Duas pessoas ligadas ao magistrado são alvos de mandados de busca e apreensão por suspeita de venda de sentenças.| Foto: divulgação/CNJ
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A Polícia Federal cumpre mandados de busca e apreensão em Cuiabá, nesta sexta (20), contra um desembargador do estado do Mato Grosso por suspeita de participação em mais um esquema de venda de sentenças. A ação faz parte da segunda fase da Operação Sisamnes, desencadeada no mês passado que mirou outros dois magistrados do tribunal.

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O nome do magistrado não foi divulgado e nem os locais onde os mandados são cumpridos, mas apuração da TV Globo aponta que se trata de João Ferreira Filho, que já foi alvo da primeira fase da operação. As buscas foram autorizadas pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF).

As primeiras informações apontam que duas pessoas ligadas ao desembargador estão na mira da operação por suspeita de lavagem de dinheiro. A Gazeta do Povo procurou o Tribunal de Justiça do Mato Grosso (TJMT) e aguarda retorno.

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"Segundo as investigações, foram detectadas sucessivas operações imobiliárias suspeitas promovidas pelos investigados, com aparente propósito de dissimular a origem ilícita do dinheiro utilizado para financiar a compra de imóveis residenciais e de veículos", disse a PF em nota.

Além dos mandados de busca e apreensão -- entre eles o recolhimento dos passaportes dos investigados -- Zanin também determinou o afastamento das funções públicas de servidores do tribunal, proibição de contato entre eles e de saída do país.

Também foi determinado o bloqueio de R$ 1,8 bilhão dos investigados e o sequestro de imóveis adquiridos pelo desembargador.

Esta é a segunda operação da PF no Judiciário do Mato Grosso em menos de dois meses por suspeita de venda de sentenças. Em meados de novembro, dois desembargadores do estado foram alvos de mandados de busca e apreensão, também autorizados por Zanin, após terem sido afastados das atividades pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Além de venda de sentenças judiciais, eles também são suspeitos de vazarem informações sigilosas. O esquema, disse a PF na época, era operado por advogados, lobistas, empresários, assessores, chefes de gabinete e os próprios magistrados.

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“Os investigados solicitavam valores para beneficiar partes em processos judiciais, por meio de decisões favoráveis aos seus interesses. Também são investigadas negociações relacionadas ao vazamento de informações sigilosas, incluindo detalhes de operações policiais”, disse a PF naquele dia.

À Gazeta do Povo, o Tribunal de Justiça do Mato Grosso (TJMT) disse que colabora com as investigações e que se coloca à disposição para fornecer informações. “O Poder Judiciário enfatiza que cumpre integralmente as determinações do Supremo Tribunal Federal e adota as medidas cabíveis para assegurar o esclarecimento dos fatos”, completou.

Um mês antes, outros cinco desembargadores foram alvos de uma operação da PF também por suspeita de venda de sentenças no estado vizinho do Mato Grosso do Sul – incluindo o presidente Sergio Fernandes Martins. Além dos magistrados, a autoridade também mirou advogados, servidores e empresários suspeitos de se beneficiarem do esquema.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]