A Fundação Perseu Abramo, braço teórico do PT, publicou nesta terça-feira (13) uma cartilha para orientar o diálogo entre candidatos do partido com evangélicos para as eleições municipais. O objetivo do material é mostrar “como conversar com os cristãos evangélicos do país” a lideranças políticas e militantes da sigla.
O presidente Lula (PT) e a legenda enfrentam resistência no segmento e, por consequência, na bancada evangélica no Congresso. Na campanha de 2022, Lula lançou a "carta aos evangélicos". No entanto, desde o início da gestão, o mandatário tenta melhorar sua aprovação entre o grupo religioso.
A "Cartilha Evangélica: Diálogo nas Eleições" tem nove páginas e é dividido entre o que se deve ou não fazer ao se aproximar do grupo. Na seção sobre “o que não fazer”, a fundação alerta aos candidatos para não usarem o nome de Deus em vão.
“Não tomar o nome de Deus em vão é um dos Dez Mandamentos (Êxodo 20) conhecidos por todos os cristãos, que motiva a recomendação para não ficar citando Deus a cada momento”, diz a cartilha.
O documento ressalta que o candidato deve mencionar Deus somente se falar efetivamente sobre Ele. “Para quem não acredita, o melhor é não falar sobre isso e não tentar citar a Bíblia sem a conhecer, sob risco de prejudicar sua credibilidade e criar resistências”, indica o texto.
PT pede que candidatos evitem generalizar evangélicos
A entidade petista pede aos membros do partido que não associem críticas a pastores e crentes à sua fé. E aponta que “ninguém deve ser considerado mais cristão que outra pessoa”, por isso “é inócuo – e pode soar como perseguição religiosa – tentar associar e generalizar erros ou crimes de evangélicos, sejam eles pastores ou não, à sua fé”.
Além disso, em diversos trechos do conteúdo é reforçado que os evangélicos não são “todos iguais”, pois existem diferenças de denominações e diversidade política dentro do movimento. “Nós, os evangélicos, somos parte da grande diversidade brasileira e, assim, também somos plurais entre nós mesmos”, afirma.
Não tratar evangélicos como "fundamentalistas"
A fundação do PT reforça que os candidatos não devem tratar os evangélicos como se fossem “fundamentalistas”, citando uma declaração do pastor norte-americano Harry Emerson Fosdick, que defendia que “todo fundamentalista é conservador, mas nem todo conservador é fundamentalista”.
“Ainda que haja vários evangélicos conservadores ou moralistas, não convém unificá-los sobre esse tipo de classificação, muito menos de fundamentalistas”, alerta o material. A generalização, segundo a cartilha, demonstra preconceito e pode ser interpretada como perseguição religiosa, que pode levar os evangélicos ao fundamentalismo.
Estado laico x demonstrações religiosas
O texto pede ainda que militantes e candidatos sejam compreensivos com demonstrações de fé. “O Estado é laico, mas as pessoas muitas vezes não o são”, diz um trecho do conteúdo.
“Permitir a expressão religiosa sempre que não desrespeite o Estado laico demonstra a compreensão de que o PT e sua militância apoiam a liberdade de culto praticada por outras pessoas”, frisa a fundação.
Israel, aborto e Teoria da Criação
O PT aponta que não se deve rejeitar a possibilidade de compreender o mundo a partir de interpretações bíblicas. “Algumas visões de mundo que são majoritárias entre evangélicos decorrem de textos bíblicos ou de interpretações culturalmente consolidadas sobre os mesmos”, diz a cartilha.
“É o caso da defesa da existência do Estado de Israel, da condenação ao aborto, da Teoria da Criação, entre outros temas, cujas interpretações dentro do campo evangélico são vastamente diversas”.
No caso das compreensões obtidas pela leitura da Bíblia, a fundação defende que “a forma mais interessante de dialogar” é utilizando outros textos bíblicos.
“Lembrar que o PT criou a Lei de Liberdade Religiosa”
A fundação do PT reforça que os evangélicos “participaram de vários momentos marcantes do país, inclusive da fundação do Partido dos Trabalhadores, que atualmente possui um núcleo evangélico atuante na maioria dos estados do país”.
A entidade pede que candidatos e militantes defendam a verdade, valorizem a família, a fé e a liberdade religiosa ao tratar com integrantes do segmento. “É importante lembrar que o PT criou a Lei de Liberdade Religiosa”, diz o texto ao se referir a lei sancionada em 2003, durante o primeiro mandato de Lula.
A cartilha também cita que o Dia Nacional do Evangélico, o Dia Nacional da Marcha para Jesus e o Dia Nacional da proclamação do Evangelho foram criados em governos petistas.
A Fundação Perseu Abramo afirma que “grupos conservadores têm usado a ideia de perseguição à fé cristã como isca aglutinadora dos evangélicos”. Por isso, de acordo com o material, “é essencial” reforçar a liberdade religiosa para “evitar aglutinar os conservadores junto aos fundamentalistas”.
Os candidatos do PT também são orientados a defender os direitos humanos. “O próprio Jesus dá uma série de exemplos de como tratar com humanidade e dignidade as pessoas que são diferentes dele”, enfatiza o texto.
Segundo a fundação, esse ponto está alinhado às propostas do PT. “É interessante ressaltar os direitos humanos como um elo em comum com os evangélicos”, diz a cartilha ao frisar a necessidade de dialogar com o grupo sobre direito ao sustento digno, à saúde, à vida, à segurança, liberdade de opinião, entre outros.
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