PT quer reeleição de Lula em 2026 e apoio do PL em 2024; Costa Neto reage com desfiliação

A direção nacional do PT divulgou nesta quarta (30) as resoluções do partido para as eleições municipais de 2024 e a preparação para a sucessão presidencial de 2026, em que defende a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Esta é a primeira vez que a legenda expressa a intenção de reconduzi-lo ao cargo para um quarto mandato.

Em um longo documento com 37 itens, a legenda lista como deve ser a mobilização de partidários e apoiadores para a disputa às prefeituras no ano que vem, que devem ser o caminho para construir a articulação para a próxima eleição presidencial. O partido deixa em aberto a possibilidade de alianças com partidos de fora da “frente ampla” que elegeu Lula no ano passado.

“As eleições municipais de 2024 demarcam um momento estratégico para a construção de uma sólida aliança popular e democrática que promova a recondução do Governo Lula em 2026”, diz o partido já na primeira resolução.

O partido volta a citar a recondução do petista na presidência logo depois, afirmando que “o PT, nesse terceiro governo Lula, prepara as bases não apenas para um quarto governo Lula, cuja eleição de 2024 é um momento essencial, mas deve buscar consolidar um amplo bloco de alianças na sociedade”.

Em outra, expressa que os diretórios estaduais e municipais do PT estão liberados a fecharem alianças para as eleições municipais do ano que vem com “partidos que compõem ou que expressam alinhamento ao governo do presidente Lula”. No entanto, veda o apoio a “candidatos e candidatas identificados com o projeto bolsonarista”.

Esta resolução, em especial, atinge partidos que apoiaram a reeleição de Jair Bolsonaro (PL) em 2022 e que podem desembarcar na Esplanada dos Ministérios ainda neste segundo semestre, como o Republicanos do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. A legenda já fechou a entrada de Silvio Costa Filho (Republicano-PE) no governo em troca de votos no Congresso.

E também o próprio PL do ex-presidente, que estaria conversando com o governo como já afirmou o ministro Alexandre Padilha, das Relações Institucionais. O secretário de comunicação do PT, Jilmar Tatto, confirmou que candidatos do partido podem fazer alianças nos estados.

“Se o candidato a prefeito declarar que estará conosco em 2026, mesmo estando no PL, é permitido”, disse em entrevista ao jornal Folha de São Paulo publicada nesta quinta (31).

PL reage a filiados que entrarem no governo

Por outro lado, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto reagiu à possibilidade de filiados do partido entrarem na base governista de Lula desde já e adiantou que Bolsonaro pode ser “candidato em 2026”. No entanto, tudo vai depender de como ficar a disputa à prefeitura de São Paulo no ano que vem.

“Nosso pessoal não vai participar do governo. Se tiver o nome desses parlamentares, me digam para eu tomar uma providência, porque o partido não vai aceitar isso. O deputado que quiser participar do governo Lula vai ter que deixar o partido”, disse em entrevista à CNN Brasil na quarta (30).

Costa Neto também disse que o partido vai apoiar a candidatura de Ricardo Nunes (MDB) na reeleição à prefeitura de São Paulo, e Bolsonaro está bastante envolvido na disputa.

“Depois de Bolsonaro eleger o governador de São Paulo [Tarcísio de Freitas] e o senador de São Paulo [Marcos Pontes], deixamos para ele resolver São Paulo. O PL deve indicar o vice do Nunes, e quem vai escolher é o Bolsonaro”, completou.

O mandatário do partido ainda afirmou que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro “nunca foi um plano B. Ela fala que não quer ter mandato, sempre falou. E Bolsonaro não deseja isso para ela”.

“Bolsonaro já comentou uma vez que talvez ela fosse candidata ao Senado, mas não a um cargo no Executivo”, finalizou.