O Partido Liberal (PL) recorreu nesta quarta-feira (30) da decisão do ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que multou a legenda em R$ 22,9 milhões, em razão da representação em que pediu a invalidação dos votos registrados em 59% das urnas eletrônicas usadas no segundo turno da eleição presidencial.
No pedido de reconsideração, a legenda diz que “jamais teve a intenção de causar qualquer tumulto ao processo eleitoral brasileiro, muito menos fomentar qualquer tipo de movimento ideológico” e que a condenação por litigância de má-fé não se justifica.
“O pedido de Verificação Extraordinária foi apresentado em decorrência da condição do partido de entidade fiscalizadora – e contribuidora – das eleições, e embasado exclusivamente em dados técnicos constantes de laudo auditoria realizado por profissionais qualificados de entidade especializada”, diz o recurso, dirigido ao próprio ministro.
A representação pedia ao TSE uma verificação extraordinária, procedimento previsto em resolução interna da Corte que permite aos partidos fiscalizarem todo o processo eleitoral. Com base em relatório técnico do Instituto Voto Legal (IVL), presidido por um dos criadores da urna eletrônica, o PL apontou mau funcionamento de 279 mil urnas, que geraram logs (arquivos digitais que registram todas as atividades de cada máquina) com códigos de identificação inválidos e idênticos. Segundo o IVL, a falha compromete a integridade dos demais dados gerados pela urna, como o boletim com os votos recebidos por cada candidato.
No mesmo dia em que a ação foi protocolada, Moraes intimou o PL a incluir na ação pedido de invalidação dos votos registrados nas mesmas urnas no primeiro turno, o que representaria uma contestação da eleição para governadores, senadores e deputados. O partido se recusou.
Moraes então rejeitou a ação e condenou o PL por litigância de má-fé, impondo a multa de R$ 22,9 milhões, que também deveria ser paga pelo PP e Republicanos, que compõem a coligação que sustentou a candidatura do presidente Jair Bolsonaro à reeleição. Esses partidos alegaram que não corroboraram a representação e o ministro os eximiu do pagamento.
No recurso contra a decisão, o PL diz que não ficou configurado qualquer dos motivos listados no Código de Processo Civil que permitem a condenação por litigância de má-fé – são eles: pedir ou defender algo contra texto expresso de lei ou fato incontroverso; alterar a verdade dos fatos; usar do processo para conseguir objetivo ilegal; resistir de forma injustificada ao andamento do processo, proceder de modo temerário em qualquer ato do processo; provocar incidente manifestamente infundado; ou recorrer com intuito manifestamente protelatório.
Em outra parte do recurso, o PL também contestou a abrangência da ordem de bloqueio. A decisão de Moraes afirmou expressamente que seriam retidos recursos apenas das contas que recebessem o fundo partidário, a fim de pagar a multa. O PL, no entanto, alegou que também foram bloqueadas contas com recursos próprios do partido, oriundos de doações, e outra destinada à promoção da participação feminina na política.
Com essas contas bloqueadas, o partido afirmou que não poderia mais funcionar. “Ao não se limitar à conta destinada ao recebimento do fundo partidário, além de não encontrar qualquer respaldo na decisão proferida no bojo do presente feito, tem a capacidade de gerar graves e irreparáveis prejuízos à agremiação, porquanto, ao fim e ao cabo, impede o seu próprio funcionamento. Ora, sem acesso a recursos financeiros, inclusive aqueles classificados pela legislação de regência como recursos próprios – não advêm do erário, portanto –, é certo que a agremiação não conseguirá fazer frente às despesas básicas”, afirmou.
O partido pediu que o bloqueio se restrinja à conta que recebe o fundo partidário e que retenha apenas 10% dos repasses mensais liberados pelo próprio TSE, que distribui o recurso.
“A democracia não pode prescindir de uma atividade político-partidária intensa e livre, sendo imperioso que os Partidos Políticos possam atuar livremente na republicana missão de representar as diferentes ideologias e convicções políticas que existem em nossa sociedade, possibilitando, ao fim, o próprio exercício da cidadania”, diz o recurso.
O PL elegeu neste ano a maior bancada do Congresso, e terá na próxima legislatura, 99 deputados federais e 14 senadores. Neste ano, o PL já recebeu R$ 46,8 milhões do Fundo Partidário.
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF
Deixe sua opinião