Lula e Fernando Haddad, os dois pré-candidatos do PT para 2022.| Foto: Paulo Pinto/Agência PT
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Sem conseguir a adesão de outros partidos da esquerda para as eleições de 2022, o PT começou a se aproximar de siglas de centro para negociar possíveis alianças. Segundo petistas, o grupo irá apresentar suas propostas para a disputa presidencial a legendas que se “contrapõem ao bolsonarismo”.

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Na semana passada, petistas começaram a sua caravana de negociações por Minas Gerais, com acenos ao PSD do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil. A escolha de Minas ocorreu por ter sido o único estado da região Sudeste em que o PT manteve uma votação expressiva em 2018 – eleição em que Fernando Haddad foi derrotado por Jair Bolsonaro. A tentativa de se aproximar Kalil seria uma tentativa de manter a votação em Minas.

Kalil é atualmente uma das principais lideranças do PSD – foi reeleito no ano passado com mais de 60% dos votos ainda no primeiro turno; e almeja disputar o governo estadual no ano que vem. Uma aliança com o PT tiraria o PSD de uma possível esfera de influência de Bolsonaro – atualmente, setores da legenda têm mantido proximidade com o presidente. Outro motivo para a investida petista para se aliar ao PSD é que o presidente da legenda, Gilberto Kassab, foi ministro de Cidades durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

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Apesar disso, aliados do prefeito afirmaram que as conversas com Fernando Haddad e lideranças do PT foram apenas preliminares e ocorreram apenas como cortesia. Kalil é hoje um dos maiores interlocutores do seu partido e articulou, por exemplo, a aliança que definiu o apoio do PSD a candidatura de Rodrigo Pacheco (DEM-MG) durante a disputa pela presidência do Senado no começo deste ano. Pacheco foi eleito com o apoio de Bolsonaro.

“Ele [Kalil] sempre conversa com todos que o procuram. Hoje o grupo que compõe a aliança que o reelegeu conta com outros partidos. Então uma composição com o PT em Minas teria que ser discutida com todo o grupo. E a posição do PSD deverá ser fechada pela Executiva”, admitiu um aliado do prefeito de Belo Horizonte. Durante a eleição municipal o bloco de Kalil foi composto pelo MDB, DC, PP, PV, Rede, Avante e PDT.

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Para o deputado Fábio Trad (PSD-MS), esses tipos de conversas com outros partidos são naturais sempre que antecedem os períodos eleitorais. Mas que ainda não há nada de concreto para 2022. Vice-presidente do PSD e senador por Minas Gerais, Carlos Viana afirma que Alexandre Kalil pode conversar com qualquer pessoa ou sigla, mas a decisão do PSD sobre as eleições presidenciais só será resolvida no ano que vem. “Eu particularmente não faria alianças com o PT”, diz Viana.

Além disso, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, também é próximo do governador de São Paulo, João Doria (PSDB). O tucano tenta viabilizar sua candidatura à Presidência em 2022 numa aliança que tenha o PSD.

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Quais outros partidos de centro estão na mira do PT

Mesmo que não consiga fechar com o PSD, a estratégia do PT, segundo integrantes da bancada petista, passa por alianças e acenos regionais – incluindo partidos de centro. Por isso, a aproximação com Kalil em Minas Gerais poderia render frutos no ano que vem.

“O Kalil tem se mostrado um prefeito preocupado com as pautas em que o PT tem convergência. Um exemplo é a vacina [contra a Covid-19]. Entendo que esse encontro com um dos maiores prefeitos do Brasil se passa pela pauta de interesses do Brasil”, admite o deputado Odair Cunha (PT-MG).

Segundo o parlamentar mineiro, Fernando Haddad irá rodar o país e se encontrar com prefeitos e lideranças de diversos partidos, independente da ideologia. O posicionamento visa reduzir uma polarização contra Jair Bolsonaro no ano que vem.

“O Haddad vai rodar o Brasil mostrando seu projeto para o país. Vamos apresentar as propostas para estabelecer um diálogo eleitoral em torno dos problemas que estão colocados neste momento”, completa Cunha.

Além de Kalil do PSD, a caravana petista deverá marcar nas próximas semanas com outros prefeitos de capitais – como Dr. Furlan (Cidadania), prefeito de Macapá; e João Henrique Caldas (PSB), de Maceió.

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Sem eleger nenhum prefeito de capital nas eleições municipais do ano passado, os petistas avaliam que essa aproximação é o melhor caminho para a disputa presidencial.

“Ainda estamos focados em desenhar um cenário de possíveis alianças pelo país. Acredito que alguns partidos de centro que são menos fisiológicos podem fechar apoio ao PT, pois muitos integrantes dessas siglas divergem de uma aliança com Bolsonaro em 2022”, diz um integrante do PT na Câmara.

Outras lideranças de partidos como Pros, PMN e PMB também deverão se reunir com os petistas nos próximos meses.

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Outras siglas de esquerda tentam construir seus próprios projetos

O PT não consegue fechar alianças na esquerda para 2022, principalmente devido ao fato de que o partido quer ter o candidato a presidente e admite no máximo ceder a vaga de vice para possíveis aliados. Até agora, as principais siglas desse campo político vem se movimento em direção diferente à do PT e tentam construir seus próprios projetos para as eleições de 2022.

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O PDT não aceita as condições propostas pelo PT e insiste em lançar o ex-governador Ciro Gomes para o Planalto. Recentemente, Ciro inclusive recebeu a sinalização de que a Rede, de Marina Silva, poderá vir a apoiá-lo.

Já o PCdoB, tradicional aliado do PT nas eleições ao Planalto, tem hoje um presidenciável: Flávio Dino, o governador do Maranhão. Além disso, PCdoB e PSB negociam uma possível fusão. E as suas siglas também mantém conversas com o apresentador de TV Luciano Huck, outro possível candidato.

Já o Psol avalia a possibilidade de lançar Guilherme Boulos à Presidência, após a boa votação que ele teve na disputa à prefeitura de São Paulo em 2020.

Lula ou Haddad: quem será o candidato do PT?

No mês passado, o PT lançou a pré-candidatura de Fernando Haddad à Presidência. Mas nenhuma liderança do partido tem certeza se ele será mesmo o candidato petista em 2022. Isso porque o PT ainda sonha com a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva – caso ele consiga reaver seus direitos políticos a tempo das eleições.

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Lula tem duas condenações na segunda instância, ambas decorrentes de processos da Lava Jato. Isso o torna inelegível, segundo a Lei Eleitoral.

Mas, neste primeiro semestre, o Supremo Tribunal Federal (STF) vai julgar a ação em que Lula pede a suspeição do ex-juiz Sergio Moro na ação do tríplex do Guarujá (SP) – um nos quais ele foi condenado. Caso Moro seja declarado parcial pelo STF, a as condenações do tríplex, mesmo a de segunda instância, podem ser anuladas. E o ex-presidente pode pedir a extensão desse entendimento para as condenações do caso do sítio de Atibaia. Se a Justiça concordar com esse argumento, Lula poderia concorrer em 2022.

Por enquanto, os petistas afirmam que aguardam Lula ser vacinado contra a Covid-19 para que ele se junte a Haddad nas viagens pelo país. O ex-presidente tem 75 anos e, no fim de janeiro, admitiu que contraiu a doença durante uma viagem que fez para Cuba.

Lula chegou a ser convidado por João Doria para tomar a vacina Coronavac em uma cerimônia com outros ex-presidentes, mas o petista rejeitou o convite.