Partido Progressistas quer receber todos os cargos estratégicos da Caixa| Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo/Arquivo.
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Após receber o ministério do Esporte, o partido Progressistas (PP), do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, agora mira em cargos do segundo escalão no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O alvo principal é a Caixa Econômica Federal, que movimenta mais de R$ 190 bilhões em programas sociais. Pela atual negociação, o partido pode ficar com a presidência e com as 12 vice-presidências do banco.

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A nova investida do PP é parte de uma queda de braço entre Lula e os partidos do chamado Centrão. Depois de arrastar uma decisão por meses, o presidente Lula cedeu e entregou o Ministério dos Esportes para André Fufuca (PP) e o de Portos e Aeroportos para Sílvio Costa Filho (Republicanos). Márcio França (PSB) teve que deixar a pasta de Portos e Aeroportos, mas recebeu o novo Ministério das Micro e Pequenas Empresas. Toda negociação foi oficializada no último dia 6.

Ou seja, não é sem motivos que desde que os partidos do chamado Centrão deram apoio ao governo para aprovar a reforma tributária, passaram a cobrar a fatura exigindo mais espaço na Esplanada. Após a redistribuição de ministérios, o Centrão se voltou para os arredores do poder, em locais considerados estratégicos pelo volume de recursos ou influência que possuem, e desde então o banco estatal está no radar.

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A Caixa está sendo negociada em uma modalidade que ganhou o apelido de "porteira fechada". Ou seja, a ideia é que o PP leve de uma só vez a presidência e as 12 vice-presidências do banco, que entre outras funções, cuida do financiamento habitacional, loterias e pagamento de benefícios sociais. A princípio, todos os cargos da Caixa iriam para o PP, mas não se pode excluir a possibilidade de que a distribuição também beneficie o Republicanos.

Fontes ligadas ao PP do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, afirmam que o partido quer indicar pessoas próximas para substituir a atual presidente, Rita Serrano, funcionária de carreira. O nome deverá ser de uma outra mulher, o que evitaria críticas ao governo por menor representatividade feminina na equipe.

Governo Lula contradiz seu discurso e reduz número de mulheres no governo

Lula tem sido criticado por diversos setores por ter reduzido a participação de mulheres na equipe do governo. Se Rita Serrano for substituída por um homem, a contradição entre o discurso e as ações de Lula, que diz lutar pela igualdade de oportunidades para todos os gêneros, pode ficar ainda mais evidente.

A primeira baixa veio com a troca da ministra do Turismo, Daniela Carneiro, por Celso Sabino, do União Brasil, no início dos acordos com o Centrão.

Nesta semana foi a vez de Ana Moser ser rifada do ministério dos Esportes, para dar lugar a André Fufuca, do PP. A ex-atleta conversou com Lula durante as negociações, mas até a última segunda-feira sequer havia sido comunicada oficialmente da demissão, segundo a assessoria do ministério do Esporte.

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Ana Moser, aliada de primeira hora do governo petista, chegou a dizer a veículos de imprensa que a queda teria sido causada pela direita. Ela também declarou que as mulheres no atual governo sofrem misoginia. Magoada, a ex-jogadora de vôlei deixou para a equipe dos ministérios a missão da transição para Fufuca e não participou da cerimônia de posse do novo titular da pasta.

Nomes para presidência da Caixa não foram definidos

Um dos nomes mais cotados para presidir a Caixa seria o de Margarete Coelho, ex-deputada federal, próxima a Lira. Ela atualmente é diretora de administração e finanças do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).

Mas outros nomes também aparecem na disputa. Isso porque Margarete estaria resistindo a deixar o cargo atual. Ele temeria sair de seu emprego e acabar não sendo aprovada para a Caixa.

De acordo com o deputado José Nelto (PP-GO) o nome da ex-parlamentar continua forte. "Ela nunca saiu do páreo", afirmou o deputado. Ele também descarta a possibilidade de o partido concordar com a permanência da atual presidente, que tem dito a funcionários, internamente, que permanece no cargo.

Mas o clima na instituição é de insegurança pela indefinição, segundo revelam algumas fontes ligadas à presidência do banco que pediram anonimato. Muitos dizem temer perder funções com os novos indicados pelo PP.

