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Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro terá a missão de comandar busca por sucessor| Foto: EFE/ Isaac Fontana

Um levantamento realizado com parlamentares do Congresso Nacional mostra que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) é apontado como o principal líder da ala conservadora do país. Mais de metade dos deputados consultados e 30% dos senadores veem em Tarcísio o principal nome para substituir Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2026, diante da impossibilidade do ex-presidente se candidatar após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) torná-lo inelegível.

O levantamento sobre a visão do mundo parlamentar sobre o sucessor de Bolsonaro foi realizado pelo Ranking dos Políticos. Entre parlamentares de direita, centro e esquerda, foram entrevistados 102 deputados federais, representando 21 partidos distintos, e 21 senadores, pertencentes a 13 partidos diferentes. O relatório completo está aqui (em PDF).

Além de Tarcísio, os governadores do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), e de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) aparecem entre os favoritos entre deputados e senadores. Leite foi o mais citado entre parlamentares de esquerda.

A ex-primeira dama Michele Bolsonaro também recebeu destaque e está à frente, inclusive do filho de Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro, na percepção dos membros do Congresso Nacional.

Apesar da possibilidade de ficar de fora das próximas eleições enquanto candidato, o papel de Bolsonaro ainda terá grande relevância. A avaliação é que o ex-presidente deve comandar o processo de escolha do seu sucessor na direita brasileira.

Tarcísio é o nome mais forte entre deputados e senadores 

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas é o nome apontado por 51% dos deputados e 30% dos senadores entrevistados como o que mais teria condições de ser o sucessor da direita. Apesar de ter protagonizado uma briga recente com os deputados do PL, devido ao seu posicionamento favorável à reforma tributária, Tarcísio é avaliado como um sucessor com alta capacidade de liderar a direita por 55% dos deputados de direita entrevistados pelo Ranking dos Políticos.

O diretor-geral do Ranking dos Políticos, Juan Carlos, avalia que o desempenho de Tarcísio se deve também ao fato de governar o estado que detém o maior PIB do país. “Qualquer um que governe São Paulo não pode ser desprezado em uma eleição presidencial. Além disso, Tarcísio ganhou notoriedade de realizador no governo de Jair Bolsonaro. Suas entregas como Ministro da Infraestrutura o catapultaram com a imagem de um grande gestor”, pontuou Juan Carlos.

O alcance de Tarcísio só não é maior devido ao fato dele não assumir um posicionamento ideológico maior. Apoiadores mais conservadores dizem que ele precisa ser mais firme e alinhado às pautas bolsonaristas, principalmente nos assuntos dos costumes, como defesa de vida e ideologia de gênero. Sem esse posicionamento, o governador de São Paulo pode ser prejudicado e o apoio de Bolsonaro pode ficar com quem for mais comprometido com o conservadorismo.

Governador do Rio Grande do Sul é mais citado entre parlamentares de esquerda

O levantamento do Ranking dos Políticos mostra que o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), é o número dois na lista de potenciais candidatos para suceder Jair Bolsonaro na liderança da oposição. Essa percepção é compartilhada tanto na Câmara dos Deputados (13,7%) quanto no Senado (25%).

Embora apareça com força no resultado total da pesquisa, o nome de Leite não é um dos mais citados entre os parlamentares da direita como uma liderança forte. O nome dele é apreciado principalmente pela esquerda.

No entanto, observando a sua avaliação entre os grupos políticos, a capacidade de Eduardo Leite é apontada como baixa/remota por 82% dos deputados de direita e 60% dos senadores de direita. Já entre os deputados de esquerda, 44 % consideram Leite com capacidade alta/provável. No Senado, 60% dos entrevistados acham que Eduardo Leite tem alta capacidade de suceder Bolsonaro.

Michelle aparece empatada com Zema, mas habilidades políticas são consideradas baixas 

A ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro (PL), e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), aparecem empatados. Ambos têm 15% de chances de suceder Bolsonaro, na opinião dos senadores. Zema, no entanto, leva maior vantagem na percepção dos deputados, onde 12,7% acreditam que ele tenha mais condições de liderar a direita.

A percepção dos parlamentares sobre a capacidade de Zema é majoritariamente positiva, com 36,3% na Câmara e 45% no Senado, enquanto a avaliação negativa é de, respectivamente, 24,5% e 15%.

Embora Zema tenha afirmado recentemente que prefere “apoiar do que ser apoiado”, seu nome tem crescido, especialmente nas redes sociais, após o embate de Tarcísio com o PL sobre a reforma tributária. Após o episódio, Zema vem demonstrando apetite por voos mais altos, influenciado também pela impossibilidade de concorrer à reeleição, por estar em seu segundo mandato.

As habilidades políticas de Michelle Bolsonaro são consideradas baixas por 65% dos deputados e 31,6% dos senadores. Na Câmara, a avaliação positiva é de apenas 11,8%, enquanto no Senado é maior, atingindo 21,1%.

A postura política de Michelle passou a ser explorada na campanha presidencial do ano passado, quando ela assumiu papel de protagonismo na conquista de votos do eleitorado evangélico e feminino. Neste ano, apesar do marido não ter sido reeleito, Michelle tem recebido grande atenção por parte do PL. Em eventos pelo Brasil, ela tem sido uma das principais vozes do partido, especialmente ao liderar o PL Mulher.

Jair Bolsonaro deve comandar processo de escolha do candidato da direita 

Com a decisão do TSE, de tornar Bolsonaro inelegível pelos próximos 8 anos, a direita tem buscado fortalecer nomes que possam substituí-lo nas urnas em 2026. Bolsonaro, no entanto, tem evitado declarar quem terá o seu apoio nas próximas eleições presidenciais e disse que “não é justo alguém já querer dividir o meu espólio”. “Eu estou na UTI, eu não morri ainda”, disse o ex-presidente em entrevista à Jovem Pan após a decisão do TSE.

Apesar disso, o ex-presidente tem citado nomes como lideranças positivas, a exemplo dos governadores Tarcísio de Freitas, destacando-o como líder do maior estado brasileiro, e Romeu Zema.

Outros nomes ainda podem surgir para comandar a direita 

Na avaliação diretor-geral do Ranking dos Políticos, Juan Carlos, dois nomes importantes para a disputa presidencial de 2026 ficaram de fora: Ratinho Júnior (PSD), governador do Paraná e Ronaldo Caiado (União), governador de Goiás. Ambos foram reeleitos no primeiro turno nas eleições de 2022 e têm ligação com Bolsonaro.

Ratinho Júnior declarou apoio à reeleição do ex-presidente nas eleições de 2022 e, além disso, tem boa avaliação de seu mandato entre os paranaenses. Pesquisa recente, do Instituo Paraná Pesquisas apontam que Ratinho Júnior é o governador mais bem avaliado do país, com 80% aprovação.

O governador Ronaldo Caiado se reuniu com Bolsonaro na última sexta-feira (14). Na oportunidade, o ex-presidente parabenizou Caiado pela gestão da segurança pública e por manter escolas militares em Goiás, mesmo após a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de encerrar o Programa de Escolas Cívico Militares (PECIM). O governador de Goiás também tem boa avaliação. Levantamento da Paraná Pesquisas, os goianos elegeriam Caiado como presidente se a eleição fosse hoje.

Para Juan Carlos, os dois são nomes fortes em seus estados, mas precisam de mais projeção nacional. “O que falta para eles é se projetarem nacionalmente, caso queiram avançar na disputa. No momento, são nomes bem fortes em seus estados, mas de pouca aderência à nível nacional” disse o diretor-geral do Ranking dos Políticos.

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