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Anunciado como novo líder da oposição para 2025, o deputado federal Luciano Zucco (PL-RS) afirmou que a aprovação do PL da Anistia será uma das principais prioridades da oposição em 2025. Segundo ele, o projeto é fundamental para "restaurar o equilíbrio entre os poderes" e proteger as prerrogativas parlamentares, que, de acordo com o deputado, têm sido desrespeitadas por decisões do Supremo Tribunal Federal (STF). Zucco substituirá o deputado Filipe Barros (PL-PR) na liderança da oposição na Câmara dos Deputados.
"Temos pautas importantes para o próximo ano, como o PL da Anistia. Queremos mostrar o legado do governo Bolsonaro, destacando conquistas na gestão econômica de Paulo Guedes, infraestrutura com Tarcísio [de Freitas] e outros avanços significativos. Também pretendemos expor os problemas econômicos atuais, como a alta do dólar, da inflação e os escândalos em diversas pastas ministeriais do governo Lula", afirmou o parlamentar.
Zucco também destacou que a oposição trabalhará de forma integrada em frentes legislativa, jurídica e de comunicação para fortalecer o combate a medidas que considera abusivas do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A atuação será focada na fiscalização de gastos públicos e na exposição de problemas econômicos, como a alta do dólar e o aumento da inflação.
O parlamentar reafirmou o apoio irrestrito à candidatura de Jair Bolsonaro, que está inelegível, para as eleições de 2026, descartando a possibilidade de um "plano B" no Partido Liberal (PL). Ele também apontou a necessidade de fortalecer a bancada da direita no Senado para destravar pautas consideradas essenciais, como a redução da maioridade penal e o PL que equipara o aborto após 22 semanas ao crime de homicídio.
"Com mais de 41 senadores e 257 deputados, não seremos mais oposição, e sim situação", afirmou Zucco ao tratar do pleito de 2026.
Confira a íntegra da entrevista abaixo.
Quais as prioridades para a oposição no ano que vem?
Zucco: Temos como meta o PL da Anistia, que é muito importante, e também mostrar o legado do governo Bolsonaro. Precisamos destacar tudo que foi construído na gestão econômica com Paulo Guedes, as obras de infraestrutura com o Tarcísio [de Freitas] e outras áreas que tiveram grande desempenho. Hoje, o governo Lula se esconde atrás de uma cortina de fumaça, falando de um golpe que nunca existiu, enquanto esconde os números absurdos da economia, como o dólar em alta, o preço da cesta básica, a inflação crescente e escândalos em várias pastas e ministérios.
Vamos atuar de forma responsável acionando os órgãos de fiscalização, como o TCU, a CGU e a PGR, para mostrar não apenas abusos no uso do dinheiro público, mas também a ineficiência dos gastos do Estado. A oposição vai trabalhar com uma equipe jurídica, legislativa e de comunicação para ter um trabalho mais efetivo. Pretendemos também atuar fortemente nas comissões temáticas, com deputados alocados em pautas afins, que agreguem valor às nossas convicções.
Sabemos que a situação jurídica do ex-presidente Jair Bolsonaro não permite que ele seja candidato em 2026. O senhor defende que o partido tenha um "Plano B"?
Zucco: O candidato da direita do Brasil é Jair Messias Bolsonaro. Se o TSE não permitir, nós acreditamos que ainda assim conseguiremos viabilizar essa candidatura. Temos mais de um ano e meio até esse momento e, no fim das contas, a última palavra será do [ex-]presidente Bolsonaro. Se partir dele uma resposta diferente, aí vamos acatar, mas, no momento, não trabalhamos com outra opção.
Acredita que será possível algum avanço em relação à PEC da Anistia?
Zucco: Acreditamos que sim. A PEC da Anistia é uma prioridade para a oposição e será um tema presente em 2025. Além disso, é necessário buscar o equilíbrio entre os poderes. Hoje, vemos uma clara interferência do Supremo Tribunal Federal (STF) nas pautas legislativas, e pretendemos avançar também em propostas que garantam as prerrogativas dos parlamentares, como a defesa do artigo 53 da Constituição [imunidade parlamentar].
A oposição teve vitórias consideráveis este ano, como a derrubada de vetos de Lula ao projeto das "saidinhas" e a aprovação de propostas na área de segurança. Por outro lado, na pauta dos costumes, como o PL 1904/24, que equipara o aborto acima de 22 semanas ao homicídio, a oposição enfrenta resistências. O que pode ser feito no ano que vem?
Zucco: Pretendemos continuar rodando o Brasil com o [ex-]presidente Bolsonaro e a [ex-]primeira-dama Michelle, levando as pautas da direita para todos os estados. Tivemos um papel importante em 2024, elegendo candidatos do PL e de outros partidos de direita, como Progressistas, PSD e Republicanos.
Precisamos também fortalecer nossa atuação no Senado, pois muitas vitórias que conseguimos na Câmara acabam sendo paradas lá. Um exemplo é o PL 1834, que trata do Agro Gaúcho. Foi aprovado na Câmara, mas está parado no Senado até hoje. A solução virá com as eleições de 2026, quando pretendemos eleger uma maioria no Senado e na Câmara para que a direita deixe de ser oposição.
Sabemos que houve um desconforto no PL em apoiar Hugo Motta para a presidência da Câmara. Essa situação já foi pacificada no partido?
Zucco: Sim, essa situação foi pacificada. Inicialmente, havia a intenção de lançarmos um candidato próprio, mas entendemos que poderíamos não ter número suficiente para elegê-lo. O deputado Hugo Motta recebeu as demandas do PL com responsabilidade e avançou em pautas importantes para a oposição. Hoje, há um entendimento no partido de que ele é o nome certo para permitir os avanços que consideramos fundamentais.
Como o senhor avalia as investigações envolvendo o general Braga Netto? Isso pode afetar o partido e a oposição?
Zucco: A situação do general Braga Netto é uma grande injustiça. Recebemos essa notícia com tristeza, mas também com responsabilidade. Defendemos o devido processo legal e entendemos que o que está acontecendo é totalmente errado. Não podemos ter um juiz que investiga, condena e pune, especialmente em processos que ocorreram há mais de um ano. Isso não atrapalha a oposição; pelo contrário, nos motiva ainda mais a termos uma defesa forte, responsável e ampla.
Como foi seu processo de escolha para a liderança do bloco da oposição?
Zucco: Recebi o apoio de vários parlamentares, como Felipe Barros e Altineu Côrtes, que era o líder do PL, além do presidente [do partido], Valdemar [Costa Neto], e do [ex-]presidente Bolsonaro. Muitos colegas me procuraram entendendo que minha relação era importante para as pautas da oposição. Recebi essa missão com muito orgulho, felicidade e responsabilidade. Sei que não será fácil, mas é necessário.