sem detalhar em qual dia e cidade que vai prestar depoimento. A confirmação foi dada logo após uma reunião que teve com o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), em que tratou de “questões parlamentares”.
“Fui finalmente intimado para o final de fevereiro. No mandado de busca eu não tive intimação, eu perguntei. Até [falei]: vamos ao interrogatório. 'Não, não tem intimação, vai ser posterior'. Diferente do que a imprensa noticiou. Só fui intimado agora”, disse a jornalistas na saída do Congresso.
Ramagem foi alvo da primeira fase da Operação Vigilância Aproximada, da Polícia Federal, na semana passada, com o cumprimento de mandados no gabinete dele na Câmara dos Deputados e no apartamento funcional que ocupa em Brasília. Ele classificou a ação como uma "salada de narrativas para assassinato de reputação".
Diante das ações da Polícia Federal, a oposição tem pressionado Pacheco por uma resposta mais incisiva contra operações de busca e apreensão em gabinetes parlamentares. Um grupo de senadores, incluindo Rogério Marinho (PL-RN), Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Hamilton Mourão (Republicanos-RS) e Tereza Cristina (PP-MS), solicitou uma posição mais firme do senador como presidente do Congresso, e defendeu o fim do foro privilegiado.
“Não se entende uma democracia onde a inviolabilidade do mandato e as suas respectivas atuações pelos seus atos e palavras estão em risco”, disse Marinho.
Flávio Bolsonaro, filho mais velho do ex-presidente Bolsonaro, criticou a atuação da Polícia Federal e afirmou que nunca recebeu relatórios da Abin. Ele argumentou que a PF “cai no ridículo” ao investigar situações como o suposto incidente em que o ex-presidente teria importunado uma baleia durante um passeio de jet ski.
“Não existe Abin paralela para favorecer Bolsonaro. Ponto final nisso. Se alguém na Abin fazia alguma coisa de errado, investigava ilegalmente autoridades, eles têm que ser apurados, produzir provas contra eles, e que eles respondam com base na lei. Para favorecer Flávio Bolsonaro, zero”, concluiu Flávio Bolsonaro após a reunião com Pacheco.
Os senadores também criticam a condução dos inquéritos por parte do ministro Alexandre de Moraes. "Esse ministro tem dado declarações fora dos autos que nos preocupam muito, porque fere a lei da Magistratura, que impede que juízes possam emitir opiniões e pré-julgar ações que estão responsabilizados", declarou Marinho.