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Outros parlamentares ligados ao presidente da Câmara cogitam que uma alternativa para a presidência da Caixa seria Danielle Calazans, que também é funcionária de carreira do banco e hoje está na Secretaria de Planejamento no Rio Grande do Sul.

O ex-presidente da Caixa, Gilberto Occhi seria outro nome apreciado por entre os partidos do Centrão. Mas como governo quer que uma outra mulher seja colocada no cargo, suas chances são menores no momento.

PT não quer ceder comando do Minha Casa, Minha Vida na Caixa

Segundo informou um deputado do Republicanos, que prefere não se identificar, as negociações para a Caixa estão avançando, mas ele não acredita que Lula vá "entregar tudo". Um dos novos entraves seria a vice-presidência de Habitação, que cuida do programa social "Minha Casa, Minha Vida", que o PT não aceitaria ceder ao PP.

Sobre a demora nas negociações, o parlamentar disse que é um processo normal, e não tem porque ser diferente neste momento de alinhamentos políticos.

As constantes viagens de Lula para o exterior também estariam atrasando o processo de negociação. No Planalto, governistas dizem que há também uma certa resistência do presidente em satisfazer todas as vontades do Centrão, apesar de saber que precisa negociar para ampliar a base aliada no Congresso e assim garantir a aprovação de matérias importantes, principalmente as que pretendem aumentar a arrecadação.

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Os números da Caixa explicam o interesse do PP. Os resultados do banco no primeiro semestre de 2023 revelam que somente na área de benefícios sociais foram pagos R$ 190,8 bilhões, destinados a programas como Bolsa Família e Seguro Desemprego, entre outros.

O lucro líquido nos primeiros meses do ano também foi 3,2% superior ao ano passado, ficando em R$ 4,5 bilhões, fatores que vêm sendo apresentados como bons indicativos da administração atual.

Governo vai precisar concluir distribuição de cargos para fechar apoios

Os partidos do Centrão não desejam apenas os cargos na Caixa, mas também na Funasa (Fundação Nacional de Saúde) e nos Correios. O governo precisa distribuir os demais cargos para que possa respirar mais tranquilamente nas votações importantes no Congresso, avalia o analista Cristiano Noronha, da Arko Advice. "Ainda falta uma definição de outros cargos estratégicos do segundo escalão, como é o caso da Caixa", alerta.

O apoio dos partidos do chamado Centrão tem sido decisivo para aprovação de matérias econômicas na Câmara dos Deputados. Elas são fundamentais neste momento para que o governo petista consiga fechar as contas, com aumento de arrecadação para bancar despesas.

O governo também quer uma ampliação de sua base de apoio, por exemplo, para votar propostas de mudanças na Constituição Federal que exigem quórum qualificado, de pelo menos 308 votos, em dois turnos.

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Para o professor de Ciências Políticas da Universidade Federal do Piauí, Elton Gomes, não é surpresa que o Centrão continue cobrando cargos em troca de apoio no Congresso. "São legendas com pouca consistência ideológica, buscam participação nos espaços de poder, cargos na administração federal e verbas aportadas para seus estados de origem.

Também professor de Ciências Políticas na Universidade Federal de Ouro Preto, Adriano Cerqueira acredita que, mesmo resistindo, Lula terá que ceder os cargos pretendidos pelo Centrão, como no caso da Caixa.

Segundo ele, os ministérios agora ocupados por André Fufuca e Sílvio Costa Filho têm baixa expressão política, e Lula terá sempre que negociar com Lira se quiser aprovar as pautas do governo.

"O governo não está em condições de confrontar a liderança que Lira tem hoje na Câmara dos Deputados, e por isso fica dependente de acordo", argumenta. Mesmo assim, ele diz acreditar que no caso específico da Caixa, pelo peso dos bancos públicos, exista uma grande resistência por parte do próprio PT. Esse seria o principal motivo da indefinição.

Lula e Lira deverão se encontrar na próxima semana nos Estados Unidos, onde o presidente participará da Assembleia Geral da ONU. Lira poderá também ir ao país para o encontro, mas tudo vai depender da pauta de votações, segundo pessoas próximas ao presidente da Câmara.

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