Nesta quinta-feira (1), ao falar sobre as acusações de manter uma “Abin paralela” em seu governo, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que “quando a esquerda acusa alguém de alguma coisa é porque ela (a esquerda) é quem está fazendo essa coisa”. A declaração foi dada durante entrevista concedida ao programa Sem Filtro, da revista Oeste.
Para explicar a afirmação, Bolsonaro recorreu ao livro biográfico: Uma ovelha negra no poder - Confissões e intimidades de Pepe Mujica. Lançado em 2015, o livro traz confidencialidades do ex-presidente do Uruguai sobre o uso das inteligências venezuelana, cubana e brasileira pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Bolsonaro citou um episódio narrado no livro em que Dilma e um assessor de Mujica teriam se reunido secretamente, em 2012, e a petista teria buscado o apoio do então presidente do Uruguai para afastar o Paraguai do Mercosul e integrar a Venezuela ao bloco.
Mujica era contra o afastamento do Paraguai e Dilma estaria orquestrando uma represália contra aquele país por conta do impeachment do ex-presidente Fernando Lugo, amigo da petista e integrante do Foro de São Paulo.
Segundo relatado por Mujica no livro, seu assessor viajou do Uruguai para o Brasil em uma aeronave da Força Aérea brasileira a mando da presidente Dilma.
“Como Mujica seria convencido a afastar o Paraguai? Dilma entregou para esse assessor uma coletânea de materiais. Tinha ali fotografias, vídeos, captações telefônicas, material de arapongagem. E, onde fica o mais importante disso tudo? Esse material foi conseguido pelas inteligências cubana e venezuelana [...] Então, o fato grave: Dilma Rousseff se valia de cubanos, venezuelanos e da própria Abin para ter os seus relatórios e atingir os seus objetivos. É um crime o que aconteceu na época”, disse Bolsonaro ao citar trechos do livro.
“Começamos a falar de Abin naquele momento, em 2012, e chegamos a este momento em que somos acusados de ter uma ‘Abin paralela’”, concluiu o ex-presidente.
Ao falar sobre a cobertura de parte da imprensa sobre o caso, Bolsonaro citou as fake news divulgadas pela GloboNews sobre a busca e apreensão deflagrada contra o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) no início da semana. O ex-presidente disse que ainda aguarda um convite para ser entrevistado ao vivo pela emissora.
Bolsonaro também relacionou a operação ao sucesso da “superlive” transmitida ao lado dos filhos na noite anterior à operação.
“Eles (a PF) trabalharam a noite toda para a busca e apreensão no dia seguinte. Não foi em cima do Carlos, vieram fazer uma pesca probatória totalmente atabalhoada”, disse o ex-presidente.
A tese da PF é de que o vereador teria envolvimento com um suposto esquema de monitoramento ilegal de autoridades montado dentro da Abin, quando a Agência era chefiada pelo atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que também foi alvo de busca a apreensão dias antes.
Por fim, Bolsonaro citou o “aparelhamento” da PF e da Abin por parte do governo do presidente Lula (PT).
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