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A Polícia Federal prendeu nesta terça-feira (31) o miliciano Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, que seria o alvo dos traficantes que executaram, por engano, três médicos em um quiosque, na Barra da Tijuca, no início deste mês. O médico Perseu Ribeiro Almeida, que morreu na hora durante o ataque, era fisicamente parecido com o miliciano. Segundo a principal linha de investigação, os médicos foram baleados por engano e o crime pode ter sido motivado por vingança de um grupo rival contra o miliciano e o pai dele.
Taillon costumava frequentar a mesma região onde o crime aconteceu. Além dele, outras três pessoas foram detidas nesta tarde pela PF, entre ele o pai de Tailon suspeito de chefiar a milícia na região, Dalmir Barbosa. Em nota, a PF confirmou “a prisão de dois milicianos – pai e filho – suspeitos de comandar a milícia de Rio das Pedras”. A corporação informou que também foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão nas residências dos dois.
“Um dos alvos foi preso na Avenida Abelardo Bueno, no momento em que saía de um prédio comercial acompanhado de três homens armados que faziam a sua segurança: dois policiais militares da ativa e um militar do Exército, também da ativa. Os três foram presos em flagrante”, disse a PF. A operação foi conduzida por policiais federais em conjunto com o Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ).
O secretário executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, parabenizou a PF pela operação. "Líder de milícia. Foi condenado a 8 anos e 4 meses. Com 2 anos e 3 meses já estava em casa. O médico foi confundido com ele. Parabéns à Polícia Federal. Investigação conduzida com inteligência e planejamento, nenhum tiro, nenhum efeito colateral", disse Cappelli na rede social X.
Miliciano recebeu liberdade condicional dias antes do ataque aos médicos
Em dezembro de 2020, a 1ª Vara Criminal Especializada decretou a prisão preventiva de nove integrantes de uma milícia que atua em Rio das Pedras, na Muzema e outros locais da Zona Oeste do Rio, entre eles Tailon. Ele foi apontado como um dos principais líderes do grupo e condenado a 8 anos e 5 meses de prisão.
Em março deste ano, ele foi para prisão domiciliar e passou para liberdade condicional dez dias antes do crime contra o grupo de médicos. A decisão foi assinada pelo juiz Cariel Bezerra Patriota, que determinou medidas cautelares como a necessidade de comparecer ao juízo a cada três meses para comprovar suas atividades e voltar para casa até às 23h, onde deve permanecer durante toda a noite.
Segundo a Justiça, a organização criminosa seria responsável pela exploração do transporte alternativo de vans e mototáxi, dos serviços básicos, como água, gás e TV a cabo, cobrança extorsiva de "taxas de segurança" a comerciantes e moradores, invasão e grilagem de terras, construção imobiliária clandestina, além de agressões, ameaças e homicídios na região.
No ataque ao quiosque na Barra, além de Perseu, os médicos Diego Ralf Bomfim, irmão da deputada federal Sâmia Bonfim (Psol-SP), e Marcos de Andrade Corsato morreram. O médico Daniel Sonnewend Proença, que também foi baleado na ação, segue em recuperação. O Rio de Janeiro enfrentou nas últimas semanas uma escalada na violência causada por milícias.
No último dia 23, por exemplo, ao menos 35 ônibus foram queimados, além de carros e pneus, que fecharam diversas vias na Zona Oeste. A ação dos criminosos teria sido motivada pela morte do sobrinho de um miliciano.
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