Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Do Centrão para a Esplanada

Quem é João Roma, o novo ministro de Bolsonaro que foi pupilo de ACM Neto

João Roma, novo ministro da Cidadania
Novo ministro da Cidadania, João Roma costuma acompanhar visitas do presidente Jair Bolsonaro em obras no Nordeste, como na Ferrovia de Integração Oeste-Leste, em Barreiras (BA), em setembro de 2020. (Foto: João Roma/Flickr)

Ouça este conteúdo

O deputado federal João Roma (Republicanos-BA), de 48 anos, é o novo ministro da Cidadania do governo Jair Bolsonaro. O parlamentar assume a vaga deixada por Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que foi deslocado para a Secretaria Geral da Presidência, numa primeira fase da reforma ministerial acordada com aliados. A nomeação foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União nesta sexta-feira (12).

Deputado de primeiro mandato, João Roma é católico, embora o partido dele seja um dos mais fortes na bancada evangélica. É formado em Direito, nascido em Recife (PE), casado e pai de dois filhos.

É ainda neto do ex-deputado federal por três mandatos João Roma (PE), de quem herdou o nome. Nos anos 1960, o avô foi filiado ao PSD e à Arena, partido de sustentação do regime militar — ele deixaria a secretaria-geral da Arena em 1968, em discordância com o Ato Institucional Número 5 (AI-5).

O atual deputado Roma foi filiado ao antigo PFL, no qual militou na juventude. Nos anos 1990 e 2000, passou por cargos de confiança nos governos de Pernambuco, Ministério da Administração, Ministério da Cultura e Agência Nacional de Petróleo (ANP).

Ex-chefe de gabinete de ACM Neto

Antes de assumir uma cadeira na Câmara Federal, João Roma foi chefe de gabinete na prefeitura de Salvador, durante a administração de ACM Neto, presidente do Democratas. Em cinco anos no cargo, era considerado um dos homens fortes da gestão do prefeito baiano e teve seu apoio para disputar o primeiro mandato de deputado federal, eleito em 2018.

Por causa da crise no DEM causada pela eleição na Câmara, ACM Neto apelou para que Roma não aceitasse a indicação para ser ministro, mas o deputado ponderou que tinha aspirações pessoais e que sua indicação fazia parte de um acordo partidário do Republicanos com o Palácio do Planalto.

Em uma conversa recente com a cúpula de seu partido, Roma foi aconselhado a “cortar o cordão umbilical” com ACM Neto. A direção do Republicanos estava incomodada e via na tentativa de barrar João Roma uma questão de vaidade do ex-prefeito de Salvador, que veria o “pupilo” assumir um cargo que nunca ele mesmo ocupou e em voo próprio, sem ser pelas suas mãos. Bolsonaro já havia definido a escolha.

O ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, chegou a telefonar ao presidente do Republicanos, Marcos Pereira (SP), para relatar sobre a interferência do presidente do DEM.

Após a confirmação de Roma como ministro da Cidadania, ACM Neto divulgou nota lamentando a aceitação do antigo aliado ao convite do Planalto. "A decisão me surpreende porque desconsidera a relação política e a amizade pessoal que construímos ao longo de toda a vida", disse o presidente do Democratas.

Nomeação de João Roma marca ingresso do Republicanos no governo

O ingresso do Republicanos no primeiro escalão de Bolsonaro é a primeira “entrega” a partidos do bloco do Centrão que apoiaram a eleição de Arthur Lira (Progressistas-AL) como presidente da Câmara dos Deputados. A costura foi realizada por Pereira, presidente nacional do Republicanos, que deixou o grupo do ex-presidente da Casa Rodrigo Maia (DEM-RJ), para aderir à campanha do candidato do Palácio do Planalto.

O acordo para dar mais espaço ao Republicanos, partido conservador, vinha sendo construído numa aproximação desde o ano passado. Dois filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (RJ) e o vereador no Rio Carlos Bolsonaro ingressaram no partido. O partido também indicou, no ano passado, o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), José Samuel de Miranda Melo Júnior.

Fundado com apoio de bispos da Igreja Universal do Reino de Deus, o Republicanos nasceu durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e apoiou os governos Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB). Políticos filiados ao partido foram ministros da Pesca, do Esporte e da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.

João Roma venceu uma espécie de corrida interna no Republicanos, que também avaliava para o Ministério da Cidadania os deputados Márcio Marinho (RJ) e Jhonatan de Jesus (RR). Roma foi escolhido por ter maior experiência em gestão pública e pela capacidade de articulação nos bastidores.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.