Gabinete do premiê de Israel afirmou que o serviço secreto do país auxiliou nas investigações, o que foi rebatido por Flávio Dino.| Foto: divulgação/PF
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A Polícia Federal brasileira manifestou repúdio sobre o comentário feito pelo gabinete do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, sobre a ajuda que teria recebido da Mossad, o serviço secreto israelense, para prender dois suspeitos de ligação com o grupo extremista libanês Hezbollah, na última quarta (8).

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Em uma nota dura publicada na tarde de quinta (9), a PF afirmou que se utiliza da cooperação internacional “como instrumento para combater de maneira eficaz a criminalidade organizada transnacional e para preservar a segurança interna”. E que todas as suas ações são baseadas em critérios técnicos previstos na Constituição de 1988 e nas leis brasileiras.

“Não cabe à PF analisar temas de política externa. Contudo, manifestações dessa natureza violam as boas práticas da cooperação internacional e podem trazer prejuízos a futuras ações nesse sentido”, ressaltou a corporação (veja na íntegra).

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A autoridade afirmou que as investigações ainda estão em andamento e que “não permite, no momento, tecer afirmações conclusivas”.

A fala é semelhante à do ministro Flávio Dino, da Justiça e Segurança Pública, que também se mostrou desconfortável com as declarações do gabinete israelense, e pontuou que todos os trâmites do inquérito serão submetidos ao Poder Judiciário brasileiro.

“O qual, havendo elementos, dará andamento ao devido processo legal, de acordo com a legislação brasileira, sendo garantida a ampla defesa e o contraditório, com base em eventuais elementos de prova colhidos”, continuou a PF na nota.

A PF diz ainda que “cabe exclusivamente às instituições brasileiras definir os encaminhamentos e conclusões sobre fatos investigados em território nacional. Não se pode antecipar conclusões sobre os resultados da investigação, que segue seu rito de acordo com a lei brasileira”.

Além de mencionar a insatisfação durante uma entrevista coletiva durante a tarde, Dino postou uma longa nota pela manhã rebatendo informações de que a Mossad teria controlado a PF na investigação da operação que levou à prisão dos dois suspeitos de ligação com o Hezbollah para a realização de atos terroristas contra a comunidade judaica brasileira.

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“Nenhuma força estrangeira manda na Polícia Federal do Brasil. E nenhum representante de governo estrangeiro pode pretender antecipar resultado de investigação conduzida pela Polícia Federal, ainda em andamento”, disse.

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Ele ressaltou que as investigações já estavam em andamento antes mesmo do início do conflito, em que a Polícia Federal está atenta à movimentação de pessoas suspeitas de terrorismo no país.

A Operação Trapiche, desencadeada pela PF na quarta (8), prendeu dois brasileiros suspeitos de terem sido aliciados pelo grupo terrorista Hezbollah, que tem se oposto a Israel no conflito contra o Hamas. As investigações apontam que eles estariam planejando ataques contra edifícios da comunidade judaica no Brasil, principalmente sinagogas.

Um dos alvos dos mandados de busca e apreensão admitiu à PF que foi recrutado pelo Hezbollah para praticar os atos, e já havia levantado informações de locais para os ataques.

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Outras duas pessoas com dupla nacionalidade são investigadas no Líbano pela Interpol a pedido das autoridades brasileiras.

A Confederação Israelita do Brasil (Conib) afirmou que a prisão dos suspeitos de ligação com o Hezbollah gerou "enorme preocupação", e que o "terrorismo, em todas as suas vertentes, deve ser combatido e repudiado por toda a sociedade brasileira".

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