O deputado federal Ricardo Barros (PP-PR) assumiu a liderança do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (12). A troca acontece no momento em que o Planalto busca fortalecer uma base aliada com os parlamentares do Centrão. Barros substitui o deputado Vitor Hugo (PSL-GO).
O escolhido do presidente Jair Bolsonaro não é estranho ao cargo. Barros já foi líder nos governos Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), além de vice-líder no governo Dilma Rousseff (PT). Foi ainda ministro da Saúde de Michel Temer (MDB). O parlamentar paranaense, que é formado em engenharia civil e já foi prefeito de Maringá, sua cidade natal, cumpre o sexto mandato como deputado.
O fiador do novo líder do governo é Arthur Lira (PP-AL), membro do Centrão mais próximo ao Planalto. A troca também foi facilitada pelo fato de o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, ser um crítico de Vitor Hugo. Barros já era vice-líder de Bolsonaro na Câmara desde novembro de 2019. A expectativa agora é que, sob a liderança dele, a articulação entre o Planalto e os deputados melhore, consolidando a aliança com o Centrão.
Pelo Twitter, o novo líder oficializou o convite e agradeceu a "missão": "Agradeço ao presidente Jair Bolsonaro pela confiança do convite para assumir a liderança do governo na Câmara dos Deputados com a responsabilidade de continuar o bom trabalho do líder Vitor Hugo, de quem certamente terei colaboração. Deus me ilumine nesta missão", escreveu.
Barros foi alvo de cassação de mandato e investigação do MPF
O deputado Ricardo Barros tem uma trajetória política marcada por problemas na Justiça. Em outubro de 2019, ele teve o mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) acusado de comprar votos durante a campanha eleitoral de 2018. A defesa apresentou recurso e, na prática, Barros se manteve no cargo. A decisão foi analisada mais uma vez pela Corte, em janeiro de 2020, e a denúncia apresentada pelo Ministério Público Eleitoral acabou rejeitada.
Antes, em dezembro de 2017, o Ministério Público Federal (MPF) começou uma investigação para apurar a conduta de Barros por improbidade administrativa na compra de medicamentos. Na época, Barros era ministro da Saúde de Temer. O MPF apurou irregularidades em oito processos de compra em que o processo de licitação foi dispensado. Em janeiro de 2019, o órgão denunciou o deputado, a empresa Global Gestão em Saúde e outras quatro pessoas.
As acusações foram de favorecimento de empresas, inobservância da legislação administrativa, de licitações e sanitária, prejuízo ao patrimônio público, descumprimento de centenas de decisões judiciais, além de, pelo menos, 14 pacientes mortos por não receberem as medicações que necessitavam. O valor que deveria ser devolvido aos cofres públicos devido às irregularidades, segundo o MPF, seria de R$ 19,9 milhões.
Sexto mandato como deputado federal
O novo líder do governo foi eleito deputado federal pela primeira vez em 1995. Desde então, são seis mandatos consecutivos na Câmara. No início do governo Bolsonaro, Ricardo Barros foi candidato avulso à presidência da Câmara, numa tentativa de oposição ao DEM, partido do atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (RJ).
No final de 2019, ele propôs uma nova Assembleia Nacional Constituinte para “alterar a presunção de inocência”. A iniciativa surgiu após o Supremo Tribunal Federal (STF) vetar a prisão após condenação em segunda instância. O deputado foi o relator da Lei de Abuso de Autoridade, aprovada pelo Congresso e que foi alvo de protestos de policiais, procuradores e juízes.
Barros é casado com Cida Borguetti, ex-governadora do Paraná, com quem tem três filhas. Uma delas, Maria Victoria Barros, seguiu os passos da família e é deputada estadual no Paraná. O pai de Ricardo Barros, Silvio Magalhães Barros (1927-1979), também foi prefeito de Maringá (PR) e exerceu mandatos como deputado estadual e federal.
Em abril deste ano, meio à pandemia, Barros levou um susto. Ele foi diagnosticado com Covid-19 e precisou ser hospitalizado após apresentar desconforto respiratório e tosse seca. A esposa e a filha deputada também acabaram infectadas pelo novo coronavírus, mas foram tratadas e se recuperaram bem.
Próximos passos após a liderança já são estudados
A expectativa é de que Ricardo Barros, caso tenha sucesso na nova empreitada, seja deslocado para chefiar um ministério. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, ele pode assumir a pasta da Saúde, assim que o ministro interino, general Eduardo Pazuello, deixar o cargo.
Pazuello assumiu interinamente o ministério após a saída de Nelson Teich. A princípio, o general deve deixar o cargo assim que a pandemia termine.
Já Vitor Hugo, líder do governo desde o início do mandato de Bolsonaro, pode assumir o comando do Ministério da Segurança Pública, caso a pasta seja recriada. Atualmente, a Segurança Pública é parte do Ministério da Justiça. O ex-líder usou o Twitter para agradecer ao presidente pelo período em que esteve à frente da articulação política do governo na Câmara e desejou sorte a Ricardo Barros.
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