Além do ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que reuniu centenas de milhares de pessoas na Avenida Paulista, em São Paulo, o domingo (25) também foi marcado pela detenção do jornalista português, Sérgio Tavares, ao desembarcar no Aeroporto de Guarulhos.
Tavares foi interrogado durante quatro horas e teve de responder perguntas sobre os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), vacina e ditadura do judiciário.
De acordo com a PF, o jornalista precisaria de um visto de trabalho para fazer a “cobertura fotográfica de um evento” no Brasil, já que Tavares havia informado ter vindo ao país para cobrir a manifestação do domingo.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, “cidadãos da União Europeia que viajem ao Brasil para exercer atividade jornalística estão isentos de visto para estadas de até 90 dias, desde que a atividade não seja remunerada por fonte brasileira”.
Em seu site, Tavares se apresenta como “ativista, professor e ex-jornalista correspondente da Rádio Renascença em Timor Leste”.
No início deste mês de fevereiro, Tavares entrevistou o ex-presidente Jair Bolsonaro em seu canal no Youtube.
Na ocasião, Bolsonaro disse ser perseguido pelo judiciário e atribuiu ao ministro do STF, Alexandre de Moraes, o comando de uma “ditadura”.
Além de Bolsonaro, Tavares já entrevistou outros políticos brasileiros sempre tratando de temas ligados à liberdade de expressão e perseguição política.
A vinda de Tavares para a cobertura do ato na Paulista, no domingo, não foi a primeira visita do jornalista ao Brasil para cobrir uma manifestação. Em 2022, Tavares esteve em Brasília e em São Paulo para cobrir as manifestações do dia 7 de Setembro.
A cobertura desse tipo de pauta tem sido uma constante no trabalho de Tavares, que já noticiou desde as contradições das medidas restritivas impostas em países durante a pandemia, até a revolta dos agricultores por conta do avanço da agenda ambientalista na Europa.
Tavares também costuma cobrir manifestações contra a ideologia de gênero e temas ligados à Organização Mundial de Saúde.
Recentemente, o jornalista esteve em Davos, na Suíça, para acompanhar as atividades do Fórum Econômico Mundial. Na ocasião, Tavares se referiu ao evento como “encontro anual de criminosos”.
Neste domingo (25), depois de ser liberado pela PF, Tavares se dirigiu ao ato na Paulista e realizou sua cobertura. No local, ao conversar com a colunista da Gazeta do Povo, Cristina Graeml, Tavares disse que sua detenção no aeroporto “foi uma loucura”.
"Qual a justificativa de um cidadão europeu, português que veio aqui para mostrar a democracia ficar por quatro horas sendo questionado sobre Flávio Dino, sobre Alexandre de Moraes, sobre vacinas, sobre a ditadura do Judiciário?", questionou o jornalista.
Segundo Tavares, o episódio demonstra a preocupação das autoridades com que o mundo saiba "o que está a passar neste país". "E garanto que o mundo vai saber. Não vou dizer aqui, mas vou dizer quando chegar lá. Porque lá eu tenho liberdade de expressão," afirmou.
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