Lindberg: campanha do ex-senador ao governo do Rio deixou calote milionário equacionado apenas em 2019.| Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
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A prestação de contas da executiva nacional do PT apresentada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aponta que o partido assumiu, durante o ano passado, um calote no valor de R$ 6,7 milhões dado pela campanha do ex-senador Lindberg Farias (RJ) para o governo do Rio de Janeiro em 2014. Naquele ano, Lindberg ficou apenas em 4.º lugar na briga pelo Poder Executivo fluminense.

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Pelo acordo judicial, firmado na 31.ª Vara Cível do Rio de Janeiro, o partido se comprometeu a quitar a dívida com uma empresa de comunicação, a VG Marketing Eleitoral Ltda, com uma entrada de R$ 300 mil – dividida em seis parcelas – e o restante do passivo em outras 74 prestações de R$ 87,5 mil cada. Ainda segundo o acordo judicial, a partir do segundo ano desse parcelamento, as prestações serão corrigidas com base no rendimento da poupança.

Em nota, a executiva nacional do PT afirmou que "presta contas regularmente à Justiça Eleitoral sobre todas as despesas realizadas com recursos do Fundo Partidário, do chamado Fundo Eleitoral e inclusive com recursos próprios, conforme a lei. Nenhuma irregularidade, muito menos ilegalidade, jamais foi apontada pela Justiça Eleitoral em relação aos parcelamentos decorrentes de campanhas eleitorais feitos pelo partido".

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Em 2014, quando disputou o governo do estado do Rio de Janeiro, Lindberg encerrou a campanha daquele ano com uma dívida de R$ 12 milhões. Na época, ele arrecadou R$ 7,3 milhões, mas gastou em torno de R$ 19,3 milhões. Detalhe:  aproximadamente 20% do arrecadado por Lindberg (ou R$ 1,4 milhão) foi repassado pela campanha de reeleição da ex-presidente Dilma Rousseff.

O então senador terminou eleição de 2014 apenas na quarta colocação, com 800 mil votos – 86 mil votos à mais que o quinto colocado, o hoje vereador Tarcísio Motta (Psol). Motta gastou modestos R$ 65 mil em 2014 e obteve uma arrecadação de R$ 67 mil para a sua campanha.

O acordo judicial de quitação de dívida assumido pela executiva nacional do PT pôs fim a um processo impetrado pela VG Marketing Eleitoral em 2015 – empresa especializada em consultoria política e publicidade. A companhia cobrava um passivo que, em sua visão, chegou a R$ 10,5 milhões em julho de 2019. No acordo, o PT reconheceu o valor da dívida, com abatimento de R$ 3,7 milhões e saldo parcelado.

Ainda pelo trato entre o PT e a empresa, “os pagamentos acima mencionados deverão ser feitos mediante o repasse da parcela do Fundo Partidário mensalmente cabível ao Diretório Estadual, repasse esse que deverá ser realizado diretamente pelo Diretório Nacional”. Outra condicionante no ajuste judicial é que, se “por qualquer razão, o Diretório Nacional não realizar o pagamento, o Diretório Estadual (do PT) efetuará o pagamento nos termos acima ajustados”.

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Assunção de dívidas é vista com ressaltas pelo TSE

Pelas regras do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), um partido pode assumir dívidas de campanha de um candidato e quitá-las com verbas do Fundo Partidário. Isso, porém, não é obrigatório e depende da anuência de outros integrantes do partido.

Em consulta apresentada pelo Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), o ministro Edson Fachin, afirmou em junho deste ano que a assunção de dívidas é um ato cuja “corresponsabilidade entre partidos e candidatos pelos passivos de campanha é excepcional e depende de uma especial manifestação de vontade”. Para Fachin, sem uma manifestação oficial ao menos da executiva nacional, vale o que determina o artigo 35 da Resolução 23.607/2019 do Tribunal Superior Eleitoral segundo o qual “o pagamento dos gastos eleitorais contraídos pelos candidatos será de sua responsabilidade, cabendo aos partidos políticos responder apenas pelos gastos que realizarem”.

Dentro do TSE, porém, a assunção de dívidas de determinados candidatos ainda é vista como reserva por ministros, embora oficialmente não seja considerada ilegal. O grande questionamento feito internamente é que as siglas vêm aproveitando-se desse tipo de expediente para ampliar gastos dos candidatos e fugir das regras relacionadas à prestação de contas.

No caso da campanha de Lindberg, o passivo de meses de campanha foi diluído em uma dívida de 6 anos e meio. Além disso, uma outra crítica à regra atual é que ela infringe princípios como o da impessoalidade, já que determinados eleitos pelo partido recebem essa verba pós-eleitoral em detrimento de outros candidatos, que foram subfinanciados.

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PT ratifica apoio ao financiamento público de campanhas

Em nota, o partido declarou que "desconhece qualquer voto ou manifestação pública, oficial ou mesmo informal, de autoridades da Justiça Eleitoral contestando a legitimidade dos parcelamentos de despesas de campanha previstos na lei e nas resoluções da Justiça Eleitoral".

Além disso, a agremiação destaca que "defende o financiamento público partidário e eleitoral como conquistas democráticas, no sentido de reduzir a influência do poder econômico no processo político e eleitoral".

"As sistemáticas tentativas de desqualificar e até criminalizar esta conquista, bem como a utilização legal de tais recursos pelo PT, correspondem à visão autoritária dos que desejam privatizar a política sob controle de interesses econômicos escusos", diz o partido por meio de nota oficial.

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