Partidos e movimentos de esquerda se organizam para fazer frente às manifestações de apoio ao governo do presidente Jair Bolsonaro em 7 de setembro. A Campanha Nacional Fora Bolsonaro está convocando protestos em várias cidades do país para o Dia da Independência, com pautas que pedem desde o impeachment de Bolsonaro até a elevação do auxílio emergencial para R$ 600.
A organização da campanha informou que há protestos marcados para cerca de 80 cidades no Brasil. A maior concentração deve ocorrer em São Paulo, no Vale do Anhangabaú.
Quem está convocando a manifestação
Partidos políticos - Dentre os partidos de esquerda, PT, Psol, PSTU, PCB, Unidade Popular (UP) e PCO estão convocando seus seguidores para os atos contra o presidente. Já o PCdoB e PDT não estão se divulgando os protestos em suas redes sociais oficiais. Os organizadores explicaram à Gazeta do Povo que a adesão desses partidos varia de acordo com a cidade. Em São Paulo, por exemplo, o PCdoB está ativo na coordenação do ato.
Frente Brasil Popular – movimento composto por cerca de 80 organizações, dentre sindicatos, movimentos sociais sociais e partidos. Fazem parte, por exemplo, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e partidos políticos de esquerda, como o PT.
A frente surgiu em 2015, para se posicionar contra o impeachment de Dilma Rousseff e contra as políticas de ajuste fiscal que vinham sendo impulsionadas pelo então ministro da Economia, Joaquim Levy. No manifesto de criação, o grupo também defendeu a reforma do judiciário, a desmilitarização das polícias militares, a reforma agrária e a “democratização dos meios de comunicação de massa” para que “o povo tenha acesso a uma informação plural”, entre outras iniciativas.
Frente Povo Sem Medo - A Frente Povo Sem Medo também surgiu durante o processo de impeachment de Dilma, reunindo movimentos sociais, estudantis, anticapitalistas e sindicais. As pautas que deram origem ao grupo são bastante semelhantes às da Frente Brasil Popular: enfrentamento às políticas de austeridade, enfrentamento ao conservadorismo, reformas populares e taxação dos ricos.
A diferença, segundo explicou o presidente da CUT na época, Douglas Izzo, é que a Frente Povo Sem Medo é “exclusiva de movimentos sociais”, enquanto a Frente Brasil Popular tem participação de partidos políticos. Na época, a Frente Povo Sem Medo era feroz crítica das políticas econômicas do governo, enquanto sua "irmã" tinha como prioridade denunciar o impeachment contra Dilma como um “golpe”. Um dos principais nomes da Frente Povo Sem Medo é o do coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos.
Campanha Nacional Fora Bolsonaro - é um esforço desses grupos de esquerda para coordenar os protestos contra o governo de Jair Bolsonaro. Foram eles que estiveram à frente da organização das últimas mobilizações nacionais contra o presidente, que ocorreram em 29 de maio, 19 de junho e 24 de julho.
Há mais de 100 organizações sociais e partidos de esquerda envolvidos, diz o coordenador nacional da Central de Movimentos Populares (CMP), Raimundo Bonfim, integrante da campanha. Entre essas organizações estão: Coalizão Negra por Direitos, União Nacional dos Estudantes (UNE), a CMP e a Uneafro Brasil.
A Articulação Povo na Rua - criada há poucos meses, também promove atos contra Bolsonaro. Em suas redes sociais, o grupo, que considera o presidente um “neofascista”, está anunciando os horários do começo das manifestações em várias capitais.
Protestos contra Bolsonaro se somam ao Grito dos Excluídos
A Campanha Fora Bolsonaro vai se somar ao 27.º Grito dos Excluídos, promovido anualmente em 7 de setembro pela Pastoral Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e por outras organizações sociais. O tema deste ano será “Vida em Primeiro lugar: Na luta por participação popular, saúde, comida, moradia, trabalho e renda já!".
"O Grito dos Excluídos acontece há 21 anos no 7 de setembro, com pautas variadas. Neste, é por renda, comida, trabalho, moradia. É dever da oposição, dos democratas, estarem na rua ao lado do povo neste momento de dificuldade e deixar claro pelo que lutamos", tuitou Gleisi Hoffmann, deputada federal e presidente do PT.
Quais são as pautas da esquerda
São seis as principais reivindicações dos grupos de esquerda que vão às ruas no 7 de setembro:
- Impeachment do presidente Jair Bolsonaro.
- Auxílio emergencial de R$ 600 até o fim da pandemia.
- Apoio ao trabalho da CPI da Covid.
- Combate ao aumento da inflação e da fome.
- Oposição às privatizações e à PEC da reforma administrativa, defendidas pelo governo Bolsonaro.
- Soberania das instituições.
Como será o protesto contra Bolsonaro em São Paulo
Em São Paulo, o ato está marcado para as 14h de 7 de setembro, no Vale do Anhangabaú, no centro da cidade. Inicialmente, a Campanha Fora Bolsonaro previa a realização do protesto na Avenida Paulista, mas o local já havia sido liberado para manifestação de apoiadores do presidente.
Na semana passada, o governador de São Paulo, João Doria, vetou a realização do evento da esquerda por questões de segurança, para evitar confronto entre os grupos contra e a favor do governo. Contudo, após petição de organizações sindicais, o Tribunal de Justiça de São Paulo determinou que o governador do PSDB não pode proibir os atos contra Bolsonaro em 7 de setembro, desde que eles ocorram em locais distintos dos das manifestações pró-governo.
Segundo Ana Moraes, da diretoria do MST, o 7 de setembro foi a data escolhida para mobilizações contra o governo Bolsonaro devido à realização do Grito dos Excluídos – tradicionalmente realizado nesse data.
Sobre as preocupações quanto à segurança, a Campanha Nacional Fora Bolsonaro informou ter sugerido aos coordenadores dos atos que organizassem "brigadas de segurança para identificar problemas e possíveis infiltrados".
"É preciso estar nas ruas, fazer valer a maioria social. Sem cair em provocações, sem estimular o conflito, que só a eles [apoiadores de Bolsonaro] interessa, mas sem deixar nos intimidar pelas ameaças de violência", afirmou Guilherme Boulos, ao convocar seus seguidores para as manifestações contra o governo.
-
-
- Qual é a pauta, quem deve ir e o que esperar das manifestações de rua do 7 de setembro
- Papel institucional das Forças Armadas abre debate sobre “Poder Moderador”; entenda
A festa da direita brasileira com a vitória de Trump: o que esperar a partir do resultado nos EUA
Trump volta à Casa Branca
Com Musk na “eficiência governamental”: os nomes que devem compor o novo secretariado de Trump
“Media Matters”: a última tentativa de censura contra conservadores antes da vitória de Trump
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF
Deixe sua opinião