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PSDB se divide sobre oposição a Lula e avalia nova federação

PSDB
Governador eleito do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite é uma das lideranças do PSDB nesta nova fase do partido. (Foto: Fernando Bizerra/EFE)

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O PSDB reunirá suas lideranças nesta quarta-feira (9) para decidir o posicionamento do partido em relação ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a partir de 2023. Mais uma vez, eles estão divididos.

Nomes históricos da legenda como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o senador Tasso Jereissati, o ex-governador de São Paulo José Serra e os ex-senadores Aloysio Nunes e José Aníbal declararam apoio à candidatura de Lula durante o segundo turno.

Em entrevista ao O Globo, Tasso afirmou que conversou com Lula após o resultado das eleições, mas que defende o PSDB sendo "independente" e em uma "oposição não sistemática" durante a gestão presidencial do petista.

Já os governadores eleitos no Rio Grande do Sul e Pernambuco, Eduardo Leite e Raquel Lyra, respectivamente, pregam a neutralidade, enquanto o novo chefe do executivo sul-mato-grossense, Eduardo Riedel, adota uma postura de oposição ao PT e Lula.

Alguns deputados eleitos pela sigla em 2022 têm se mantido neutros, enquanto outros já se colocam na oposição, como os deputados reeleitos Lucas Redecker (RS) e Carlos Sampaio (SP).

O presidente do PSDB, Bruno Araújo, indicou, logo após o segundo turno das eleições, que há um perfil na bancada de parlamentares do partido e do Cidadania, com quem forma uma federação partidária, que "aponta para um ambiente de oposição".

"O PSDB sempre assumiu uma postura de oposição responsável nas eleições em que foi derrotado nas disputas com o PT. Oposição à irresponsabilidade fiscal e a discursos de controle da mídia. E sempre foi favorável e votou matérias que eram bandeiras históricas do partido, como temas relacionados à eficiência do Estado. Vamos ouvir os governadores eleitos, a nova bancada, a Executiva e veremos qual o posicionamento nessa nova realidade", declarou Araújo em entrevista recente ao O Globo.

Leite, que é uma das novas lideranças do partido e cotado para ser o futuro presidente do PSDB, defendeu que o partido deve se colocar como referência entre os partidos de centro no Brasil e como oposição ao PT.

"O PT fez uma dura oposição aos projetos mais estruturantes do nosso mandato. Penso menos no PSDB e penso mais na política brasileira, que precisa ter força no centro democrático. Não é sobre o PSDB e sim sobre um projeto de Brasil para o centro democrático. Essa discussão precisa do envolvimento de outros partidos para que dê certo", explicou Leite.

Riedel: PSDB deve assumir protagonismo na direita

O discurso de Leite é seguido pelo governador eleito no Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel. O tucano sul-mato-grossense, porém, avalia que o partido deve assumir maior protagonismo entre os eleitores de direita no Brasil.

"O resultado das urnas mostra que a direita se fez maioria no Congresso e isso reflete o que quer a sociedade. É um ponto que precisa gerar grande reflexão após as eleições para todos os partidos, inclusive o PSDB. Acredito que este é o momento do PSDB refletir sobre sua linha ideológica e se apresentar, de fato, à sociedade como uma resposta clara aos problemas do país", disse Riedel à Gazeta do Povo.

As eleições de Leite, Lyra e Riedel auxiliaram o partido a manter relevância nacional após um desempenho ruim no primeiro turno. A legenda não elegeu nenhum senador, além de ter registrado diminuição na Câmara dos Deputados de 32 para 13 parlamentares.

A federação PSDB-Cidadania soma 18 deputados dentro do Congresso Nacional. Essa marca é próxima ao limite da cláusula de barreira em 2026, que será de 13 parlamentares e votos válidos para a Câmara dos Deputados em 2,5%.

A cláusula de barreira é um mecanismo criado em 2017 via reforma política com objetivo de reduzir a pulverização partidária no país. Para continuar a ter ter acesso a verbas dos fundos partidário e eleitoral a partir de 2023, as legendas (ou federações) precisaram eleger um mínimo de 11 deputados federais nas eleições de 2022, distribuídos em ao menos nove estados, ou obter 2% dos votos válidos para a Câmara dos Deputados em nove unidades federativas.

Federação com MDB e Podemos é analisada

Como forma de unir os partidos de centro e evitar qualquer risco com a cláusula de barreira, o PSDB tem negociado com o MDB e o Podemos a junção das legendas à federação já existente com o Cidadania. "Se avançar, essa federação poderia ter um papel de independência ao governo federal, mas os partidos teriam absoluta autonomia em relação ao seu posicionamento político", disse Araújo.

Para que a federação seja válida já para a próxima legislatura no Congresso Nacional, os partidos precisam fechar o acordo até 31 de janeiro. Um provável obstáculo para as negociações são as conversas entre o PT e o MDB para uma coalização na base do governo.

Além do MDB, o PT tem conversado com outras legendas de centro, como o PSD de Gilberto Kassab e o União Brasil de Luciano Bivar, para formar uma base no Congresso.

Essas divisões na legenda são um desafio para o futuro do partido. Para Araújo, a retomada do PSDB passa por uma união dentro da legenda, em especial com Eduardo Leite ratificado como presidente e futuro presidenciável.

"Se ele [Leite] avaliar que deve assumir o comando do PSDB, terá um apoiamento muito forte de todos os que fazem o partido. Claro que há um longo caminho pela frente, mas ele é o candidato natural à Presidência em 2026. No entanto, agora é o momento de respeitar o foco que ele precisa ter em seu estado", afirmou o presidente do PSDB.

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