Depois de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se colocar "à disposição" para enfrentar o governo Bolsonaro, o PT vai lançar nos próximos dias um "programa de reconstrução nacional". A intenção é recolocar o PT no papel de liderança da oposição a Jair Bolsonaro e deixar o nome de Lula novamente em evidência para ele disputar a Presidência em 2022 – o partido aposta que o ex-presidente vai conseguir recuperar no Supremo Tribunal Federal (STF) o direito de disputar eleições.
A próxima etapa, afirmam lideranças petistas, é aproveitar o horário de TV dos candidatos do PT às eleições municipais de novembro como espaço para Lula amplificar suas críticas ao governo federal. Por ordem do ex-presidente, o PT terá um número recorde de candidatos nas cidades com segundo turno – 85 em um total de 95 municípios.
Segundo nota do PT, o programa de reconstrução nacional, "diverge frontalmente dos caminhos trilhados pelo governo Bolsonaro em temas relacionados à economia e à democracia, além de sugerir políticas públicas em áreas que vão de meio ambiente, saúde, educação e cultura". O programa foi elaborado pela Fundação Perseu Abramo sob a coordenação do ex-ministro Aloizio Mercadante.
PT inclui propostas de outros partidos para "reagrupar" a esquerda
Embora tenha a assinatura do PT, o partido afirma que o programa contempla sugestões de outras siglas de oposição, como PDT, Psol Rede, PSB e PCdoB – indicando que os petistas pretendem voltar a liderar a esquerda no país e ter o apoio de partidos desse espectro ideológico em 2022. Desde 2018, várias siglas de esquerda que orbitavam no entorno do PT passaram a agir de forma mais independente.
A presidente do nacional do PT, Gleisi Hoffmann, afirma que o texto do programa será apresentado para debate com as demais forças de oposição. "O plano é a contribuição que o PT vai dar para o debate da esquerda e oposição ao Bolsonaro para essa reconstrução", afirma ela.
Gleisi nega que o objetivo tanto do programa quanto do pronunciamento de Lula no último dia 7, quando ele se apresentou como solução para o país, seja eleitoral. "Não é um programa de governo", afirma a petista.
Mas o ex-presidente já está gravando vídeos para os candidatos petistas. Ele pretende falar das cidades, mas levando o assunto para a esfera federal, lembrando realizações dos governos petistas e fazendo críticas a Bolsonaro. "Ele não vai se furtar de fazer críticas, denúncias. Quando se colocou à disposição do povo brasileiro foi também para isso", afirma Gleisi.
Pronunciamento de Lula foi "lançamento" de candidatura
No dia 7 de Setembro, Lula fez um pronunciamento em suas redes sociais no qual faz duras críticas à forma como Bolsonaro vem conduzindo o país no enfrentamento à pandemia de coronavírus e na política econômica. Ao final, o ex-presidente se colocou "à disposição do povo brasileiro" para enfrentar a situação.
A frase foi interpretada como sinal de que Lula quer mais uma vez ser candidato à Presidência em 2022, se for liberado pela Justiça. Em 2018, o ex-presidente foi enquadrado na Lei da Ficha Limpa por ter sido condenado em dois processos da Lava Jato por corte de segunda instância – o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, (TRF-4).
Petistas apostam no cancelamento desses julgamentos. Isso porque tramita na Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) ação de Lula que pede a suspeição do ex-juiz Sergio Moro nos julgamentos do petista. Se Moro for declarado suspeito, seriam anuladas as condenações de Moro e eventualmente até mesmo etapas do processo. Com isso, as condenações em segunda instância também perderiam a validade e Lula poderia voltar a disputar eleições.
Até agora, dois integrantes da Segunda Turma do STF votaram contra a suspeição (Edson Fachin e Cármen Lúcia) e dois indicaram que vão votar a favor (Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski). O voto de desempate será do ministro Celso de Mello, que deve se manifestar antes de se aposentar, em novembro. Nesta semana petistas reativaram a campanha Lula Livre, agora com o slogan "anula STF", numa tentativa de pressionar o tribunal.
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