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Operação contra Bolsonaro

Bolsonaro e aliados são alvos de operação da PF por suposta tentativa de golpe

Bolsonaro e Braga Netto
Entre os aliados alvos da operação está o ex-ministro Walter Braga Netto, candidato a vice-presidente de Bolsonaro em 2022. (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

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Apuração em andamento

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados são alvos da Operação Tempus Veritatis, desencadeada pela Polícia Federal na manhã desta quinta (8) no âmbito das investigações da suposta tentativa de golpe de Estado e que levou aos atos de 8 de janeiro de 2023. Ao todo, são cumpridos 37 mandados de prisão, busca e apreensão em nove estados e no Distrito Federal.

Bolsonaro é alvo da operação com o cumprimento de medidas cautelares, como a entrega do passaporte às autoridades em até 24 horas. O ex-presidente ainda não se pronunciou, mas o advogado dele, Fábio Wajngarten, afirmou que o documento será entregue à autoridade.

Disse, ainda, que Bolsonaro determinou que seu auxiliar direto, que também é alvo da operação e que estava em Mambucaba (Angra dos Reis, RJ), retorne para sua casa em Brasília atendendo a ordem de não manter contato com os demais investigados.

A ação da PF ocorre um dia depois de Bolsonaro realizar um evento na cidade de São Sebastião (SP), em que disse que "o atual mandatário [Lula] quer censurar as redes sociais [...] eu só estou aqui com vocês graças às redes sociais".

Entre os aliados do ex-presidente alvos da PF estão os ex-ministros Walter Braga Netto (Casa Civil), Augusto Heleno (GSI), Anderson Torres (Justiça) e Paulo Sérgio Nogueira (Defesa), o ex-ajudante de ordens Marcelo Câmara, os ex-assessores Filipe Martins e Tercio Arnaud Thomaz, entre outros.

O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, também está na mira da PF. A sede nacional do partido foi alvo de busca e apreensão e ele foi detido por posse irregular de arma de fogo.

Há, ainda, mais militares alvos da operação, como o almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante-geral da Marinha que se recusou a participar da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT); o general Estevan Teóphilo Gaspar de Oliveira, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército; e o coronel reformado do Exército, Ailton Barros.

Garnier afirmou que foi acordado pela PF às 6h15 e que "levaram meu telefone e papéis de projetos que venho buscando atuar na iniciativa privada. Peço a todos que orem pelo Brasil e por mim".

Veja abaixo quem são alguns dos alvos da operação desta quinta (8):

General Augusto Heleno

1 de 7

General Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

Valdemar Costa Neto

2 de 7

Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL.

Filipe Martins

3 de 7

Filipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro.

Walter Braga Netto

4 de 7

General Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil.

Anderson Torres

5 de 7

Anderson Torres, ex-ministro da Justiça.

Paulo Sério Nogueira

6 de 7

General Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa.

Jair Bolsonaro

7 de 7

Jair Bolsonaro (PL), ex-presidente.

A PF também mira membros das Forças Especiais do Exército conhecidos como "kids pretos", que teriam participado da invasão das sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro de 2023.

As primeiras informações apontam que Câmara e Martins foram presos pela PF na operação, junto dos militares da ativa coronel Romão Correa Neto e major Rafael Martins de Oliveira.

Câmara é coronel do Exército e foi citado no inquérito que apura os presentes recebidos pelo ex-presidente que teriam sido levados aos Estados Unidos no final do mandato dele, em 2022. Já Martins foi assessor para assuntos internacionais de Bolsonaro.

À Gazeta do Povo, o Exército informou que acompanha a operação deflagrada pela Polícia Federal "prestando todas as informações necessárias às investigações conduzidas por aquele órgão".

A PF afirma, em nota, que a operação desta quinta (8) busca "apurar organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, para obter vantagem de natureza política com a manutenção do então presidente da República [Bolsonaro] no poder".

Ao todo, são 33 mandados de busca e apreensão, quatro de prisão preventiva e 48 medidas cautelares autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e são cumpridos nos estados do Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e no Distrito Federal.

Entre as medidas cautelares, estão a proibição de manter contato com os demais investigados e a proibição de saírem do país, com a entrega dos passaportes no prazo de 24 horas e suspensão do exercício de funções públicas.

Informações preliminares apontam que os alvos da operação desta quinta (8) foram determinados a partir da delação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, preso em maio do ano passado durante a investigação da inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 no cartão de vacinação do ex-presidente.

O subprocurador-geral da República, Carlos Frederico Santos, chegou a afirmar no ano passado que a delação de Cid era "fraca" e não trazias provas concretas contra o ex-presidente. "O que foi falado não tinha essas coisas todas. Tem anexo sobre golpe, tem anexo sobre joias, tem anexo sobre vacina, tem anexo sobre gabinete do ódio, milícias digitais", disse.

O presidente Lula afirmou esperar que "não ocorra nenhum excesso e seja aplicado o rigor da lei. Sabemos dos ataques à democracia. Precisamos saber quem financiou os acampamentos. Vamos esperar as investigações", disse em entrevista à rádio Itatiaia, de Belo Horizonte, onde cumpre agenda nesta quinta (8).

Grupo atuava em núcleos para questionar eleições

As apurações da Polícia Federal apontam que o grupo investigado se dividiu em núcleos de atuação para "disseminar a ocorrência de fraude nas Eleições Presidenciais de 2022", antes mesmo da realização do pleito, de modo a "viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital".

Os núcleos, diz a PF, se dividiam em dois eixos de atuação, sendo o primeiro na "construção e propagação da versão de fraude nas eleições de 2022, por meio da disseminação falaciosa de vulnerabilidades do sistema eletrônico de votação".

Este, de acordo com a PF, era um discurso reiterado pelos investigados desde 2019 e que persistiu mesmo após os resultados do segundo turno do pleito em 2022.

Já o segundo eixo atuava na prática de "atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito, através de um golpe de Estado, com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensível".

De acordo com a Polícia Federal, o Exército acompanha o cumprimento de alguns dos mandados contra militares, como Braga Netto e Heleno.

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