O presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Adalberto Eberhard, pediu exoneração do cargo nesta segunda-feira (15). Em carta enviada ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, Eberhard alegou “motivos pessoais” para o pedido.
A decisão, porém, ocorre dois dias depois de uma reunião conturbada com ruralistas no Rio Grande do Sul. No sábado (13), enquanto visitavam a região do Parque Nacional Lagoa do Peixe, no sul do Rio Grande do Sul, Salles ameaçou abrir um processo administrativo contra servidores do ICMBio por eles não estarem presentes à reunião na qual os dois estavam na cidade de Tavares. A sede do ICMBio responsável pelo parque fica na cidade vizinha de Mostardas, a 29 km de distância.
Leia também: Censura do STF a sites reacende pressão por CPI da Lava Toga
Em entrevista à reportagemo, em condição de anonimato com medo de represálias, um dos funcionários disse que eles não foram convidados para tal reunião e que o encontro não estava previsto na agenda do ministro na região. A ideia era que ele, depois de visitar a sede do órgão, faria um passeio pelo parque. Segundo este funcionário, porém, depois de ficar alguns minutos na sede, ele saiu do local sem dizer para onde iria.
Salles e Eberhard foram para um encontro com representantes de produtores e do agronegócio local e também de moradores do parque que ainda vivem na região, apesar de o parque ter sido criado em 1986. Após ouvir queixas do pescador Jair Lucrécio, que disse que o parque só fez o povo “sofrer e chorar”, Salles questionou se não havia ali nenhum funcionário do ICMBio presente. “Não tem nehum funcionário?”, disse na sequência.
“Vocês vejam a diferença de atitude: está aqui o presidente do ICMBio, Adalberto Eberhard, que, embora seja um ambientalista histórico, uma pessoa respeitada no setor, é uma pessoa que veio aqui ouvir a opinião de todos vocês, ouvir as experiências. E na presença do ministro do Meio Ambiente e do presidente do ICMBio, não há nenhum funcionário aqui, embora eles tenham nos esperado em Mostardas”, continuo o ministro, como pode ser observado em vídeo divulgado por participantes.
“Eu determino a abertura de processo administrativo disciplinar contra todos os funcionários por desrespeito à figura do ministro, do presidente do ICMBio e do povo do Rio Grande do Sul com essa atitude”, afirmou.
Leia também: Invasões de terra despencam após posse de Bolsonaro
O ministro prosseguiu, dizendo que “o momento da perseguição às pessoas de bem nesse País acabou”. “Foi com a eleição de nosso presidente, Jair Bolsonaro. Com restabelecimento da segurança jurídica, do devido processo legal, do respeito a quem produz e quem trabalha, nós vamos recolocar o Brasil no caminho certo.”
Salles disse que a criação do parque foi importante para chamar a atenção para uma área que é sensível. “Mas em que termos nós vamos fazer a importante defesa do meio ambiente, da fauna, da flora, das aves migratórias, enfim, com uma espécie que vem sendo ameaçada no Brasil, que é o ser humano?”
A reportagem questionou o presidente do ICMBio sobre a situação a que os funcionários do instituto ficaram expostos no fim de semana, após as declarações do ministro. Ele também foi perguntado se concordava com a atitude de Salles, mas não respondeu ao pedido de esclarecimentos. A informação sobre o pedido de exoneração começou a aparecer por volta de 17h. Nem o Ministério do Meio Ambiente nem o ICMBio se pronunciaram até o momento.
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF
Deixe sua opinião