Após a prisão do ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz, o presidente Jair Bolsonaro convocou na manhã desta quinta-feira (18) seus principais auxiliares para traçar uma estratégia de reação. O clima no governo é tenso e o desafio do Planalto é como explicar o envolvimento do advogado Frederick Wassef, que representa o senador Flávio Bolsonaro e o presidente, no "desaparecimento" de Queiroz.
O ex-assessor foi localizado pela polícia em um imóvel que, segundo as investigações, pertence a Wassef. De acordo com caseiros da propriedade, o ex-assessor estava há um ano no local. Neste período, o advogado, o senador e Bolsonaro negaram saber o paradeiro de Queiroz.
Um dos convocados para a reunião é o ministro da Justiça, André Mendonça. O encontro não estava previsto na agenda. O ministro Jorge Oliveira, da Secretaria-Geral da Presidência e subchefe de Assuntos Jurídicos, e assessores do gabinete também participaram da conversa, segundo integrantes do governo.
A avaliação no Palácio do Planalto é que a prisão do ex-assessor parlamentar em um endereço ligado ao advogado do presidente colocou o caso da "rachadinha" dentro do Palácio do Planalto. Dede o início das investigações do suposto esquema de rachadinha na Assembleia Legislativa do Rio, o governo trabalhou para blindar o mandato atual do presidente.
Embora a agenda oficial só registre três encontros do presidente com Wassef, o advogado, que atua no caso Adélio Bispo e se apresenta como consultor jurídico da família, é presença constante no Planalto e no Palácio da Alvorada. No dia 9 de junho, Wassef esteve com o presidente e deixou o Planalto por volta das 20h. O encontro não consta da agenda. Na quarta-feira (17), esteve na posse do novo ministro das Comunicações, Fábio Faria.
No dia em que Bolsonaro fez um pronunciamento após o ex-ministro Sérgio Moro se demitir, em 24 de abril, o advogado também estava presente nos bastidores. No dias seguintes, em meio à escolha do novo chefe da Polícia Federal, o advogado também se reuniu no Palácio do Alvorada, sem registro na agenda.
Wassef é visto com desconfiança pelos assessores mais próximos de Bolsonaro. O presidente chegou a ser aconselhado a dispensá-lo, mas o modo como agiu justamente no caso Queiroz o garantiu por perto, contam pessoas próximas ao presidente.
O principal momento foi quando Wassef conseguiu suspender no Supremo Tribunal Federal (STF), por meio de decisão do ministro Dias Toffoli, todas as investigações feitas com base no compartilhamento de dados bancários sem autorização judicial, atendendo ao pedido da defesa de Flávio Bolsonaro.
A atuação de Wassef também levanta a suspeita sobre uma possível troca de informações entre investigados, o que pode representar tentativa de obstrução de Justiça. Em entrevistas, o senador também já afirmou não saber o paradeiro do ex-assessor e chegou a alertar que não mantinha mais contato com Queiroz justamente para que não fosse interpretado como crime.
Mais cedo, Bolsonaro deixou o Palácio da Alvorada sem falar com apoiadores. Normalmente, o presidente para por alguns minutos em frente à residência oficial para conversar com as pessoas que o aguardam na entrada da residência oficial.
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