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Durante a posse do novo ministro da Saúde, Nelson Teich, nesta sexta-feira (17), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a defender a reabertura do comércio no país e reclamou da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que determinou que cabe aos prefeitos e governadores decidirem sobre medidas restritivas para enfrentar a pandemia de coronavírus. Teich assume a pasta da Saúde após a demissão de Luiz Henrique Mandetta, que entrou em rota de colisão com o presidente por defender medidas de isolamento social durante a pandemia.
“Desde o começo eu tinha uma visão, e ainda tenho, que nós devemos abrir o emprego. Porque o efeito colateral do combate ao vírus não pode ser, no meu ponto de vista, mais danoso que o próprio remédio”, disse o presidente na posse do novo ministro. “Aqui não tem vitoriosos nem derrotados. A história lá na frente vai nos julgar”, continuou Bolsonaro, se referindo a demissão de Mandetta. “Essa briga de começar a abrir para o comércio é um risco que eu corro, porque se agravar [a pandemia] vem para o meu colo. Agora, o que eu acredito é que muita gente está tendo consciência que tem que abrir”, completou.
O presidente também afirmou que conversou com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, sobre a possibilidade de também reabrir as fronteiras do Brasil, principalmente as fronteiras com o Paraguai e Uruguai.
Bolsonaro também criticou governadores que estão usando o poder de polícia para prender quem descumpre regras de isolamento social durante a pandemia. “Aquelas cenas de prender mulheres na praia, em praça pública, eu não consigo entender. Não concordo com isso”, afirmou o presidente.
Em seguida, ele reclamou da decisão do STF, que recentemente determinou que Bolsonaro não pode intervir em decisões adotadas por estados e municípios para combater o avanço do vírus. “Pena que eu não posso intervir em muita coisa porque o Supremo decidiu que as medidas restritivas que têm que ser respeitadas são aquelas de prefeitos e governadores. Vamos respeitar o Supremo porque além da democracia, temos que respeitar a separação e a harmonia dos poderes. Não vou pregar desobediência civil, mas medidas como essa precisam ser rechaçadas por todo nós”, falou Bolsonaro.
Teich prega necessidade de informação para enfrentar coronavírus
Em seu discurso de posse, o ministro Nelson Teich pregou a necessidade de buscar informações para enfrentar a pandemia de coronavírus.
“A gente vive não só um problema clínico, que é de cuidar da doença, mas de administrar todo o comportamento de uma sociedade que hoje está com muito medo”, disse. “Você anda nas ruas, quando eu vim pra cá eu vim do Rio de Janeiro. A gente passa pelo [aeroporto] Santos Dumont, tudo deserto, todo mundo com máscara, é uma coisa que parece filme. E isso leva a muito medo e a gente vai ter que trabalhar isso também, trazendo confiança de que a gente vai levar para as pessoas, através da informação, do conhecimento, do planejamento, o começo da construção de uma solução”, completou.
Ele também defendeu uma maior integração entre os ministérios para mapear soluções para a saúde. O novo ministro também defendeu um trabalho alinhado a estados e municípios para se antecipar a problemas que possam surgir durante a pandemia.
“A gente não pode esquecer que as pessoas mais frágeis, mais pobres, possivelmente serão aquelas que mais vão sofrer. Atenção para essas pessoas será total”, garantiu Teich.
Em seu discurso de despedida, Mandetta desejou a seu sucessor “sabedoria para conduzir esse nosso país”.
Mandetta fez questão de cumprimentar nominalmente todos os ministros presentes: Sergio Moro (Justiça), Fernando Azevedo e Silva (Defesa), Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Paulo Guedes (Economia), Tarcísio Freitas (Infraestrutura), Abraham Weintraub (Educação), Tereza Cristina (Agricultura), Onix Lorenzoni (Cidadania), Jorge Ramos (Secretaria-Geral da Presidência), general Augusto Heleno (GSI), André Mendonça (AGU), Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia), Bento Albuquerque (Minas e Energia), Wagner Rosário (CGU), Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional). Também compareceram à posse o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e os filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro, também cumprimentados pelo ex-ministro.
A posse também foi acompanhada pelo vice-presidente, Hamilton Mourão, pela primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e pelo procurador-geral da República, Augusto Aras.