O Partido dos Trabalhadores aprovou, na tarde desta segunda (16), uma resolução condenando a guerra entre o Hamas e Israel, mas sem classificar o grupo como terrorista – embora petistas como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e alguns ministros tenham designado assim os ataques contra israelenses na semana passada.
Na resolução aprovada após 10 dias de conflito (veja na íntegra), o PT expressa apoio à “luta do povo palestino por soberania nacional” e à criação de dois Estados independentes, Palestina e Israel, em conformidade com as resoluções da ONU que garantem o direito à autodeterminação e desenvolvimento.
O PT confirmou que mantém relações partidárias exclusivamente com a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e a Autoridade Nacional Palestina.
A resolução condenou atos de violência contra civis, independentemente da origem, denunciando o que classifica como um “genocídio” em curso na Faixa de Gaza. No entanto, o partido atribuiu o conflito ao Hamas e a Israel, incluindo “crimes de guerra”.
“Condenamos os assassinatos e sequestro de civis, cometidos tanto pelo Hamas quanto pelo Estado de Israel, que realizam, neste exato momento, um genocídio contra a população de Gaza, por meio de um conjunto de crimes de guerra”, disse o partido na nota.
O partido também elogiou os “esforços” do governo brasileiro para repatriar brasileiros da região e facilitar o acesso à ajuda humanitária. Desde o início dos conflitos, a operação Voltando em Paz já resgatou 916 brasileiros na primeira fase, e um sétimo voo decola ainda nesta segunda (16).
Ainda na resolução, o PT manifestou apoio à atuação do Brasil no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) em busca de um cessar-fogo e do cumprimento das resoluções da ONU. A diplomacia brasileira, no entanto, não conseguiu chegar a um consenso nas duas primeiras reuniões do colegiado – uma terceira está programada para esta noite.
A resolução enfatizou, ainda, a necessidade de evitar uma escalada do conflito e promover a paz global. Por fim, o PT convocou a militância a se envolver em atividades em defesa da paz, da solução de dois Estados e dos direitos do povo palestino à paz e à soberania nacional.
Desde o início do conflito, Lula e partidários vêm sendo cobrados para classificarem o Hamas expressamente como um grupo terrorista por conta das ações contra a população civil de Israel, como mortes e sequestros. O governo, no entanto, afirma que só mudará a designação após a ONU aprovar uma resolução que assim determine.
O conflito entre Hamas e Israel já fez cerca de 4,2 mil vítimas desde o último dia 7, quando o grupo terrorista empreendeu um amplo e violento ataque contra alvos civis. Em resposta, o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, declarou guerra com um forte contra-ataque ao território palestino.
Entre as vítimas fatais estão três brasileiros que estavam em um festival de música eletrônica, que foi um dos primeiros alvos dos ataques do grupo terrorista. De lá para cá, 2,7 mil cidadãos pediram ajuda ao governo para retornar ao Brasil, sendo que 916 já foram repatriados na primeira fase da operação de resgate, que terminou neste domingo (15).
Há, ainda, cerca de 30 brasileiros e parentes próximos que aguardam resgate em Gaza pela fronteira com o Egito. A saída, no entanto, está impedida por conta dos bombardeios de Israel na região. O governo egípcio aguarda um cessar-fogo para permitir a abertura da fronteira através da cidade de Rafah, no Sul do território palestino.
Os ataques feitos pelo Hamas são os piores sofridos por Israel em 50 anos. O grupo é considerado terrorista pelos Estados Unidos e parte dos países que formam a União Europeia.
A facção controla a Faixa de Gaza desde 2007, pregando a destruição de Israel por “ataques crescentes” contra os palestinos na Cisjordânia. Neste final de semana, o governo israelense afirmou que o grupo terrorista manter cerca de 200 pessoas reféns.
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