O projeto-piloto criado pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, para reduzir a criminalidade e o número de homicídios nas cidades mais violentas do país deve virar um programa de governo e alcançar 60 municípios até 2022. O Em Frente Brasil foi lançado em 2019 em cinco cidades — uma em cada região do país. Até o fim deste ano, a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), subordinada ao Ministério da Justiça e ao comando do atual ministro André Mendonça, pretende lançar o programa oficialmente em outros 15 municípios brasileiros.
Em junho deste ano, já depois da saída de Moro do cargo, o governo federal autorizou a prorrogação do emprego da Força Nacional de Segurança Pública no Em Frente Brasil por 180 dias.
Ainda neste ano, o Em Frente Brasil deve deixar de ser um projeto-piloto e se tornar o Programa Nacional de Enfrentamento aos Homicídios e à Criminalidade Violenta. A princípio, mais 15 municípios vão integrar o programa do governo federal, que prevê uma atuação conjunta entre vários ministérios e esferas de governo para atacar as causas da criminalidade.
“O Em Frente Brasil tem a particularidade de identificar causas da violência”, defende o secretário nacional de Segurança Pública, Carlos Renato Machado Paim. “Quando existe ordem pública é porque o Estado está presente”, completa.
O projeto-piloto tem sido utilizado pela Senasp para identificar os fatores que têm relação com a criminalidade violenta em cada uma das cidades que participam do Em Frente Brasil. São elas: Goiânia (GO), Ananindeua (PA), Cariacica (ES), Paulista (PE) e São José dos Pinhais (PR).
De acordo com a Senasp, os índices de criminalidade mostram que 120 cidades brasileiras são responsáveis por 50% dos homicídios no Brasil todos os anos. Dentro desses municípios, os crimes estão concentrados em 10% dos bairros. O plano do governo federal é abarcar pelo menos metade dessas cidades, ou seja, 60, até o fim de 2022 no Programa Nacional de Enfrentamento aos Homicídios e à Criminalidade Violenta.
Além do Ministério da Justiça, outras pastas participam do projeto-piloto e devem integrar o programa oficial do governo, como os Ministérios da Educação, da Cidadania, da Saúde, entre outros. Secretarias de estados e municípios também participam do planejamento das ações.
“Segurança pública não é só colocar viatura na esquina, é envolver os demais atores em uma pasta de ordem pública”, diz Paim. “O Em Frente Brasil tende a ser tanto um laboratório, uma escola, quanto uma prática de segurança pública”, completa.
Segundo o titular da Senasp, o projeto-piloto nos cinco primeiros municípios será mantido como forma de um “laboratório permanente” para guiar as ações do programa nacional. O Programa Nacional de Enfrentamento aos Homicídios e à Criminalidade Violenta deve consolidar as lições aprendidas durante o projeto-piloto e estruturar uma arquitetura escalável para as demais cidades brasileiras.
O Ministério da Justiça não informou quanto já foi investido no projeto-piloto, nem qual a expectativa de orçamento para o programa.
Homicídios diminuem em três das cinco cidades-teste
O projeto-piloto foi lançado em agosto do ano passado e era a principal aposta de Moro para combater o crime violento. O projeto é inspirado em uma experiência adotada em Portugal para diminuir índices de violência. O projeto-piloto envolve uma cidade de cada região do país, com altos índices de criminalidade: Goiânia (GO), Ananindeua (PA), Cariacica (ES), Paulista (PE) e São José dos Pinhais (PR).
O projeto-piloto apresentou bons resultados em três das cinco cidades onde está sendo testado. Os resultados mais expressivos ocorreram em Ananindeua. A cidade conseguiu reduzir em 62,7% os homicídios nos primeiros quatro meses do Em Frente Brasil, de setembro a dezembro de 2019, em comparação com o mesmo período do ano anterior. No primeiro semestre deste ano, a redução foi de 48,9% em comparação com o mesmo período do ano passado.
Goiânia também viu uma redução significativa nos homicídios registrados na cidade. Nos quatro primeiros meses do projeto-piloto houve uma redução de 39,2% em comparação com o mesmo período de 2018. Já no primeiro semestre deste ano, a redução foi de 32% em relação ao mesmo período do ano passado.
Em Paulista, houve uma redução de 16% no número de homicídios entre setembro e dezembro do ano passado, com a chegada do projeto-piloto. Nos seis primeiros de 2020, os homicídios caíram 30,6% em relação ao mesmo período de 2019.
Enquanto isso, as cidades de São José dos Pinhais e Cariacica voltaram a ver o número de assassinatos crescer em 2020, apesar do Em Frente Brasil.
Em São José dos Pinhais, houve aumento de 28% no número de homicídios no primeiro semestre, em comparação com os seis primeiros meses de 2019. Nos primeiros quatro meses de implementação do projeto-piloto, a cidade conseguiu reduzir as mortes violentas em 23%.
Já em Cariacica, a redução foi menor no início da vigência do projeto-piloto: 3,9%, em relação ao mesmo período de 2018. Já no primeiro semestre de 2020, a cidade registrou um aumento de 19,5% de assassinatos em relação aos primeiros seis meses de 2019.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Deputados da base governista pressionam Lira a arquivar anistia após indiciamento de Bolsonaro
A gestão pública, um pouco menos engessada
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF
Deixe sua opinião