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A Polícia Federal cumpre, nesta quarta (21), 22 mandados contra suspeitos de invadirem o Siafi, o sistema de pagamentos do governo federal, entre os meses de março e abril deste ano. A operação Gold Digger é realizada nos estados de Minas Gerais, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e Distrito Federal, cumprindo três mandados de prisão temporária e 19 de busca e apreensão.
De acordo com as investigações, o grupo teria desviado aproximadamente R$ 15 milhões após acessos indevidos ao Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi). “Havendo ainda a detecção de tentativas de desvio de mais de R$ 50 milhões”, completou a PF.
Pelo menos duas pessoas já foram presas nesta manhã em Belo Horizonte e no estado do Rio de Janeiro, segundo informou a PF à Gazeta do Povo. A autoridade ainda busca o terceiro suspeito alvo do mandado de prisão temporária.
As investigações apontam que o grupo utilizava técnicas avançadas de invasão cibernética, incluindo o envio de mensagens de SMS com links fraudulentos (técnica conhecida como phishing) e emissão fraudulenta de certificados digitais para obter acesso a contas e autorizar pagamentos indevidos.
“Além disso, para poder receber os valores desviados, o grupo criminoso também se utilizava de contas de intermediários, conhecidos como ‘laranjas’, que eram posteriormente ocultados através de instituições de pagamento e exchanges, empresas que atuam como corretoras de criptoativos”, pontuou a autoridade.
Segundo a PF, os investigados poderão responder pelos crimes de invasão de dispositivo informático, furto qualificado mediante fraude, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
“A Polícia Federal reafirma seu compromisso com a proteção do patrimônio público e o combate a crimes cibernéticos, mantendo-se dedicada à identificação de todos os envolvidos e à recuperação dos valores desviados. As investigações continuarão até a completa desarticulação da organização criminosa e a responsabilização de seus integrantes”, completou a autoridade.
A PF informou que o nome da operação, Gold Digger, faz alusão ao termo em inglês “escavador de ouro” ou “minerador”, que, diz, reflete “o caráter meticuloso e persistente das violações na extração ilícita de grandes quantias de dinheiro público”.
Entenda a invasão ao Siafi
O Siafi é usado para executar, processar e fazer o controle financeiro, patrimonial e contábil do governo federal. Na época, o Tesouro Nacional afirmou que houve uma "utilização indevida de credenciais obtidas de modo irregular", mas sem causar prejuízos à integridade do sistema.
"O Tesouro Nacional trabalha em colaboração com as autoridades competentes para a condução das investigações; e reitera seu compromisso com a transparência, a segurança dos sistemas governamentais e a preservação do adequado zelo das informações, até o término das apurações", concluiu o órgão em nota.
Após a revelação da invasão do sistema, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) negou a relação do episódio com "ataque hacker". Segundo o ministro, a invasão foi realizada por alguém que já tinha acesso a plataforma.