O pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro, exibido na noite desta terça-feira (24), provocou reações da cúpula do Congresso Nacional, de governadores e até do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Na fala, Bolsonaro minimizou a crise do novo coronavírus, pedindo que os cidadãos com menos de 60 anos deixassem o isolamento social para impedir que haja maiores repercussões na economia. Também houve registro de panelaços durante o discurso.
Logo após o pronunciamento, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), divulgou nota assinada em conjunto com o vice-presidente da Casa, Antonio Anastasia (PSD-MG). No texto, ambos classificam o posicionamento do presidente como "grave", afirmando que as falas de Bolsonaro vão contra o que a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) tem recomendado.
"Neste momento grave, o país precisa de uma liderança séria, responsável e comprometida com a vida e a saúde da população", diz o texto.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se posicionou no Twitter, dizendo que o pronunciamento foi "equivocado ao atacar a imprensa, os governadores e especialistas em saúde pública". "O Congresso está atento e votará medidas importantes para conter a pandemia e ajudar os empresários e trabalhadores. Precisamos de paz para vencer este desafio", completou.
Também no Twitter, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que a experiência internacional e as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) devem ser seguidas "rigorosamente". "As agruras da crise, por mais árduas que sejam, não sustentam o luxo da insensatez", conclui o post.
Governadores afirmam que irão manter medidas de combate ao vírus
O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), fez um vídeo em que pede que as pessoas permaneçam em casa. O Rio é um dos estados mais afetados pelo novo vírus no país. "A manifestação do presidente contraria as determinações da OMS. Nós continuaremos firmes, seguindo as orientações médicas e preservando vidas", disse.
Flávio Dino (PCdoB), governador do Maranhão, afirmou que o pronunciamento demonstra haver "poucas esperanças" de que Bolsonaro exerça a Presidência "com responsabilidade e eficiência". "Os danos são imprevisíveis e gravíssimos", concluiu.
FHC classifica pronunciamento como "desastrado"
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, por sua vez, disse que Bolsonaro "repetiu opiniões desastradas sobre a pandemia". "O momento é grave, não cabe politizar, mas opor-se aos infectologistas passa dos limites. Se não calar estará preparando o fim", sentenciou FHC.
Presidenciáveis se manifestam sobre pronunciamento de Bolsonaro
Fernando Haddad, que concorreu com Bolsonaro pela Presidência, afirmou que as consequências da fala "custarão caro" ao país.
Marina Silva disse que o pronunciamento foi "arrogante, irresponsável e desrespeitoso", e que desautorizou os procedimentos que têm se mostrado eficazes no combate à Covid-19.
João Amoêdo, que disputou a Presidência da República em 2018 pelo partido Novo, classificou a fala como "inaceitável" e sugeriu uma possível renúncia de Bolsonaro.
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