Dia 1º de julho de 1994 nascia oficialmente a nova moeda brasileira que prometia conter a inflação. Agora, o Plano Real completa 25 anos: chegava ao fim a Unidade Real de Valor (URV), período de transição entre o Real e o Cruzeiro Real - quando o Banco Central divulgava diariamente o valor da paridade entre a antiga moeda e a URV.
A ideia era vincular os preços e novos contratos desde 1º de março de 1994 à URV. Cada real equivaleria a 1 dólar até que o Cruzeiro Real estivesse desvalorizado a ponto de dar vez ao Real. Foi quando, em 1º de julho daquele ano, isso aconteceu. Entrava em cena o Plano Real, em 1994: a moeda, inclusive, chegou a ser mais valorizada que o dólar por alguns meses.
O governo ainda era de Itamar Franco, mas a circulação da nova moeda seria chave para a eleição de Fernando Henrique Cardoso: ministro da Fazenda de então. Contudo, no dia do nascimento do Real, os principais jornais do Brasil mostravam certa desconfiança, após fracassados planos econômicos, como o Cruzeiro, o Cruzado e o próprio Cruzeiro Real. Confira as principais capas:
Lançamento do Plano Real
Quando Itamar Franco assumiu interinamente a presidência da República dia 29 de dezembro de 1992, após Fernando Collor renunciar ao cargo, a inflação chegava a 1.119% em 12 meses - o que não era novidade. Dez anos antes, em 1982, pela primeira vez a inflação superou a marca de 100% ao ano. Desde então, a exceção de 1986 quando foi de "apenas" 59,20%, sempre fechou o ano acima de dois dígitos. Foi um longo caminho até o lançamento do Plano Real.
Em 1989, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) chegou a 1.972,91%. Era o ano da eleição de Collor, que assumiria tendo como uma das metas principais vencer a escalada da inflação. Lançou em 1990 o Plano Collor, o famoso ‘confisco da poupança 'por 18 meses de investimentos acima de 50 mil cruzados novos.
“O Collor se baseou em uma teoria antiga de inflação quantitativista de que se tivesse menos dinheiro em circulação, a inflação cairia. Era a questão da resposta simples, fácil e errada. Mas ele tentou, teve a coragem. A implementação foi inusual na humanidade”, explicou professor doutor José Guilherme Vieira, ex-coordenador e atual professor do curso de Mestrado em Desenvolvimento Econômico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), neste podcast da Gazeta do Povo. O resultado foi desastroso e motivou mudanças políticas que se reverteram na economia.
Após a renúncia de Collor e a ascensão do então vice-presidente Itamar Franco, FHC foi - como ministro da Fazenda - um dos mentores do Plano Real ao lado de uma seleção de "notáveis da economia", como Gustavo Franco, Pedro Malan, André Lara Resende, Persio Arida, Edmar Bacha e Winston Fritsch. No início, a ideia era "dolarizar" a economia. Mas as metas foram revistas e buscou-se a abertura econômica, desindexação, zerar o déficit público, além de aumentar as reservas internacionais.
Quando no dia 29 de junho de 1994 a cotação do cruzeiro real encerrou com o dólar a 2.750 cruzeiros reais, os valores deveriam ser divididos por 2.750 no dia seguinte para chegar ao valor de um URV. Valor que seria equivalente a R$ 1 e também a 1 dólar. E no dia 1º de julho, finalmente, ficou lançado o Plano Real, equiparado ao dólar e posteriormente sujeito a oscilações.