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O estado do Amazonas teve em setembro deste ano o segundo pior mês de queimadas desde que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) começou o monitoramento, em 1998. Foram 6,9 mil focos de incêndio nesta porção da floresta amazônica, abaixo apenas de setembro do ano passado, quando foram registrados 8,5 mil.
Os dados públicos são do Programa Queimadas (veja aqui) e apontam que a quantidade de focos de incêndio vêm aumentando no estado desde o mês de abril, quando foram registadas apenas 20 ocorrências.
De junho para julho, as queimadas deram um salto no Amazonas, passando de 213 para 1,9 mil focos. Já em agosto, foram 5,4 mil ocorrências registradas.
De janeiro a setembro, o estado teve 14,8 mil focos de incêndio, número maior do que a média histórica registrada no período, de 9,6 mil.
Já o bioma amazônico como um todo teve, ao longo do mês, 26,4 mil focos de incêndio. O número é pouco abaixo da média histórica para setembro, de 32,4 mil. No acumulado do ano, o bioma registra 57,9 mil focos de incêndio.
O estado do Amazonas tem vivido um período severo de seca, com 19 municípios em situação de emergência pela falta de chuva e queda na vazão dos rios.
O governo amazonense decretou situação de emergência, na última sexta (29), em decorrência da seca severa que afeta 55 municípios da região. O decreto tem validade de 180 dias, com possibilidade de prorrogação, e foi acompanhado pela criação de um gabinete de crise pelo governador Wilson Lima.
A seca está causando impactos significativos na economia, devido à baixa nos níveis dos rios, que estão próximos dos menores índices já registrados. As hidrovias desempenham um papel crucial no transporte de insumos para a Zona Franca e na saída de produtos acabados.
Além disso, foi instituído um Comitê Intersetorial de Enfrentamento à Situação de Emergência Ambiental, que será liderado pelo governador e secretariado pelo secretário executivo de Defesa Civil. Esse comitê monitorará e coordenará as ações do governo para fornecer ajuda humanitária às famílias afetadas.
De acordo com a Defesa Civil do Amazonas, 19 municípios estão em situação de emergência, afetando 174,7 mil pessoas, enquanto 36 cidades estão em alerta e cinco em atenção. A previsão é que mais de 50 municípios e 500 mil pessoas sejam afetados devido à influência do fenômeno El Niño.
A situação tem impactado o transporte hidroviário, com 90% das embarcações operando com restrições, o que afeta a capacidade de transporte de cargas e passageiros. Dos 62 municípios do estado, 59 dependem desse tipo de transporte.
O governo anunciou medidas de apoio às famílias afetadas, incluindo assistência na saúde, abastecimento de água, distribuição de cestas básicas e apoio aos produtores rurais, com um investimento estimado de R$ 100 milhões em ações de resposta à situação de emergência.