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Delegado Waldir, líder do PSL na Câmara, foi acusado de estar armado na sessão da CCJ. Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Delegado Waldir disse que não fala com Bolsonaro desde a eleição| Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

A possibilidade de uma pacificação no PSL, em crise desde que o presidente Jair Bolsonaro criticou publicamente o comandante nacional da legenda, o deputado Luciano Bivar (PE), foi enterrada em definitivo nesta terça-feira (15). O dia que se iniciou com uma operação da Polícia Federal contra Bivar teve também o partido dificultando uma votação para o governo, o líder da sigla na Câmara dizendo que não fala com Bolsonaro desde a eleição e parlamentares de diferentes estados criticando o comando da legenda.

A bancada do partido havia convocado uma reunião para a tarde da terça, que teria como objetivo tentar ao menos minimizar a crise. Com a operação contra Bivar, o encontro foi cancelado. Em lugar da reunião, o que ocorreu foi uma entrevista coletiva do líder da legenda na Câmara, Delegado Waldir (GO).

E a coletiva serviu para que as perspectivas de paz fossem praticamente descartadas. Embora Waldir tenha dito frases de cunho positivo como “somos todos Bolsonaro”, “não tem divisão no partido” e “não falta transparência nas contas do partido”, também sobraram declarações fortes contra seus adversários na disputa – Waldir está ao lado de Luciano Bivar.

“O PSL não vai expulsar nenhum deputado. Se o parlamentar quer receber isso de presente, não vai acontecer”, afirmou. A expulsão é desejada por parlamentares porque é um tipo de desligamento do partido que não implicaria na perda de mandato por infidelidade partidária.

Waldir falou também que o PSL solicitará o mandato dos deputados que se desfiliarem e que não iniciou nenhuma negociação “pacífica” para a saída dos membros. A deputada Alê Silva (MG) anunciou que pedirá a manutenção do mandato, aos moldes do decidido por deputados de PSB e PDT que votaram a favor da reforma da Previdência.

A possibilidade de expulsão havia sido apresentada pelo deputado Júnior Bozzella (PSL-SP), que citou, além de Silva, Carla Zambelli (SP) e Bibo Nunes (RS) como “candidatos” a serem desligados.

Delegado Waldir também ironizou a operação contra Bivar. “É muito estranho. Fazer busca e apreensão 10 meses depois do início da investigação? Aí é circo”, declarou.

“O PSL não está à venda. Ninguém vai tomar o partido na ‘mão grande’. Quem quiser morar numa casa, tem que construir. Pode até receber a casa de presente, o que não pode é invadir”, apontou. O deputado declarou ainda que não fala com o presidente Bolsonaro desde as eleições do ano passado e, quando perguntado se tem recebido lealdade por parte do presidente, respondeu “não sei”.

Confusão em votação importante na Câmara

Pouco antes da coletiva, Waldir conduziu um dos momentos mais controversos do dia. Na condição de líder da bancada, ele anunciou que o PSL estava em obstrução na votação de um projeto de lei resultante de uma medida provisória (MP) apresentada pelo governo para sua reestruturação administrativa. A obstrução ocorre quando um partido está presente fisicamente no local de votação, mas determina que seus membros não devem ser contabilizados para efeito de quórum. É aplicada para dificultar a votação de projetos.

Ao determinar a obstrução, Waldir posicionou o PSL ao lado de PT, Psol, PSB e PCdoB. O parlamentar minimizou o episódio; disse que optou pela obstrução porque muitos deputados do PSL estavam impossibilitados de comparecer ao plenário e, se a votação ocorresse, levariam falta.

A explicação não convenceu alguns dos colegas de partido. Nas redes sociais, Filipe Barros (PSL-PR) ironizou:

Vice-líder do PSL é removido do posto

Horas depois do imbróglio, a MP acabou aprovada – e com os votos do PSL. Mas os impactos da decisão da obstrução ainda perduraram no plenário. Deputados entenderam o gesto de Waldir como uma sinalização de que o grupo do PSL fiel a Luciano Bivar pode dificultar os trabalhos para o governo dentro da Câmara.

Outro efeito foi a remoção de Cabo Júnio Amaral (MG) do cargo de vice-líder do PSL. O mineiro também é do grupo mais ligado a Bolsonaro e tem entrado em rota de colisão com diferentes lideranças do PSL – além de Waldir, ele trocou farpas públicas com a líder do governo no Congresso, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP). A retirada de Amaral da vice-liderança se deu ao longo das discussões em torno da votação da MP.

À Gazeta do Povo, Amaral disse que o PSL “acabou”. “O partido, como se deu durante a eleição de 2018, com o crescimento e a junção de muitas pessoas, acabou. Vai voltar a ser um nanico”, afirmou. O deputado disse também que não acredita na possibilidade de reconciliação.

Amaral declarou que ainda não foi convidado para ingressar em outro partido e que também não procurou uma nova legenda. “Estamos confiando na orientação e na equipe jurídica do presidente Bolsonaro. Para onde ele for, nós vamos”, apontou.

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