Lula é aliado antigo do ditador nicaraguense Daniel Ortega.| Foto: Fernando Bizerra Jr./EFE
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Dois dias depois do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) minimizar a situação vivida na Nicarágua com o ditador Daniel Ortega, o PSB, partido do vice-presidente Geraldo Alckmin, adotou um tom mais duro nas críticas ao regime do país centro-americano.

Em uma postagem nas redes sociais nesta quinta-feira (9), o presidente da legenda, Carlos Siqueira, disse que o partido não pode “ficar indiferente às flagrantes violações dos direitos humanos, detenções arbitrárias, julgamentos e exceções sumárias, assassinatos e tortura contra dissidentes políticos, dentre outras práticas típicas de regimes ditatoriais, que ocorrem na Nicarágua” (veja na íntegra).

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“O PSB manifesta seu mais amplo e total repúdio às práticas ditatoriais do senhor Daniel Ortega e se solidariza com o povo nicaraguense, que precisa de um futuro que não reproduza o passado de violência política e social a que vem sendo submetido desde há muito”, disse.

Siqueira afirma, ainda, que a democracia não permite conciliação “em qualquer grau com aqueles que a desafiam, em especial quando isso se dá de modo violento e até mesmo sanguinário”. Nesta semana, o governo brasileiro propôs nas Nações Unidas (ONU) a abertura de um diálogo "construtivo" com Ortega e outros atores relevantes.

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Lula mantém silêncio sobre ditadura de Ortega

No começo desta semana, um relatório da ONU documentou casos de execuções extrajudiciais, detenções arbitrárias, tortura, incluindo violência sexual, privação arbitrária da nacionalidade, entre outros abusos. A opressão contra cristãos também é comum na Nicarágua, onde líderes religiosos foram presos sem julgamento por participarem de manifestações contra Ortega.

Mais recentemente, a ditadura fechou a principal entidade patronal do país, em um dos golpes mais duros já desferidos pelo regime contra as câmaras empresariais da Nicarágua.

No entanto, mesmo com as informações consolidadas pela ONU, Lula vinha sendo reticente em condenar o regime de Ortega, e a diplomacia chegou a se negar a assinar uma declaração conjunta pactuada por 55 países contra o ditador nicaraguense. Dias depois, quando o governo propôs o estabelecimento de um “diálogo construtivo”, o embaixador brasileiro chegou a dizer que o Brasil estava "preocupado" com os abusos cometidos na Nicarágua, mas evitou emitir uma condenação contundente contra Ortega.

"O governo brasileiro acompanha os acontecimentos na Nicarágua com grande atenção e está preocupado com os relatos de sérias violações dos direitos humanos e restrições ao espaço democrático naquele país. Em particular, execuções sumárias, detenções arbitrárias e tortura contra dissidentes políticos" disse o embaixador Tovar da Silva Nunes durante sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU na terça (7) em Genebra, na Suíça.

Ele disse, ainda, que o Brasil “está pronto para explorar meios para que essa situação seja tratada construtivamente em diálogo com o governo da Nicarágua e todos os atores relevantes”. Tovar também afirmou que o Brasil está aberto para dar asilo aos mais de 300 nicaraguenses expulsos do país pelo regime Ortega.

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]