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Vacinação de crianças

Presidente da Anvisa pede que Bolsonaro determine investigação na agência ou “se retrate”

Antonio Barra Torres divulgou nota em resposta a questionamentos de Bolsonaro sobre “interesse” da Anvisa ao autorizar vacinação de crianças de 5 a 11 anos (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

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O diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, divulgou nota neste sábado (8) em que pediu que o presidente Jair Bolsonaro determine “imediata investigação policial” sobre ele ou outros funcionários da agência ou “se retrate”.

A nota vem em resposta a uma declaração que o presidente deu esta semana, sobre a autorização da Anvisa para aplicação da vacina contra a Covid-19 da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos.

“O que está por trás disso? Qual o interesse da Anvisa por trás disso aí? Qual o interesse daquelas pessoas taradas por vacina? É pela sua vida, pela sua saúde?”, perguntou o presidente.

Na quarta-feira (5), após consulta e audiência públicas sobre o assunto, o Ministério da Saúde anunciou que a vacinação de pessoas nessa faixa etária começará ainda em janeiro e sem necessidade de prescrição médica.

 Confira a íntegra da nota:

Nota – Gabinete do Diretor Presidente da Anvisa, Sr. Antonio Barra Torres

Em relação ao recente questionamento do Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, quanto à vacinação de crianças de 05 a 11 anos, no qual pergunta “Qual o interesse da Anvisa por trás disso aí?”, o Diretor Presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, responde:

Senhor Presidente, como Oficial General da Marinha do Brasil, servi ao meu país por 32 anos. Pautei minha vida pessoal em austeridade e honra. Honra à minha família que, com dificuldades de todo o tipo, permitiram que eu tivesse acesso à melhor educação possível, para o único filho de uma auxiliar de enfermagem e um ferroviário.

Como médico, Senhor Presidente, procurei manter a razão à frente do sentimento. Mas sofri a cada perda, lamentei cada fracasso, e fiz questão de ser eu mesmo, o portador das piores notícias, quando a morte tomou de mim um paciente.

Como cristão, Senhor Presidente, busquei cumprir os mandamentos, mesmo tendo eu abraçado a carreira das armas. Nunca levantei falso testemunho.

Vou morrer sem conhecer riqueza, Senhor Presidente. Mas vou morrer digno. Nunca me apropriei do que não fosse meu e nem pretendo fazer isso, à frente da Anvisa. Prezo muito os valores morais que meus pais praticaram e que pelo exemplo deles eu pude somar ao meu caráter.

Se o senhor dispõe de informações que levantem o menor indício de corrupção sobre este brasileiro, não perca tempo nem prevarique, Senhor Presidente. Determine imediata investigação policial sobre a minha pessoa, aliás, sobre qualquer um que trabalhe hoje na Anvisa, que com orgulho eu tenho o privilégio de integrar.

Agora, se o Senhor não possui tais informações ou indícios, exerça a grandeza que o seu cargo demanda e, pelo Deus que o senhor tanto cita, se retrate.

Estamos combatendo o mesmo inimigo e ainda há muita guerra pela frente.

Rever uma fala ou um ato errado não diminuirá o senhor em nada. Muito pelo contrário.

Antonio Barra Torres/Diretor Presidente – Anvisa/Contra-Almirante RM1 Médico/Marinha do Brasil

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