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De acordo com o relatório da Polícia Federal (PF) anexado ao inquérito que apura o assassinato da ex-vereadora Marielle Franco, o deputado federal Chiquinho Brazão (União-RJ), e o seu irmão, Domingos Brazão, recebiam informações sobre os passos de Marielle dentro do PSOL através de Laerte Silva de Lima, que estava infiltrado no partido desde o fim do segundo turno das eleições de 2016.
Os irmãos Brazão e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, o delegado Rivaldo Barbosa, foram presos neste domingo (24) acusados de serem os mandantes do assassinato de Marielle.
Ao relatar à PF sobre os constantes encontros com os irmãos Brazão, Ronnie Lessa - apontado como autor dos disparos que mataram Marielle e o motorista Anderson Gomes - conta que em um dos encontros, Domingos Brazão, que é conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, teria indicado “que havia alocado um infiltrado de nome Laerte Silva de Lima nas fileiras do PSOL para levantar informações internas do partido”.
“Segundo Lessa, Domingos lhe relatou, de forma superficial, que Laerte o alertou que Marielle Franco, em algumas reuniões comunitárias, pediu para a população não aderir a novos loteamentos situados em áreas de milícia”, diz um trecho do relatório da PF.
Na mesma reunião, Lessa teria sido informado sobre a exigência do delegado Rivaldo Barbosa para que o assassinato de Marielle não ocorresse na Câmara de Vereadores para evitar que o caso fosse investigado pela Polícia Federal.
O infiltrado citado por Domingos Brazão era tido como “um dos braços armados” da milícia de Rio das Pedras.
Laerte Silva foi preso em 2019 no âmbito da Operação Intocáveis, um desdobramento do inquérito sobre a morte de Marielle e Anderson, assassinados em 14 de março de 2018.
Em 2020, a Polícia Civil descobriu que Laerte e sua esposa, Erileide Barbosa da Rocha, haviam se filiado ao PSOL pouco mais de um ano antes do assassinato de Marielle.
De acordo com as investigações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público (Gaeco-MPRJ) e da Delegacia de Homicídios, Laerte era um dos membros da milícia de Rio das Pedras responsáveis pelo recolhimento das taxas cobradas a moradores e comerciantes.
As investigações também revelaram que Laerte ainda atuava como agiota e sua esposa supostamente o ajudava com a contabilidade.