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Ex-chefe da Polícia Civil entre os presos

PF prende três suspeitos de mandar matar Marielle Franco

Vereadora Marielle Franco foi assassinada em 2018 (Foto: Renan Olaz/CMRJ)

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A Polícia Federal deflagrou na manhã deste domingo (24/3) a Operação Murder Inc., que prendeu três suspeitos de serem mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco, que era do PSOL-RJ. O crime aconteceu em março de 2018.

Os presos são o deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ), o irmão dele, Domingos Brazão, que é conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa. Os nomes dos alvos foram confirmados pelo STF em uma nota publicada no início da tarde.

O Supremo também informou que a decisão de Alexandre de Moraes passará por um referendo em sessão virtual da Primeira Turma da corte. A sessão será realizada nesta segunda-feira (25), de 0h às 23h59.

O portal UOL apurou que os irmãos Brazão foram presos por suspeita de serem "autores intelectuais dos crimes de homicídio". Já Rivaldo, segundo o mesmo portal, foi detido por suspeita de obstrução de justiça.

Segundo a PF, além dos três mandados de prisão preventiva, estão sendo cumpridos 12 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal, todos na cidade do Rio de Janeiro-RJ.

A ação deste domingo conta ainda com o apoio da Secretaria de Estado de Polícia Civil do Rio de Janeiro e da Secretaria Nacional de Políticas Penais, do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

De acordo com apuração do portal G1, a operação foi deflagrada neste domingo para surpreender os alvos. Isso porque informações da inteligência da Polícia indicavam que eles estariam em alerta desde que o Supremo Tribunal Federal homologou a delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa, preso desde 2019 e acusado de ser um dos executores do crime.

A operação deste domingo tem como base as declarações de Lessa no acordo de colaboração. O ex-PM teria apontado quem foram os mandantes do assassinato e também indicado a motivação do crime.

Ex-chefe da Polícia Civil recebeu a família de Marielle

A prisão de Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil, chama a atenção. Ele havia assumido o cargo de diretor da instituição um dia antes do crime, em 13 de março de 2018.

Neste domingo, em uma publicação no X, o atual presidente da Embratur e ex-deputado federal, Marcelo Freixo, que sempre foi muito próximo de Marielle, ressaltou que Rivaldo chegou a receber os familiares da vereadora.

“Foi para Rivaldo Barbosa que liguei quando soube do assassinato da Marielle e do Anderson e me dirigia ao local do crime. Ele era chefe da Polícia Civil e recebeu as famílias no dia seguinte junto comigo. Agora Rivaldo está preso por ter atuado para proteger os mandantes do crime, impedindo que as investigações avançassem. Isso diz muito sobre o Rio de Janeiro.”, escreveu Freixo.

Em entrevista à Globo News na manhã deste domingo, a mãe de Marielle Franco, Marinete Silva, ressaltou que a maior surpresa foi com a prisão de Rivaldo, já que ele tinha uma relação de confiança com a família.

A viúva de Marielle, Mônica Benício, que é vereadora pelo PSOL no Rio de Janeiro, também falou sobre a surpresa com o envolvimento do ex-chefe da Polícia Civil no caso.

Em entrevista a jornalistas que estavam na frente da sede da Polícia Federal no Rio, Mônica lembrou o fato de a família ter sido recebida por Rivaldo Barbosa dias depois do assassinato.

"Se por um lado o nome da família Brazão não nos surpreende tanto, o nome de Rivaldo Barbosa sem dúvida nenhuma, pra nós, foi uma grande surpresa. Em especial considerando que ele foi a primeira autoridade que recebeu a família no dia seguinte, dizendo que seria uma prioridade da Polícia Civil a elucidação desse caso", disse ela, bastante emocionada.

"A Polícia Civil não foi só negligente. Não foi só por uma falha que chegamos a seis anos de dor. Mas, em especial, também por ter sido conivente com todo esse tempo de não elucidação do caso", completou.

Irmãos Brazão

Nos últimos dias, aumentaram as especulações sobre o suposto envolvimento dos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão com o caso. Especialmente depois que o caso foi parar no Supremo Tribunal Federal, por envolvimento de uma autoridade com foro privilegiado.

Os dois são políticos com longa trajetória no estado do Rio de Janeiro. Historicamente a família tem reduto eleitoral em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, região conhecida pela atuação de milícias.

O portal G1 lembra que Domingos foi eleito a um cargo público pela primeira vez no ano de 1996, quando assumiu uma cadeira na Câmara de Vereadores do Rio. Depois, foi deputado estadual entre 1999 e 2015, ano em que foi eleito na Assembleia fluminense para ocupar o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas.

Já o irmão dele, deputado federal João Francisco Inácio Brazão (União Brasil), o Chiquinho Brazão, tem 62 anos e foi vereador na Câmara do Rio de Janeiro por 12 anos. Ele estava no cargo inclusive durante os 2 primeiros anos de mandato de Marielle, entre 2016 e março de 2018, quando foi assassinada.

Chiquinho chegou à Câmara Federal em 2018, eleito pelo Avante. Ele foi reeleito em 2022, já no União Brasil.

Presos serão levados para Brasília

Em nota publicada no início da tarde, o Supremo Tribunal Federal confirmou que os três presos na operação deste domingo passaram por audiências de custódia conduzidas pelo magistrado instrutor do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, o desembargador Airton Vieira.

Na audiência, as prisões foram mantidas. Agora os três serão transferidos para um presídio federal, no Distrito Federal.

O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, irá conceder entrevista coletiva no início da tarde para falar sobre o assunto.

Motivação do crime

Segundo o portal G1, os investigadores da Polícia Federal ainda trabalham na apuração dos motivos do assassinato de Marielle Franco.

Até o momento, a informação seria que o crime estaria ligado à expansão territorial da milícia no Rio de Janeiro.

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