Lula e Fernández se reuniram no início de maio, em Brasília.| Foto: EFE/André Borges.
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Com a Argentina em uma grave crise econômica, o presidente Alberto Fernández não pretende tentar sua reeleição e até teme não completar o mandado, que vai até o fim de 2023. Temendo que ele seja sucedido por um presidente de direita, Luiz Inácio Lula da Silva recebe o argentino pela terceira vez nesta segunda-feira (26).

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A gestão de Fernandez tem um percentual de desaprovação de 81%. “No dia 10 de dezembro, entregarei a faixa presidencial a quem for eleito nas urnas pelo voto popular. Vou trabalhar para que seja sócio ou parceiro do nosso espaço político”, disse o presidente argentino.

Com Fernández fora do páreo e seu alto índice de rejeição, as disputas eleitorais abrem espaço para um presidente de direita chegar ao poder, o que pode ser difícil para Lula. “Neste sentido, há uma importância estratégica diplomática para Lula em apoiar a Argentina em sua reestruturação e, de certo modo, ajuda a impedir que candidatos e políticas de extrema direita ganhem força discursiva no país vizinho, o que impactaria no projeto de política externa brasileira deste governo", afirma a cientista política Ariane Roder.

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Para Rogério Pereira de Campos, doutor em ciências sociais e pesquisador da Fundação Araporã, a estratégia de buscar meios de financiar obras com recursos brasileiros na Argentina também parte de uma prerrogativa ideológica que Lula e Fernández compartilham.

“Governos com alinhamento político mais voltado à esquerda sempre defenderam a proteção e uso desses recursos [como o acesso ao BNDES] para benefício e desenvolvimento local, enquanto o eixo voltado à direita política defende o livre comércio e concorrência. Nesse momento, o que vemos é uma retomada da primeira filosofia citada, para garantir a exploração e o uso para a região do Mercosul, em especial do Brasil, dessas reservas energéticas”, analisa o cientista político.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]