PF investiga quem seguiu postando no X: foco será no discurso de ódio, fake news e desinformação.| Foto: EFE/EPA/CRISTOBAL HERRERA-ULASHKEVICH
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A Procuradoria-Geral da República (PGR) recomendou que a Polícia Federal (PF) priorize postagens com "discurso de ódio" e "maliciosas inverdades" na investigação sobre quem usou o X após o bloqueio determinado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Apesar do enfoque, todos os usuários que usaram o X durante o período de bloqueio estão sujeitos a investigações.

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Segundo fontes ligadas à investigação, em trecho do documento que pede a identificação de usuários do X que desafiaram a ordem de Moraes, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, indica foco na apuração de publicações de "materiais repulsivos à liberdade de expressão, ao regime democrático e à dignidade das pessoas, sobretudo no período eleitoral". Ele também afirma no documento que a apuração representa uma oportunidade para a PF realizar um monitoramento "desses casos extremados".

A indicação é para que o usuário seja notificado e, na manutenção das postagens, haja a aplicação de multa diária de R$ 50 mil. Caberá ao ministro Alexandre de Moraes determinar a quem a multa será aplicada.

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A designação feita pela PGR foi acatada pelo ministro Alexandre de Moraes, que determinou a investigação do uso do X pela Polícia Federal na semana passada. O pedido é para que sejam identificados todos os usuários que mantiveram postagens na rede de Elon Musk após o bloqueio, mas com foco em quem utilizou o X reiteradamente.

PF e Anatel entregaram relatórios ao STF

Na quarta-feira (25), parte dos relatórios que integram essa investigação dos usuários do X foi enviada pela PF e pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) ao STF. O levantamento apresentado nesta semana não é conclusivo e cumpre, segundo a Anatel, uma das etapas do processo de investigação.

A agência afirmou à Gazeta do Povo que a entrega dos documentos foi mais uma das etapas de envio de relatórios para o monitoramento do cumprimento do bloqueio pelas prestadoras de telecomunicações, conforme determinado pela ordem judicial. Os trabalhos ainda estão longe de uma conclusão.

A PGR, a PF e o STF, por sua vez, disseram à Gazeta do Povo que "o caso segue sob sigilo" e, por isso, não podem dar detalhes sobre os procedimentos e investigações.

Esses relatórios, principalmente os da PF, vão mapear quem seguiu usando a rede social após o bloqueio, incluindo o uso de VPN, mecanismo que camufla a origem da postagem e dribla o sistema de bloqueio nacional. A apuração da Anatel investiga o retorno do funcionamento da rede social para alguns usuários no Brasil por dois dias, na semana passada, após uma atualização dos servidores da plataforma.

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Os levantamentos das postagens partem, segundo fontes da PF, de mecanismos de inteligência e ferramentas tecnológicas para mapear quem realizou publicações no período estipulado – a partir de 30 de agosto, algo que pode ser feito de forma relativamente rápida. No entanto, a identificação de quem utilizou a rede social de forma sistemática e contínua nos últimos 28 dias deve levar mais tempo para ser concluída. Esse trabalho é mais demorado e minucioso, podendo levar semanas. As investigações seguem sob sigilo e podem ser incorporadas a inquéritos já existentes.

O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) está contestando a possibilidade de aplicação de multas a usuários que usaram a rede social após o bloqueio, argumentando que é preciso respeitar o devido processo legal e o amplo direito à defesa.

Uma apuração da Gazeta do Povo com fontes ligadas à PGR indica que não há perspectiva de punições na esfera criminal sobre o conteúdo ou a manutenção das postagens. A apuração indica também que todos os perfis que realizaram postagens após o bloqueio, independentemente do conteúdo, constarão nos relatórios e estão sujeitos a notificações e multas.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]