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Novo "Aerolula"

Planalto pode retomar plano de compra de novo avião para Lula após incidente no México 

Lula avião, troca
Presidente Lula desembarcou em Brasília após falha em avião nesta quarta-feira (2) (Foto: Ricardo Stuckert / PR)

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A provável falha em um dos motores da aeronave que transportava o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) do México para o Brasil, na terça-feira (1º), pode ser usada como pretexto pelo Palácio do Planalto para a compra possivelmente desnecessária, segundo levantamento de oposicionistas, de um novo avião presidencial. A comitiva do petista pousou em Brasília nesta quarta-feira (2), depois de 17 horas de viagem.

Logo após decolar do México na terça-feira (1º), o avião presidencial teve uma pane, cuja natureza ainda não foi revelada pelo governo, e teve que voar por quase cinco horas na região do aeroporto para perder combustível e poder fazer um pouso não programado.

Os problemas durante o voo teriam o feito o presidente Lula voltar a falar sobre a possibilidade da compra do novo avião presidencial, segundo apuração do colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo. Segundo o veículo, o petista teria ficado irritado com o incidente e também com a falta de conectividade na aeronave. “Qualquer avião mequetrefe fala [ao telefone], não tenho um satélite nessa po***. A gente não pode passar por isso”, teria dito o presidente, ainda de acordo com o jornal.

A hipótese de troca do avião que transporta Lula já vinha sendo ventilada pelo governo há pelo menos um ano. Ainda em 2023, o petista havia encomendado que a Força Aérea Brasileira (FAB), responsável pelo transporte do presidente, fizesse um estudo para a viabilizar a compra ou a adaptação de uma outra aeronave. 

No ano passado, informações trazidas pela imprensa deram conta que a primeira-dama, Rosângela Silva, a Janja, desempenhou um papel significativo nas discussões sobre a aquisição de um novo avião presidencial, demonstrando sua participação ativa em decisões logísticas e de infraestrutura do governo. A nova aeronave, estimada em R$ 400 milhões, substituiria o Airbus A319-ACJ. Atendendo a exigências do casal presidencial, a Força Aérea Brasileira encontrou um Airbus A330-200 registrado em nome de uma empresa com sede na Suíça para substituir o chamado "Aerolula", comprado em 2004, por US$ 56,7 milhões.

Um grupo de deputados da oposição chegou a apresentar uma ação na Justiça para barrar a compra do novo “Aerolula”, alegando que isso representaria um “gravíssimo dano ao erário público, desvio de finalidade e afronta ao princípio da moralidade”. A repercussão negativa da notícia fez Lula desistir da compra.

Mas, com o incidente no México, o tema da troca do avião presidencial voltou à tona no governo. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro Filho, antecipou o fim das férias e, na volta ao Brasil, discutirá a questão com Lula e com o comandante da Aeronáutica, o tenente-brigadeiro do ar Marcelo Kanitz Damasceno.

Possibilidades para a troca do avião

A Aeronáutica trabalha com duas alternativas. A primeira seria adaptar uma das duas aeronaves Airbus A330-200, compradas durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por US$ 80 milhões cada. Para isso seria preciso colocar internet, suíte com chuveiro e uma sala reservada para que o presidente possa despachar.

Segundo integrantes do Planalto, essa adaptação teria um alto custo e por isso a compra de um outro avião usado e que já seja adaptado pode ser mais atrativo. A Gazeta do Povo questionou a FAB sobre os custos do estudo apresentado ao governo, mas não obteve resposta até a publicação da matéria. 

Até então, a principal justificativa por parte dos governistas para a troca da aeronave seria a falta de autonomia do atual avião presidencial. No ano passado, Lula viajou para a China e precisou fazer duas escalas, em Guadalajara (México) e no Alasca (EUA) para reabastecimento. 

Segundo os assessores de Lula, o trajeto ficou cansativo para o presidente, que tem 77 anos, além do maior custo com tarifas aeroportuárias e riscos à segurança. Em fevereiro deste ano, Lula voou no A330-200, ainda sem adaptações, quando fez o trajeto Brasília-Rio e Washington.

