O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, fez duras críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante seu discurso na Cúpula da Amazônia. Tema de conflito entre os países amazônicos, o colombiano voltou a se opor à exploração de petróleo na região. De acordo com ele, um posicionamento contrário ao seu é uma conduta “negacionista” dos que se dizem progressistas.
“A política não consegue se destacar dos interesses econômicos que derivam do capital fóssil. Por isso, a ciência se desespera [...], vendo na política uma espécie de muro silencioso que não pode atuar. Por isso as COPs fracassam”.
O colombiano defende que "as forças progressistas deveriam estar sintonizadas com a ciência". "[Os governos de direita] têm essa fonte de escape muito fácil através do negacionismo, de negar a ciência. Para os progressistas, é muito difícil, então isso gera outros tipos de negacionismos que é: vamos postergar as decisões", disse Petro.
A exploração de petróleo na região amazônica tem sido um tema de embate entre os oito países que compartilham o bioma (Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Guiana, Venezuela e Suriname). Brasil, Venezuela, Guiana e Suriname não descartam esta possibilidade. Em solo brasileiro, inclusive, Lula tem apoiado a exploração do recurso na Foz do Rio Amazonas.
Por outro lado, Peru e Colômbia têm sido grande opositores desse tipo de exploração. “Estamos às margens da extinção da vida e é nesta década que devemos tomar decisões. Somos nós, os políticos, que devemos tomar essas decisões. Nós durante esse tão rápido período presidencial que temos. O que estamos fazendo além dos discursos como esses?”, reforçou o presidente colombiano.
Para Petro, as políticas ambientais precisam ir além do desejo de extinguir o desmatamento no bioma, como tem defendido o mandatário brasileiro.
Pedido de recursos financeiros a países desenvolvidos
Ainda em seu discurso, o colombiano criticou a cobrança de recursos financeiros feita a países desenvolvidos. A prática tem sido bastante adotada por Lula, por meio do Fundo Amazônia, e inclusive foi citada pelo petista durante seu discurso na Cúpula nesta terça-feira (8). Mas Petro se opôs a essa estratégia.
"Pedir que nos deem dinheiro não é suficiente. Essa é uma maneira retórica do Norte dizer que está fazendo algo. Se nós valorizarmos [a Amazônia], ela vale muito mais. Não é com presente do Norte que vamos fazer isso", disse o colombiano.
A Cúpula da Amazônia acontece em Belém desde o último dia 4. O encontro reúne os oito países amazônicos e alguns convidados, escolhidos pelo governo brasileiro. Além dos oito países que formam o bioma, França, Alemanha, Noruega, Indonésia, República do Congo (Brazzaville), República Democrática do Congo (Kinshasa) e São Vicente e Granadinas também foram convidados.
Conforme informou o Ministério de Relações Exteriores anteriormente, os convites feitos a países desenvolvidos tem o intuito de atrair investimento para financiar os planos de sustentabilidade e proteção na região.
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