O PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, será em 2023 o maior do Congresso Nacional, com 99 deputados federais e 14 senadores. A legenda iniciará a nova legislatura também na condição de principal força da oposição ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), justamente por ter Bolsonaro entre seus filiados, além de apoiadores aguerridos do presidente como a deputada Bia Kicis (DF) e o senador eleito Magno Malta (ES).
O histórico do Partido Liberal, porém, sugere que outros caminhos podem ser adotados por alguns de seus integrantes. O PL foi aliado de diferentes governos, de Lula a Michel Temer (2016-2018). O presidente da sigla Valdemar Costa Neto convocou uma coletiva de imprensa para esta terça-feira (8), em Brasília, quando deve deixar clara a posição do PL frente ao novo governo.
Membro do partido e vice-presidente da Câmara, o deputado Lincoln Portela (MG) diz considerar pouco provável que o PL tenha parlamentares que optem por fazer parte da base de Lula. Mas ele identifica a possibilidade de deputados do partido se apresentarem como "independentes" – ou seja, que possam votar junto com o governo em algumas ocasiões.
Já o ex-deputado Alberto Fraga (DF), que a partir de 2023 retomará mandato na Câmara, disse que "as urnas colocaram o partido na oposição" e diz esperar que a agremiação atue dessa forma no Congresso. "Eu sou oposição, mas não sei se o partido todo agirá assim", diz.
O PL ainda não uniu suas bancadas depois da eleição para discutir as estratégias de atuação no Congresso. O partido é tradicionalmente um dos maiores expoentes do chamado Centrão, o grupo de congressistas que não atua com convicções ideológicas e costuma apoiar governos de diferentes perfis, desde que seja contemplado com participações no poder.
O PL foi parte da base de Lula em seu primeiro mandato e deu sustentação também para os governos de Fernando Henrique Cardoso, Dilma Rousseff e Michel Temer. O escândalo do mensalão, que abalou o primeiro mandato de Lula, teve no PL um de seus protagonistas.
O perfil de partido de centro, porém, foi modificado quando Bolsonaro ingressou na agremiação e trouxe consigo sua base, incluindo seus dois filhos com mandato no Congresso Nacional, o senador Flávio (RJ) e o deputado Eduardo (SP). Bolsonaro, inclusive, tende a atuar como um "funcionário" do partido nos próximos anos, vinculado à sigla e recebendo salários. Ele tem negociado o processo com o presidente da agremiação, Valdemar Costa Neto.
O primeiro turno das eleições trouxe para a bancada do PL em Brasília nomes também ideologicamente vinculados a Bolsonaro, como o ativista Zé Trovão (SC) e a militante indígena Silvia Waiãpi (AP), e veteranos de Congresso como João Carlos Bacelar (BA), deputado desde 2007. O PL foi ainda o destino de quase toda a bancada eleita em conjunto com Bolsonaro em 2018. Aí se encontram nomes como Carlos Jordy (RJ), Carla Zambelli (SP) e Filipe Barros (PR).
Uma das primeiras "missões" do PL na próxima legislatura será contribuir para que Arthur Lira (PP-AL) seja reeleito presidente da Câmara. O partido apoiou o deputado em sua primeira eleição interna, em 2021, e deve repetir a dose. "Por ora, a expectativa é essa. Vamos nos reunir na próxima semana para discutir, mas os acordos que estavam firmados são de apoio", ressaltou Portela, que disse não se apresentar para tentar a reeleição à vice-presidência da Casa. "Não me coloco como pretendente a cargos. Mas se o partido quiser, estou à disposição", disse.
No Senado, o PL sonha grande
O partido de Bolsonaro não considera, ao menos como expectativa inicial, apoiar a reeleição de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para o comando do Senado. O fato de ter a maior bancada fará a legenda buscar a presidência. O que representaria um quadro raro para o Senado, já que o partido partirá da condição de força oposicionista.
"Vamos pleitear a presidência sim. Temos nomes para isso", adiantou o senador Carlos Viana (PL-MG). O parlamentar evitou citar quais representantes do partido poderiam ser o cabeça de chapa em uma disputa eleitoral. Especulações dão conta de que esses nomes poderiam vir de fora do próprio PL – a senadora eleita e ex-ministra Tereza Cristina (MS), identificada com Bolsonaro e eleita pelo PP, é uma possibilidade colocada à mesa.
Viana é também da opinião de que o PL manterá seu viés oposicionista. Para o parlamentar, o posicionamento seria também uma estratégia eleitoral que traria frutos à agremiação.
"Acho difícil que o PL não seja oposição. Nós temos um nome [Jair Bolsonaro] que, apesar de ter perdido a eleição, fez mais de 50 milhões de votos. São mais de 50 milhões de pessoas que continuam na oposição ao petismo. Ao meu ver, seria um grande prejuízo para o PL deixar essa posição. É uma questão boa para o partido ter um nicho próprio", acrescentou.
Viana é relativamente novato no PL. Ele entrou no partido em abril, no prazo limite para poder se candidatar pela nova sigla nas eleições de outubro – concorreu ao governo de Minas Gerais e ficou na terceira colocação. Antes, estava no MDB, que já foi seu segundo partido na condição de senador. Ele fora eleito em 2018 como filiado ao PHS, partido extinto em 2019.
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