Esse avião comprado pelo governo Bolsonaro tem capacidade para cerca de 250 passageiros, dependendo da configuração e tem uma autonomia para até 16 horas de voo. Oficialmente, o Palácio do Planalto pretende aguardar o relatório sobre o incidente no voo que trouxe Lula do México para retomar as discussões sobre a troca do avião presidencial. 

A próxima viagem internacional do presidente está marcada o final de outubro, quando ele vai visitar a Rússia, onde participa da Cúpula do BRICS. Em novembro, Lula embarca para o Azerbaijão, para participar da COP-29. 

Modelo atual foi comprado em 2004 por Lula 

O avião utilizado atualmente pela presidência é um Airbus A319 e foi comprado em 2004 durante o primeiro mandato de Lula. À época, a aquisição custou US$ 56,7 milhões. 

O modelo foi montado em Hamburgo, na Alemanha, e batizado oficialmente de Santos Dumont. De acordo com a FAB, o VC-1 é uma aeronave militar designada especialmente para cumprir a missão de transportar com segurança o presidente da República para diversas localidades do Brasil e do exterior. 

O avião presidencial tem aproximadamente 34 metros de comprimento. Ele pode atingir até 830 quilômetros por hora na velocidade máxima de cruzeiro. 

"A aeronave possui uma performance que permite a operação em diferentes aeródromos, o que possibilita uma versatilidade no transporte presidencial, tanto por operar em pistas mais curtas e estreitas, bem como por realizar voos de longa duração", informou a FAB.

FAB vai apurar falhas no avião da comitiva do governo

Integrantes do governo vão solicitar aos militares da FAB um relatório sobre o que causou o incidente aéreo. Uma das hipóteses apontadas pelos governistas é de que tenha havido um problema em um dos motores, após ter atingido um pássaro. 

Oficialmente, a Aeronáutica apenas informou que o avião teve problemas técnicos.  

"Informo que a aeronave presidencial VC-1, que transporta o Senhor Presidente da República no trecho entre o México e o Brasil, apresentou um problema técnico após a decolagem do Aeroporto da Cidade do México, nesta terça-feira (01/10)", diz o texto assinado pelo comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do ar Marcelo Kanitz Damasceno.

Além do presidente Lula, outras 15 pessoas estavam a bordo, incluindo a primeira-dama Rosângela Silva, a Janja, Gabriel Galípolo, indicado à presidência do Banco Central, a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, e as senadoras Soraya Thronicke (Podemos-MS) e Tereza Leitão (PT-PE). 

Diferente do que foi noticiado pelo jornal O Globo, interlocutores dos integrantes da comitiva afirmam que o presidente Lula se manteve tranquilo durante a pane e que uma refeição foi servida normalmente enquanto o combustível era consumido em mais de 2.000 quilômetros percorridos, em círculos.

A aeronave ficou cerca de 5 horas realizando voos em círculos sobre a Cidade do México para gastar combustível e chegar ao peso-limite de aterrissagem e, assim, poder retornar ao aeroporto local, de onde havia decolado.

Durante o processo de queima de combustível, o piloto do avião chegou a pedir a presença de bombeiros na pista antes de pousar a aeronave. A solicitação foi feita à torre de controle do Aeroporto Felipe Ángeles, que respondeu afirmativamente à solicitação, indicando que equipes de resgate estariam a postos para a aterrissagem. 

O pouso foi feito em segurança às 22h16, horário de Brasília, conforme informou a FAB, por meio de nota. A tripulação e os passageiros foram transferidos para um avião "reserva", também da Aeronáutica, usado pelo chamado "Escalão Avançado" (Escav) que organiza as viagens presidenciais. 

O voo pousou em Brasília às 10h12 desta quarta-feira (02), após quase 17 horas de viagem. O voo deveria durar cerca de 10 horas em condições normais.

 

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