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Operação Contragolpe

Policial federal preso diz que foi cooptado por agente da cúpula da Abin para espionar Lula

Lula e Alckmin
Wladimir Soares foi preso na última terça por supostamente participar de grupo que pretendia matar Lula, Alckmin e Moraes. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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O policial federal Wladimir Matos Soares, preso na última terça (19) durante a Operação Contragolpe, da Polícia Federal, revelou em depoimento que foi cooptado por um agente da cúpula da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para fazer a segurança do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e repassar informações a pessoas próximas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

De acordo com apurações confirmadas pela Gazeta do Povo com investigadores, Soares foi contatado por Alexandre Ramalho Dias Ferreira, agente também da Polícia Federal que era lotado na diretoria-geral da Abin e que é investigado no caso da “Abin paralela”, que descobriu um esquema de espionagem de políticos, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e jornalistas.

Segundo revelou em depoimento, Soares teria sido cooptado para participar da equipe de segurança durante a transição de governo com a incumbência de repassar informações sobre os deslocamentos de Lula. As informações seriam utilizadas para a execução do suposto plano de golpe de Estado descoberto pela investigação e que levaria ao assassinato do petista, do vice Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes.

Além de Wladimir Matos Soares, também foram presos quatro militares que teriam tramado o plano para evitar a posse de Lula na presidência da República no começo de 2023: o general da reserva Mario Fernandes, o tenente-coronel Helio Ferreira Lima, o major Rodrigo Bezerra Azevedo e o major Rafael Martins de Oliveira

“As investigações apontam que a organização criminosa se utilizou de elevado nível de conhecimento técnico-militar para planejar, coordenar e executar ações ilícitas nos meses de novembro e dezembro de 2022. Os investigados são, em sua maioria, militares com formação em Forças Especiais (FE)”, disse a PF na nota informativa da operação, autorizada por Moraes.

De acordo com investigadores, Soares receberia como recompensa pela atuação próxima de Lula um cargo na equipe de segurança de Bolsonaro caso o suposto golpe de Estado ocorresse. Ele, no entanto, não ficou muito tempo na equipe e foi afastado após delegados descobrirem que frequentava o acamamento de manifestantes montado em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília.

Foi deste acampamento que saíram os manifestantes em direção às sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro de 2023, que culminou com a depredação dos prédios públicos.

Ainda de acordo com a apuração, a Polícia Federal ainda busca descobrir quem efetivamente escalou Soares para a equipe de segurança de Lula. Ele trabalhou inclusive na estrutura montada no hotel em que o petista ficou hospedado antes da posse.

Por outro lado, há a expectativa de que a autoridade conclua ainda nesta quinta (21) o inquérito referente à suposta tentativa de golpe de Estado que teve desdobramento na operação desta semana, e envie a Moraes pedindo o indiciamento de dezenas de pessoas -- entre elas Bolsonaro, os generais Augusto Heleno, Walter Braga Netto e Paulo Sérgio Nogueira, o almirante Almir Garnier Santos, entre outros.

Também à tarde, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, será ouvido por Moraes sobre supostas omissões no acordo de delação premiada em relação às investigações do plano de assassinato de Lula, Alckmin e Moraes. Se o magistrado entender que o militar omitiu informações, o acordo pode ser revogado e ele voltar à prisão.

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