Ministro da Casa Civil rebateu críticas do agora ex-presidente da estatal por demissão que considerou “humilhante”.| Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
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O agora ex-presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse ter ficado triste com a demissão determinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que pode até mesmo sair do PT, partido ao qual é filiado e tinha prestígio interno.

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Ao sair da sede da empresa no Rio de Janeiro, no final da tarde de quarta (15), Prates afirmou que cumpriu o que foi pedido por Lula quando assumiu o comando no começo de 2023 e que deixou a transição energética encaminhada internamente.

“Estou triste, só isso. Anunciamos o futuro da empresa, deixamos a transição energética encaminhada, bons projetos em portfólio para serem analisados agora e, principalmente, a gente deixou uma política de preços que o presidente pediu. Disse que ia abrasileirar os preços [dos combustíveis], o mercado entendeu e a gente conseguiu explicar isso”, afirmou.

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O Conselho de Administração da empresa aprovou a saída dele no final da manhã e e nomeou a diretora de assuntos corporativos, Clarice Coppetti, para comandar a Petrobras interinamente até o fim dos trâmites para avaliação do nome de Magda Chambriard – indicada pelo governo – para assumir a presidência da estatal.

A amigos próximos, Prates disse que a demissão foi “humilhante” e avalia a possibilidade de se desfiliar do PT. “Não sei se ficarei no PT depois dessa. [...] O partido não trata dos seus quadros, está condenado a envelhecer e se perder em meio a alianças cada vez mais exigentes e perigosas”, disparou segundo mensagens obtidas pelo Estadão.

Prates também chegou a dizer a aliados e funcionários que a demissão ocorreu “na presença regozijada” dos ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia), com quem tinha rusgas tornadas públicas pelo próprio titular da pasta em uma entrevista à Folha de São Paulo, e Rui Costa (Casa Civil)

Silveira não se pronunciou sobre a demissão, como se esperava para quarta (15), mas Costa disse à noite que não foi “em hipótese nenhuma”. O ministro afagou Prates dizendo que ele conseguiu “o maior lucro da história” e que “reverteu aquela curva que estava caminhando para o seu fim [da empresa]”.

No entanto, Rui Costa diz que Lula viu que “era hora de acelerar alguns aspectos, como os investimentos da Petrobras”. “Por isso ele escolheu alguém que conhece muito a empresa, tem mais de 40 anos dentro da empresa”, pontuou sobre a indicação de Chambriard em entrevista à GloboNews.

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“[Magda Chambriard] é uma pessoa absolutamente preparada, técnica, que nunca disputou eleição, nunca fez militância política-partidária stricto sensu. Não tenho dúvida, vai continuar uma gestão profissional da empresa garantindo lucro dos acionistas e o investimento para que seja cada vez mais robusta, que dê dividendos e que garanta superação de desafios”, disse.

Apesar de ser considerado um nome técnico no mercado pela experiência no setor de petróleo e gás, Prates é político militante do PT desde 2013 e foi senador pelo Rio Grande do Norte entre 2019 e 2022, quando foi convocado por Lula para comandar a estatal a partir de 2023.

Pelas redes sociais, agradeceu a Lula pela “oportunidade e responsabilidade de chefiar a empresa no começo desse nosso governo”, e que tem certeza que a Petrobras, “com sua expertise e paixão, continuará a trilhar esse caminho com excelência”. Ele não comentou as declarações de bastidores.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]