O fim das eleições de 2022 marca também o início das especulações sobre a próxima disputa ao Palácio do Planalto daqui a quatro anos. Vitorioso nas urnas, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indicou durante a campanha que não pretende disputar a reeleição – ele terá 81 anos em 2026. Se isso ocorrer, a esquerda terá de ter outro nome para a próxima corrida presidencial.
Já o presidente Jair Bolsonaro (PL) é visto desde já como principal nome da direita para a próxima eleição, principalmente após o pronunciamento desta terça-feira (1º). Mas outros postulantes da direita correm por fora. Diante desse cenário, alguns nomes que tiveram destaque nas eleições de 2022 já são vistos como potenciais presidenciáveis em 2026.
O cientista político Davi Franzon diz que essa situação é típica do processo eleitoral brasileiro. "A política brasileira funciona deste modo: quando acaba uma eleição, a gente começa a fazer cálculo para a próxima. Temos quase que um processo contínuo", afirma.
Zema e Tarcísio surgem como presidenciáveis da direita; esquerda fica "órfã" sem Lula
Na direita, dois nomes são citados como possíveis presidenciáveis se Bolsonaro não concorrer em 2026: o governador reeleito de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e o governador eleito de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos).
Aliados de Zema dizem que, se ele fizer um bom segundo mandato, pode pleitear a Presidência. Seu partido o vê como potencial sucessor de Lula. A vitória do governador em Minas, obtida ainda em primeiro turno, foi uma esperança para o Novo, que registrou em 2022 um desempenho bem pior do que o de quatro anos atrás. E, embora Zema tenha apoiado e feito campanha por Bolsonaro no segundo turno, ele também afirmou ter divergências em relação ao atual presidente – o que deixa em aberto a possibilidade de se lançar como um nome alternativo da direita em 2026.
Já Tarcísio, eleito governador do maior estado do país, naturalmente se tornou um nome forte no plano nacional. Se apresentar resultados positivos em sua gestão, torna-se potencialmente um presidenciável. "Ele contará com a exposição natural do governador de São Paulo", diz Davi Franzon. O histórico dele conta a favor. Tarcísio foi ministro da Infraestrutura de Bolsonaro e deixou o cargo para concorrer ao governo de São Paulo. Enquanto estava na Esplanada, era um dos ministros mais elogiados da equipe do presidente pelos resultados que apresentou.
A professora e cientista política Deysi Cioccari também acredita que os possíveis presidenciáveis da direita serão Zema e Tarcísio.
A esquerda, porém, não tem um nome forte além de Lula. Para Deysi Cioccari, o principal desafio a ser superado pela esquerda nos próximos anos é construir novas lideranças. "É necessário que a esquerda se reorganize e faça uma autorreflexão, coisa que por exemplo o PSDB não conseguiu", diz a cientista política.
Simone Tebet ganha força como nome de centro
Davi Franzon diz que a senadora Simone Tebet (MDB-MS) sai fortalecida da disputa eleitoral e se cacifa para concorrer novamente ao Palácio do Planalto como nome da centro-esquerda. "É impossível não reparar que ela fez uma construção em torno do seu nome desde a CPI da Covid", diz Franzon. Na ocasião, a senadora foi uma das principais vozes críticas à gestão de Bolsonaro, o que deu a ela projeção nacional.
Simone Tebet ficou em terceiro lugar na eleição presidencial e se engajou na campanha de Lula no segundo turno, ganhando elogios inclusive da esquerda. E, embora vá ficar sem mandato no Senado em 2023, pode fortalecer sua liderança. Além disso, é cotada para ser ministra da Educação ou da Agricultura no novo mandato do petista. Ela nega as especulações. Mas, se isso ocorrer, pode ganhar visibilidade.
O senador Paulo Paim (PT-RS) também menciona Tebet como uma potencial candidata em 2026. Para ele, a senadora poderia ser a representante de um processo que caracterizou a eleição de 2022, que foi a união da esquerda e de forças de centro para contra Bolsonaro. "O debate neste aspecto foi produtivo e amadureceu. Nós temos o dever de caminharmos juntos, porque a direita avança pelo mundo", declarou.
Já Deysi Cioccari vê como pouco provável a possibilidade de Simone Tebet agregar o centro e a esquerda. "Ela deve permanecer como uma representante do centro. Ela dialoga com setores que a esquerda tem problemas", diz a pesquisadora, que cita o agronegócio como segmento em que a senadora tem um diálogo pouco comum aos membros da esquerda.
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