O deputado federal João Roma (Republicanos-BA), de 48 anos, é o novo ministro da Cidadania do governo Jair Bolsonaro. O parlamentar assume a vaga deixada por Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que foi deslocado para a Secretaria Geral da Presidência, numa primeira fase da reforma ministerial acordada com aliados. A nomeação foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União nesta sexta-feira (12).
Deputado de primeiro mandato, João Roma é católico, embora o partido dele seja um dos mais fortes na bancada evangélica. É formado em Direito, nascido em Recife (PE), casado e pai de dois filhos.
É ainda neto do ex-deputado federal por três mandatos João Roma (PE), de quem herdou o nome. Nos anos 1960, o avô foi filiado ao PSD e à Arena, partido de sustentação do regime militar — ele deixaria a secretaria-geral da Arena em 1968, em discordância com o Ato Institucional Número 5 (AI-5).
O atual deputado Roma foi filiado ao antigo PFL, no qual militou na juventude. Nos anos 1990 e 2000, passou por cargos de confiança nos governos de Pernambuco, Ministério da Administração, Ministério da Cultura e Agência Nacional de Petróleo (ANP).
Ex-chefe de gabinete de ACM Neto
Antes de assumir uma cadeira na Câmara Federal, João Roma foi chefe de gabinete na prefeitura de Salvador, durante a administração de ACM Neto, presidente do Democratas. Em cinco anos no cargo, era considerado um dos homens fortes da gestão do prefeito baiano e teve seu apoio para disputar o primeiro mandato de deputado federal, eleito em 2018.
Por causa da crise no DEM causada pela eleição na Câmara, ACM Neto apelou para que Roma não aceitasse a indicação para ser ministro, mas o deputado ponderou que tinha aspirações pessoais e que sua indicação fazia parte de um acordo partidário do Republicanos com o Palácio do Planalto.
Em uma conversa recente com a cúpula de seu partido, Roma foi aconselhado a “cortar o cordão umbilical” com ACM Neto. A direção do Republicanos estava incomodada e via na tentativa de barrar João Roma uma questão de vaidade do ex-prefeito de Salvador, que veria o “pupilo” assumir um cargo que nunca ele mesmo ocupou e em voo próprio, sem ser pelas suas mãos. Bolsonaro já havia definido a escolha.
O ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, chegou a telefonar ao presidente do Republicanos, Marcos Pereira (SP), para relatar sobre a interferência do presidente do DEM.
Após a confirmação de Roma como ministro da Cidadania, ACM Neto divulgou nota lamentando a aceitação do antigo aliado ao convite do Planalto. "A decisão me surpreende porque desconsidera a relação política e a amizade pessoal que construímos ao longo de toda a vida", disse o presidente do Democratas.
Nomeação de João Roma marca ingresso do Republicanos no governo
O ingresso do Republicanos no primeiro escalão de Bolsonaro é a primeira “entrega” a partidos do bloco do Centrão que apoiaram a eleição de Arthur Lira (Progressistas-AL) como presidente da Câmara dos Deputados. A costura foi realizada por Pereira, presidente nacional do Republicanos, que deixou o grupo do ex-presidente da Casa Rodrigo Maia (DEM-RJ), para aderir à campanha do candidato do Palácio do Planalto.
O acordo para dar mais espaço ao Republicanos, partido conservador, vinha sendo construído numa aproximação desde o ano passado. Dois filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (RJ) e o vereador no Rio Carlos Bolsonaro ingressaram no partido. O partido também indicou, no ano passado, o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), José Samuel de Miranda Melo Júnior.
Fundado com apoio de bispos da Igreja Universal do Reino de Deus, o Republicanos nasceu durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e apoiou os governos Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB). Políticos filiados ao partido foram ministros da Pesca, do Esporte e da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
João Roma venceu uma espécie de corrida interna no Republicanos, que também avaliava para o Ministério da Cidadania os deputados Márcio Marinho (RJ) e Jhonatan de Jesus (RR). Roma foi escolhido por ter maior experiência em gestão pública e pela capacidade de articulação nos bastidores.
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