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Os policiais penais de presídios brasileiros entraram em alerta máximo por conta de um suposto “salve” da cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC) para ataques no final deste mês e no começo de dezembro. A ordem para atentados contra os agentes circulou entre os detentos do Presídio do Distrito Federal I (PDF I), no complexo da Papuda, em Brasília, segundo confirmou à Gazeta do Povo a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) nesta quarta (22).
De acordo com as informações que circularam entre os detentos, os ataques contra os agentes penitenciários teriam sido marcados para os dias 28 de novembro e 3 de dezembro, atingindo principalmente os policiais que atuam nos presídios federais de Brasília e de Campo Grande (MS).
Um dos detentos do presídio federal de Brasília é o líder do PCC, Marco Willians Herbas Camacho, conhecido como Marcola. A Senappen não confirmou se alguma medida pode ser tomada contra ele por conta do “salve” para ataques aos agentes que atuam no local.
"Todos os detentos nas penitenciárias federais têm a possibilidade de serem transferidos entre as unidades localizadas em Catanduvas (PR), Campo Grande (MS), Mossoró (RN), Porto Velho (RO) e Brasília (DF). No entanto, é fundamental ressaltar que essas movimentações ocorrem de maneira sigilosa, com critérios rigorosos e estritamente autorizadas por três autoridades competentes do órgão responsável, o que ainda não ocorreu", disse a Senappen em nota à Gazeta do Povo.
O órgão afirmou, ainda, que todas as transferências são avaliadas levando em consideração "critérios de conveniência e oportunidade", e que informações sobre um ou outro determinado detento não podem ser fornecidas por garantia à "segurança do processo" e "cumprimento das normas legais estabelecidas".
Informações apontam que presos da PDF I compartilhavam dados sobre os agentes penais que trabalham na unidade por meio de “catatais”, que são bilhetes escritos em pedaços de papel. Uma detenta que cumpre pena no Presídio Feminino (PFDF) foi interceptada há seis meses levantando e repassando os dados dos servidores para criminosos fora das prisões. Ela teve revogado o direito ao trabalho externo.
Se apura ainda a participação de um advogado, que teria sido identificado levantando informações sobre servidores e atuando como intermediário para a comunicação entre os presos e os membros do PCC do lado de fora. O jurista é suspeito de ser um canal para transmitir ordens de dentro para fora das prisões.
A secretaria determinou que os agentes dos presídios federais fiquem em alerta máximo para ações das facções, entre outras medidas.
"Entendemos a preocupação gerada por situações dessa natureza e estamos comprometidos em salvaguardar a integridade dos servidores de todas as unidades sob responsabilidade da Senappen", completou a secretaria.
Ainda segundo o órgão, não está descartada uma transferência de servidores, mas que "a decisão sobre possíveis realocações é avaliada cuidadosamente pelas autoridades competentes, considerando os protocolos de segurança e a análise de risco".